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secao 4!

Projeto de intervenção – residência Olivo Gomes – Hotel-Escola

Estela Maris Carneiro Alves

Milton Braga

Este trabalho consiste na elaboração de um projeto de intervenção para a residência Olivo Gomes (1949-1951 | Rino Levi, Burle Marx e Francisco Rebolo | São José dos Campos, São Paulo, Brasil) a fim de valorizar e requalificar o patrimônio arquitetônico, paisagístico e artístico modernos da região estudada.

Essa região tem uma importante participação na história da cidade, tanto econômica como social, abrigando as instalações das antigas Tecelagem Parahyba e a Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo. A tecelagem foi fundada por volta da década de 20, se beneficiando da proximidade com a ferrovia Central do Brasil. Porém com a crise de 29, Olivo Gomes foi convocado para reerguer a empresa. E com um projeto inovador para o Brasil, expandiu a produção para o setor agropecuário e investiu num grande programa social, no sentido de melhorar as relações empresa e funcionário proporcionando moradia, educação, saúde, cultura aos funcionários. Além disso, com a convocação de arquitetos modernos, emprego de novos materiais, novas soluções estruturais, essa região recebeu um grande patrimônio de edificações e paisagístico.

Atualmente esse patrimônio - hoje transformado em um parque - encontra-se semi abandonado e sub-utilizado, com as edificações e usos isolados e desconectados. Desta forma, inicialmente neste trabalho, de forma a reforçar o novo programa para a residência e melhor inserir a área estudada na cidade, foi proposto uma revitalização do parque da cidade Roberto Burle Marx, antiga áreas da Tecelagem Parahyba e da Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo, onde a residência está implantada. Tendo como partido a conexão das edificações e usos, de modo a requalificar o parque e criar complexo cultural, educacional e turístico, além de promover o Hotel-Escola como núcleo do complexo.

O novo uso atribuído a residência é um Hotel-Escola do tipo Senac, empresa semi-privada de atuação social. A escolha e o funcionamento desse programa está diretamente relacionado com duas análises realizadas ao longo do trabalho. Primeiramente, analisou-se a proposta existente desde 2007 de um centro cultural e educacional para o local, onde a Petrobrás financiou um projeto executivo de restauro que não foi executado por falta de verba. Desta maneira, evitou-se explorar um programa social que dependa somente da iniciativa privada. Posteriormente, deteve-se uma especial atenção na experiência do Grande Hotel Senac Campos do Jordão, que administra um programa de hotel-escola que nasceu de um acordo entre a Prefeitura da cidade e o Senac. O acordo consistia na condição que o Senac ficaria com as terras e o patrimônio do antigo hotel-cassino de Campos do Jordão, abandonado por volta de 20 anos, e em troca proporcionaria cursos profissionalizantes gratuitos para a população. Assim, aproveitou-se o grande potencial daquele patrimônio numa troca de interesses do governo com o empresa, o Senac.

Assim, considerou-se a ideia de que o programa seria adequado e proporcionaria a valorização da área como da residência Olivo Gomes, pautados também em algumas características da residência, como sua grande dimensão, mais de 1500 m² e o grande número de quartos, oito no total.

Antes de adentrar as considerações e premissas de projeto é de fundamental importância um estudo e análise da mesma, de forma a melhor compreender seu partido e assim, respeitá-lo no proposta de intervenção. A residência com uma considerável importância para a arquitetura moderna, atuando como um desdobramento do Movimento Moderno no Brasil, no sentido de trabalhar o conceito da arquitetura como arte global, arte síntese, ou seja, tanto a arquitetura em si, como o paisagismo, a pintura, a escultura, a estrutura, trabalham juntas para a consolidação de um forte partido, buscando a harmonia entre função, técnica e estética.

A partir dessa análise histórica e da escolha do novo programa para a residência, reconhece-se a necessidade da construção de anexos, devido a compelxidade do programa proposto e no sentido de que às vezes é necessário construir mais para pontencializar e valorizar o patrimônio original, além de ser um exercício de projeto de edificações.

A proposta conta com dois anexos de apoio a esse novo programa, com linguagem sóbria, neutra, sem interferir na leitura da residência, do paisagismo, interligando-se a residência a partir de passeios subterrâneos. Além disso, essa solução de um envoltória – uma pele verde – cria a ideia de uma extensão do parque, da vegetação, uma solução leve que conversa com os acabamentos e elementos vazados da residência e obra de Rino Levi. A intenção não era a de criar um novo edifício, mas de um bloco, um monolíto, um elemento inusitado no passeio do parque que não compete, em importância, com a residência.

O projeto de restauro e interferência da residência em si, procura manter a organização original da residência, interferir o mínimo e de maneira reversível e distinguível, as condições básicas das teorias de restauro. Além de manter e evidenciar para os visitantes e hóspedes todas as características essenciais do partido.

Finalmente, o projeto propõe percursos interessantes e inusitados tanto para os usuários do parque como para os hóspedes, pelos passeios subterrâneos, pelos caminhos existentes, pela rampa de acesso à piscina e circulações em geral. Evidencia-se que a residência de Rino Levi tem uma grande relação com a paisagem, com um partido de apoderar-se de uma pequena elevação do terreno e ali se debruçar na paisagem, formando grande planos e enquadramentos da paisagem, enquanto que nos anexos tem um outra relação com a paisagem, também importante, porém diferenciada, através dessa tela verde, desse elemento vazado e das variadas e inusitadas aberturas que acontecem nessa membrana.

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