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secao 4!

O CIDADÃO E O RIO -

A Reintegração do Rio Pinheiros à Cidade de São Paulo

Felipe Passos Rosas Gomiero

Helena Ayoub

A escolha da área que compreende o Parque Villa Lobos, as avenidas marginais e parte do bairro Jaguaré próximo ao rio foi feita por uma somatória de fatores. O primeiro e mais elementar foi a proximidade diária com ele já que o trajeto entre minha residência e a faculdade me propiciou contato constante durante 7 anos.

O enorme potencial presente na área que conta com um parque municipal de grandes dimensões, a proximidade com serviços de transporte de grande capacidade (CPTM), a prevista implantação de uma linha de metrô seguindo o eixo da Avenida Jaguaré, a proximidade com a Universidade de São Paulo e por fim a profunda debilidade do sistema de transposição do Rio Pinheiros neste região (realidade encontrada em toda sua extensão) foram fatores que me intrigaram e incentivaram uma reflexão desde o meu segundo ano como estudante da FAU.

Numa análise mais próxima, nota-se a fragilidade da passagem dos cidadãos e dos serviços pela barreira urbana em que os rios se tornaram, o que nessa área em específico se torna mais gritante pela quantidade de elementos que poderiam ser unidos utilizando o Rio como estruturador e não como obstáculo.

O que falta a São Paulo são rios limpos? Ou interesse dos seus cidadãos na saúde e nos benefícios dos nossos recursos hídricos? Como aproximá-los de maneira a causar admiração de um pelo outro? E finalmente como transformar os rios paulistas na ferramenta de desaceleração da Metrópole?

O projeto tem como objetivo principal aproximar os cidadãos e, por conseguinte a cidade, dos leitos hídricos de São Paulo - como consequência resultam numa valorização dos espaços públicos, suas transposições e lugares de estar.

Analisando as dimensões do Parque Villa Lobos e da Cidade Universitária é impossível realizar o desenho desta área sem definir como partido principal a união de duas grandes áreas verdes por sobre a água e a partir daí propor níveis de aproximação. O nível mais distante e de velocidade mais alta foi denominado “cota de transposição” e o mais próximo e mais lento denominado “cota de estar”. Auxiliaram as minhas intenções a variação de cota de aproximadamente 8 metros entre o parque e o leito do Rio possibilitando e definindo assim a “cota da transposição” como um plano único que deveria se desenrolar em ambos lados das margens.

Para criar o mesmo efeito do lado da margem do Bairro do Jaguaré, aonde não existe tal variação de cotas, foi criada um perfil artificial do terreno que de maneira muito sutil sobe a cota das margens do Rio em 6 metros ao longo de 200 metros criando um espaço confortavelmente habitável.

Uma vez solucionados as questões das cotas restava outra questão importante - aumentar a interação entre a cidade e o Rio. A Marginal Pinheiros assim como a linha férrea laterais ao Parque, foram desviadas para seu interior e passou a correr não mais ao lado dele e sim abaixo e foi criado um canal tortuoso afim de criar diferentes cenários no mesmo Rio. Criou-se uma área generosa por onde o parque pode “desaguar” no canal e desenvolver suas atividades relacionadas à água com tranquilidade além de uma Ilha fluvial de caráter único na cidade com programa totalmente público.

Como resultado obtemos três áreas de interesses diferentes, mas com o mesmo contato com a água que as define. Do lado Sul um bairro que sutilmente se levanta ao aproximar-se do rio, ao centro uma ilha cercada de águas esquecidas e ao Norte um parque que por toda sua história renegou a presença das águas vizinhas.

Todas as passagens entre estas três realidades são feitas de maneira quase imperceptível através de 9 planos criados no projeto, em sua maioria destinados apenas a pedestres, uma vez que a região é bem servida de transportes e estes são convidados a “aflorar” diversas vezes por entre os edifícios propostos. Além de servir para o trânsito de pessoas, carente na área, estes planos criam modestos corredores ecológicos que interligam a fauna e flora presente nos dois “polos verdes” que orientaram desde o princípio o projeto.

O acesso a área foi pensado de maneira descentralizada para aumentar o movimento por todas as estruturas, como a distância entre as duas estações existentes da CPTM - Cidade Universitária e Villa Lobos - Jaguaré supera os 3 km, foi criada uma nova parada próximo ao Shopping Villa Lobos além de uma pequena modificação na posição da Estação Villa Lobos - Jaguaré, além disso um pequeno terminal de ônibus proposto auxilia a chegada e partida desde a parte Sul do projeto propiciando um acesso seguro e estruturado às linhas de ônibus que circulam pela Marginal Pinheiros.

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