Este trabalho consiste em uma Proposta de Renovação Urbana para uma área de aprox. 350 mil metros quadrados no Brás, que tem como limites à leste a linha de trens da CPTM, à oeste o canal do Rio Tamanduateí com a avenida do Estado e, ao sul, a rua do Gasômetro.
O objetivo foi uma proposta de Desenho Urbano que questionasse restrições de uso de solo, limites de aproveitamento e taxa de ocupação previstos na legislação e, de certa forma, definições de tombamento, propondo uma cidade utópica em certos aspectos, mas que se propusesse a resolver problemas da grande metrópole e desviasse o provável futuro da região, vítima das intervenções da especulação imobiliária.
Desde o princípio, não era intenção efetuar “costura” da malha urbana e preenchimento dos lotes vazios ou considerados “destruíveis”, mas especular a criação de um bairro completamente novo, com novas formas de apropriação e novos parâmetros urbanísticos. Trata-se de uma reflexão acerca de uma paisagem potencial, tendo em vista que não existem mais grandes glebas vazias no centro da cidade.
Pretendeu-se mostrar de que forma um projeto de Desenho Urbano coerente para uma grande área, ainda que efetuado com grandes demolições, pode garantir qualidade de vida e segurança aos seus moradores e trabalhadores, ao contrário das atuações pontuais do mercado imobiliário que não conseguem reestruturar a região. Toma-se como premissa básica que, de acordo com as atuais condições e regulações, a area se verticalizará pontualmente por ação do mercado imobiliário, eliminando e desprezando qualquer integração do espaço privado com o espaço público.
A proposta objetiva eliminar o grande vazio e o caráter de abandono da região. Pretende-se basicamente (1) aumentar significativamente a quantidade de unidades habitacionais e eliminar os cortiços; (2) eliminar as barreiras físicas urbanas marcantes como a avenida do Estado e a linha de trem; (3) desenvolver os potenciais comerciais da Rua do Gasômetro como um pólo integrado à proposta ; (4) criação de um sistema de espaço livres de pequeno e médio porte, interligados ao Parque Dom Pedro II; (5) melhorar a utilização dos equipamentos e infraestrutura existente, reprojetando o viário, quando possível e necessário; (6) definição de usos aos edifícios tombados a fim de garantir sua permanência na paisagem urbana e também integrá-los a proposta de intervenção. (7) estreitar as relações entre urbanismo e paisagismo, sempre criando espaços de maior qualidade ambiental e com domínio da escala no nível do pedestre, definindo visuais, desenho de piso, arborização, indução de ?uxos, etc.
A efeito de projeto, considera-se (1) a retirada da Zona Cerealista do local, porém com sua realocação a um espaço melhor estruturado, dada sua inserção no município? de São Paulo e o fluxo de veículos que gera. Esta premissa foi baseada nas propostas do projeto Viva o Centro; (2) o enterramentos dos trilhos da CPTM com a proposição de uma via parque que pretende ser um novo elemento de conexão entre os bairros e não apenas suporte do tráfego de passagem. Premissa baseada no projeto de Lei da Operação Urbana Consorciada Lapa-Brás.
As quadras corporativas localizam-se próximas à Av. do Estado e tiveram implantacão definida após análise de suas particularidades e fluxos previstos. Apresentam características de proposta particulares uma a uma, contudo possuem uma linguagem geral única.
As quadras corporativas contam com um desenho de piso integrador com formas orgânicas, facilitando a compreensão dos acessos e eixos visuais. Apesar da sofisticação do desenho, não se pretendeu criar espaços de permanência aos trabalhadores no interior das quadras pois o Parque Central apresenta condições mais adequadas para este fim.
O desenho das quadras residenciais pretende privilegiar o morador, de forma que as visuais criadas, insolação e desenho de piso garantam uma maior qualidade no espaço construído. Estas quadras possuem lojas no térreo, elevando a altura do primeiro pavimento e garantindo assim, a privacidade dos moradores. O desenho do piso pretende criar uma atmosfera diversa do interior da quadra e também dos espaços livres de grande porte, separando as areas verdes, ruas comerciais e corporativas.
A implantação das unidades garante iluminação suficiente para utilização das áreas internas e se diferenciam da implantação original basicamente pelo fato de que o alinhamento de edifícios residências na malha urbana existente criariam muitas sombras e espaços pouco iluminados. O desalinhamento dos edifícios cria uma dinâmica de volumetria porém em algumas partes decidiu-se manter o alinhamento para um melhor controle da escala no nível da rua.
O Parque linear pode ser dividido em três setores, ainda que não existam barreiras físicas efetivas. Na parte mais estreita, próxima às quadras corporativas, os caminhos sinuosos convidam o passeio em meio ao espelho d’água de formato orgânico sob um bosque. Bancos estão dispostos ao longo do caminho, favorecendo a parada da população que ali trabalha, sobretudo nos horários de interação social, como na saída para almoço.
Mais ao centro, quando rodeado por edifícios residenciais, o parque conta com playground, playground com brinquedos de água, espaço lúdico para as crianças e adolescentes. Entre este setor e o primeiro, há um segundo espelho d’água com esculturas, compondo um jardim de esculturas que faz a transição e ao mesmo tempo funciona como um atrativo para esta região do parque.
Próximo e interligado ao Parque Ferrovia, há um setor esportivo do Parque que conta com três quadras poliesportivas. O parque ferrovia possui o edifício do RSJ do antigo Pátio do Pari que foi transformado em Centro Comercial. Neste parque está locada a pista de skate e uma série de meias-quadras para utilização da população.
Área total: 349.279 m2
Área de Parque: 89.683 m2 (25,6%)
Area para construção: 153.581 m2 (43,9%)
Área tombada: 32.232 m2 (9,2%)
Viário: 73.783 (21,12%)
Área construída: 690.333,82 m2
Área ocupada: 66421,02 m2
C.A.: 2.65
T.O.: 25,47