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secao 4!

Painel de azulejos do Largo da Memória

Karen Sayuri Matsuy

Fabiana Lopes de Oliveira

O trabalho realizado tem como objetivo principal desenvolver estudos sobre o painel de azulejos do Largo da Memória, de autoria de Wasth Rodrigues com foco em três aspectos: pesquisa histórica, pesquisa iconográfica e diagnóstico de manifestações patológicas. O objeto estudado é o painel de azulejos situado acima do pórtico deste Largo, importante ponto da cidade, pois nele está situado o primeiro monumento da cidade, um obelisco construído pelo chamado Mestre Vicentinho, em 1814. As feições atuais do Largo são de 1922, quando o arquiteto Victor Dubugras fez uma nova obra em estilo art nouveau para o local, respeitando a posição do obelisco na praça, e inseriu novos elementos como um chafariz (em um tanque também chamado de "vasca"), um pórtico com os azulejos deste estudo, escadarias e bancos circulares chamados também de êxedras. Por estes motivos todos, ele é um patrimônio público tombado em nível municipal e estadual. Na pesquisa histórica foram estudadas as origens do Largo da Memória, desde quando se tratava de barranco com formato triangular e servia como porta de entrada da cidade de São Paulo para os tropeiros que entravam e saíam transportando mercadorias de cidade em cidade. Esses tropeiros foram fundamentais para o dinamismo econômico. Também estudou-se as intervenções no Largo, como a que ocorreu quando da construção do obelisco: o engenheiro Daniel Pedro Müller foi chamado pelo governo composto de três pessoas (um triunvirato) para a realização de obras no local, como um muro de arrimo e um chafariz novo (em formato de casinha acachapada). Das sobras de material de outra obra, o engenheiro solicitou ao Mestre Vicentinho a construção do obelisco, em memória dos feitos realizados por aquele triunvirato. Outras intervenções também foram pesquisadas, como a construção da estação Anhangabaú do Metrô, finalizada em 1983, e também as obras de recuperação do obelisco e do conjunto de azulejaria, como na recuperação de 2005 (realizada pelo Estúdio Sarasá), dentro do Programa Adote uma Obra Artística. Na pesquisa iconográfica, pesquisou-se sobre quem são as personagens retratadas pelo artista Wasth Rodrigues, com a intenção de identificar brevemente o que representavam para a época em que estavam inseridas. Esta pesquisa ainda pode ser aprimorada, haja vista que há muitos aspectos para desenvolver sobre as personagens, a saber: o chafariz, os tropeiros, os animais (cavalos e muares), os escravos e o soldado. Na parte desenvolvida sobre o mapeamento de danos, foi tratado sobre a importância do instrumento de mapa de danos para a preservação dos bens patrimoniais edificados e como podem contribuir para a restauração dos mesmos, e para a documentação acerca destas edificações. Os mapas de danos podem ser feitos com diversos métodos, como levantamentos digitais e manuais, ou combinados. No capítulo específico, é discutido o método utilizado para mapa desenvolvido, que foi escolhido a partir de observações em referências bibliográficas. O objetivo do trabalho presente é a criação de um quadro do estado atual do painel, retratado em uma representação gráfica das manifestações patológicas chamada “mapa de danos”, cuja utilidade é auxiliar a elaboração de projetos de restauração e conservação de patrimônios materiais. Neste trabalho, junto ao mapa de danos foram feitos o estudo histórico e o estudo iconográfico que colocam em evidência a importância do painel para a cidade de São Paulo, contribuindo para a divulgação deste trabalho e a importância do Largo da Memória e de seus azulejos. São mostradas as metodologias e resultados de cada estudo. No início da pesquisa houve dúvidas relativas à origem dos azulejos do painel, pois havia divergências entre as referências bibliográficas consultadas. Os azulejos, segundo duas fontes consultadas, poderiam ter sido produzidos aqui no Brasil; a outra fonte relatava que os azulejos teriam sido produzidos na Inglaterra e então exportados para o Brasil para serem pintados e requeimados na Fábrica Santa Catharina, no bairro da Lapa. Para esclarecer esta dúvida, foram feitos ensaios químicos e físicos para averiguar as propriedades de peças de azulejos emprestadas pelo Museu de Etnografia e Arqueologia da USP e pelo Estúdio Sarasá, porém no decorrer da pesquisa bibliográfica novas fontes foram consultadas e verificou-se que os azulejos foram produzidos na Inglaterra e pintados e requeimados aqui,no Brasil, na Fábrica Santa Catharina, como exposto acima. Esta fábrica, de propriedade de Ranzini, um ceramista italiano, pode não ter sido a primeira a produzir azulejos brasileiros, como relatavam duas fontes bibliográficas, mas foi a primeira a produzir a faiança fina, um tipo de cerâmica utilizado em louças como xícaras, pratos e outros. Esta fábrica atingiu grande desenvolvimento ao final da Primeira Guerra Mundial e com o auge da construção civil. No capítulo final do trabalho são discutidos os principais resultados e as conclusões. O trabalho ainda poderá ser desenvolvido em outras frentes, dando continuidade à pesquisa: a pesquisa histórica e a pesquisa iconográfica podem ser desenvolvidas, e outros ensaios como o de percussão e o de biofilme podem servir a um projeto de intervenção no painel e também no Largo da Memória, que se mostrou um local importantíssimo para a cidade de São Paulo, fazendo jus ao seu título de "praça mais bem projetada da cidade", referindo-se às palavras do professor doutor e historiador Benedito Lima de Toledo. O local deve merecer ações de mauntenção constante, visto que os azulejos de seu painel são todos originais, de 1922. O trabalho de recuperação feito em 2005 mostrou que as ações de preservação são altamente relevantes, pois em comparação com os mapas de danos produzidos pelo Estúdio Sarasá e pela autora do trabalho, puderam ser comparadas as manchas de infiltração em uma área do painel, e o que pôde ser observado foi a regressão das manchas nesta área, depois das intervenções.

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