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secao 4!

Avenida Paulista –

Roteiro de Arquitetura

Marina Nardin Prado

Mônica Junqueira de Camargo

O presente trabalho procura apresentar e despertar o interesse pela arquitetura que se desenvolveu, por mais de um século, na “mais paulista das avenidas”. Avenida que aqui é compreendida como multiplicidade e contraste, pois enxergá-la apenas como centro financeiro é descartar todas as outras vocações que a tornam única no contexto da cidade.

Dentre os motivos pelos quais se escolheu estudar a Avenida Paulista nesse trabalho, destaca-se a sua capacidade de sintetizar um período significativo de transformações sofridas pela cidade de São Paulo, durante o qual observou-se desde a ocupação horizontalizada de áreas que já não eram mais vistas como centrais até a gradativa substituição dessas moradias unifamiliares pela verticalização. A Paulista ainda guarda registros de todas essas etapas, o que nos permite, numa caminhada linear, observar diversos momentos da arquitetura paulistana.

A análise destes edifícios selecionados é realizada neste roteiro de forma sucinta, buscando pontuar algumas questões que possam servir como base para a visitação das obras e que sejam capazes de catalizar o interesse por esses edifícios que, em muitos casos, já fazem parte do cotidiano do observador, mas que passam despercebidos. Assim, este trabalho é um convite para explorar a cidade e apreendê-la de uma outra forma, pois para conhecer a arquitetura é fundamental vivenciá-la.

Considerando a existência de múltiplos usos e de diversos períodos históricos na Avenida, foram selecionados 15 obras, sendo algumas edificações representantes da primeira fase de ocupação da Avenida - as residências unifamiliares, o hospital e o grupo escolar - retratando a presença da arquitetura eclética e visando a valorização desse patrimônio histórico que foi tão ameaçado e destruído no local.

Além disso, foram escolhidas obras de arquitetura moderna e outras mais contemporâneas que revelam as diversas vocações da Paulista na atualidade. Dentre elas, destaca-se a de centro financeiro, concentrando instituições bancárias e sedes de grandes empresas, tais quais as agências dos bancos Safra e Itaú, a sede da FIESP e a do grupo Gazeta, que, abrigando sua antena de rádio, também simboliza a presença desse elemento tão característico do local.

Outra atividade que aparece com destaque no trabalho é a de centro cultural. Além do Masp, principal referência quando se fala em cultura na Av. Paulista, encontramos também a Casa das Rosas, o Instituto Cultural Itaú, o Centro Cultural FIESP, o complexo da Reserva Cultural (localizado no edifício Cásper Líbero) e algumas áreas do Conjunto Nacional.

Embora a ocupação residencial não seja um dos usos predominantes na Avenida Paulista contemporânea, esse tipo de edifício foi abordado diversas vezes neste roteiro devido principalmente à qualidade arquitetônica de seus representantes. Dessa forma foram escolhidas cinco obras com usos residencial e misto: os edifícios Paulicéia, Anchieta, Três Marias, Nações Unidas e Conjunto Nacional.

Os textos de análise destas obras selecionadas foram produzidos e pensados para atingir um público alvo bastante diversificado. Dessa forma, deseja-se que a linguagem utilizada e as informações neles contidas sejam passíveis de serem apreendidas por um leitor leigo interessado em arquitetura mas também úteis ao estudante da área.

O projeto gráfico para o livro desenvolvido neste trabalho foi pensado especificamente para a Avenida Paulista, tendo como inspiração algumas características próprias da região. Dessa forma, foi desenvolvido um livro sanfona que, quando esticado, reflete a linearidade do objeto de estudo, sendo que sua maior dimensão mede 2,41m. Quando dobrado, o guia adquire as dimensões de 12cmx21cm - formato que foi estudado para facilitar seu manuseio durante uma visita e, ao mesmo tempo, garantir a legibilidade das informações nele contidas.

Em uma das faces dessa sanfona foram reproduzidos os textos elaborados para cada obra estudada, enquanto na outra face foram desenhadas as fachadas de todos os edifícios voltados para a Paulista, como um registro da imagem desse logradouro no ano de 2012. Nesse ponto, é importante ressaltar que tais desenhos não compõem um registro técnico da elevação desses edifícios, pois cada desenho é uma leitura - que toma certas liberdades - de sua respectiva fachada e que destaca os elementos que melhor a representam. A questão da escala de impressão foi decisiva nessa escolha, uma vez que a legibilidade do trabalho ficaria comprometida caso todos os componentes da fachada fossem rigorosamente reproduzidos.

Sendo assim, este trabalho não deve ser compreendido como um registro científico de cada edifício, mas sim com uma tentativa de permitir que o observador tenha uma compreensão da paisagem que caracteriza a paulista nos dias atuais. É fundamental também lembrar que essa paisagem está em constante transformação e que as obras executadas após a produção desse TFG o tornarão parcialmente desatualizado. Entretanto, essa metamorfose é inerente ao objeto estudado, conforme afirma Benedito Lima de Toledo dizendo que “Em nenhuma outra avenida em São Paulo podemos constatar de forma mais evidente essa afirmação: as lembranças são mais duradouras do que o cenário construído” (TOLEDO, 1987). Assim, o cenário que hoje se observa na Avenida Paulista em breve não será o mesmo e, quando isto ocorrer, os desenhos realizados durante este trabalho também não mais corresponderão à realidade do local. Contudo, deseja-se que as memórias que surgirem a partir a utilização deste guia - e das viagens, dos caminhos, das anotações realizadas com o auxílio dele - perdurem por muito mais tempo.

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