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secao 4!

Espaço de vivência musical

Marysol Rivas Brito

Fábio Mariz Gonçalves

Tanto a arquitetura quanto a música se destacam por serem artes imersivas, preenchem o espaço, envolvem o sujeito como um todo. Ao ouvir música ou entrar em edifício, o indivíduo se vê incontestavelmente interagindo com a obra. Essa interação pode se dar de maneira consciente ou não, mas sempre existirá.

Surge então a proposição de projetar arquitetura com música e para a música, desenvolver pesquisa no sentido de repensar como os espaços se relacionam entre si e com seu propósito dentro desse contexto. Aspecto interessante é o fato de que a expansão das demais artes rumo a domínios arquitetônicos e musicais é grande tendência atual, o que traz consigo novas oportunidades de intervenção e levanta a questão da relação entre os espaços de apreciação e expressão artística, seus usos e apropriações.

Teria de ser equipamento público e dentro de contexto urbanístico e paisagístico que justificasse a empreitada. Um edifício que pudesse tirar partido da rede de infra-estruturas públicas da cidade e as complementasse, alterando positivamente a dinâmica existente. A discussão sobre o espaço público também remete à visão de cidade e à apropriação dos espaços, levanta a questão da relação entre os diferentes, que se manifesta de forma explosiva na convivência coletiva.

A opção por São Paulo se deve a série de fatores relativos tanto ao tempo de desenvolvimento do trabalho quanto à própria identidade da cidade. Além da contribuição que os anos de FAU trouxeram, a herança de discussões e entendimento urbanos que fazem com que algumas etapas analíticas possam ser sublimadas, a vivência de 24 anos morando em São Paulo também contribui pra melhor entender e elaborar as propostas para o trabalho.

Musicalmente falando, São Paulo é cidade bastante fervilhante, com grande variedade de estilos e vasta oferta de espetáculos. É berço de sambistas de renome e assistiu o surgimento inúmeras bandas de rock. Bandas pós-punk e garagem tornaram-se fortes na década de 1980, e nos anos 90 drum & bass tornou-se outro movimento musical influente, juntamente com o heavy-metal. Por ser grande pólo nacional e por seu aspecto cosmopolita, a cidade cada vez mais se renova musicalmente, aceitando as diversas vertentes musicais. É também é importante local para a música erudita. A cidade também é muito influente no movimento hip-hop, e é forte a presença da música eletrônica.

A primeira etapa do trabalho se foca então na pesquisa teórica e se desenvolve através de três enfoques: levantamento e estabelecimento de paralelos entre arquitetura e música, análise da percepção e relação do usuário com o espaço destinado à vivência musical, e estudo de referências arquitetônicas e de equipamentos ligados à música.

O ideal seria que o espaço a ser projetado possa unir formação, performance e degustação musical: um espaço para a vivência musical em suas distintas formas e para distintos perfis de usuários possíveis. Muitos dos lugares visitados nos estudos de caso manifestavam uma parte desse todo proposto.

O primeiro esboço de programa é formado através de uma tentativa de imaginar um sistema que possibilitasse ao indivíduo se retroalimentar do mundo da música, criando assim uma espécie de “ciclo virtuoso”. O projeto seria esse ambiente (edifício e arredores) onde as pessoas possam entrar em contrário com a música da forma que melhor se adequar a elas, ser atingidas pela música de diversas formas, fazer essa ponte do subjetivo para o concreto, onde o usuário possa se aproximar do edifício e ser envolvido pela atmosfera ali existente.

Na busca por fundamentar pontos cruciais através dos quais essa dinâmica seria possível, surge a proposta de que o ponto central do complexo seja a formação do músico, com espaços no qual este possa expressar-se musicalmente, e onde seja possível também encontrar respostas e aprofundar a sua formação, através da ensino-aprendizagem mas também de experimentações em grupo. Tirar partido da atmosfera frutífera e borbulhante que envolve a ensino-aprendizagem musical e fazendo-a transpor as barreiras do edifício.

A exposição do usuário à música ocorreria tanto através da troca de experiências e convivencia entre os estudantes como nas improvisações musicais e palestras que aconteceriam no complexo, abertas a usuários externos também. Nestas ocasiões, o vínculo existente com o equipamento não precisaria ser tão oficial, e estudantes e leigos poderiam estar em contato.

A segunda esfera de aproximação musical seria a ocasião da performance, onde o público se encontra com o artista. O vínculo nessa ocasião se apresenta de maneira menos formal: acontece em ocasiões pontuais, não necessariamente dentro de uma programação constante na rotina do usuário. A possibilidade de expressão musical de distintas formas seria um pré-requisito, essencial para a exploração do potencial que esse tipo de ambiente traz consigo.

Por fim, surge a idéia da esfera de degustação musical, de possibilitar um contato mais sutil do usuário com a música. Seriam ocasiões difíceis de programar, porque dependem da apropriação espontanea: intenção é que as pessoas possam ser envolvidas pela música, que elas entrem nesse ambiente musical poderoso e se permitam parar para sentir. Que ao mesmo tempo tenham ali possibilidade de buscar mais disso que as tocou, seja no sentido de poder estudar, de poder aprender com outros, de poder escutar mais.

Ficha técnica:

ÁREA TOTAL 20772m²
DEGUSTAÇÃO 3486.60m²
Subsolo
Áreas técnicas 243.87
Sala de preservação 74.46
Museu 750.40
Térreo
Acervo Infantil 93.04
Computadores 141.50
Consulta de acervo 15.76
Hall de entrada 31.91
Recepção 31.20
Revistas e periódicos 104.31
Audição de cervo 113.38
Salas para cursos 40.68
Administração 73.32
Estares 70.12
1º Pav
Acervo impresso 299.88
Estares de leitura 153.16
2º Pav
Acervo restrito 297.55

PERFORMANCE 10686,86m²
Subsolo
Áreas técnicas 555.78
Bares 54.24
Pista 503.48
Palco 81.20
Camarins 168.05
Estacionamento 682.16 Térreo
Lounge 307.86
Bilheteria 8.88
Bar 18.67
Platéia auditório 787.80
1º Pav
Foyer 233.79
Bilheteria 16.30
Cabine de controle 15.84
Platéia Auditório 340.49
2º Pav
foyer 419.35
Bomboniere 38.47
Passarela 419.57
3º Pav
Administração 256.94
Apoio 268.14
Terraço 1570.00

ENSINO-APRENDIZAGEM 10804.77m²
Subsolo
Luthieria 103.82
Salas percussão 156.74
Aluguel de instrumentos 29.31
Depósito 155.31
Manutenção 91.87
Almoxarifado 76.12
Limpeza 54.60
Sala técnica 17.25
Vestiários 109.20
Lavanderia 35.89
Térreo
Pátio 1444.50
Lanchonete 242.95
Armários 91.35
Foyer 87.14
Sala de Atos 351.16
Diretoria Geral 44.13
Sala de Reuniões 42.19
Diretoria Administrativa 33.97
Diretoria Financeira 33.97
Secretaria 68.77
1º Pav
Salas grupos 259.90
Salas coral 275.93
Terraço 407.67
2º Pav
Salas piano 175.58
Sala orquestra 103.82
Salas teórica 159.75
Salas tratamento digital 78.75
Salas música antiga 62.27
Salas cordas 155.02
3º Pav
Salas metais e madeiras 341.02
Sala musicalização Infantil 218.17
Espera 130.20
Diretoria pedagógica 48.02
Sala de reuniões 39.52
Coordenadoria pedagógica 90.95
Sala de professores 59.07
Armários 28.47
Produção e eventos 77.49
4º Pav
Terraço 414.09
Copa 44.80
Salas para ensaio 446.34
Estúdios 229.40

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