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secao 4!

Sede da Fazenda Boa Esperança

Natasha Kiyo No

Artur Rozestraten

A sede da fazenda Boa Esperança foi projetada para uma família grande - uma senhora com 4 filhos e 5 netos. Apesar de considerar uma situação real como ponto de partida, houve a preocupação de fazer com que o projeto fosse uma experimentação arquitetônica compatível com um trabalho de conclusão de curso.

O trabalho começou com um estudo preliminar que permitiu entender melhor o programa e dois aspectos importantes do projeto de uma casa de fazenda: o domínio das visuais e a relação entre interior e exterior. Como o terreno é muito vasto e o horizonte pode ser visto de todos os lados, torna-se necessário dominar as visuais, bloqueando, conduzindo ou emoldurando a paisagem natural. Em contrapartida, esse ambiente rural, somado ao clima quente, permite explorar uma relação mais intensa entre interior e exterior.

Para entender melhor essas diretrizes, foram escolhidas 5 casas de referência que foram objeto de estudos gráficos. Então, o estudo preliminar foi revisto, mas o partido principal foi mantido. Permaneceram a divisão em blocos funcionais e a circulação em um grande eixo leste-oeste, mas praticamente todo o projeto foi repensado. Para condizer com o novo tipo de cobertura escolhida, os ambientes e volumes da casa foram reorganizados seguindo uma modulação que permitisse o uso de componentes estruturais de padrão comercial.

Definido o desenho arquitetônico, fez-se necessário um projeto paisagístico que definisse o fim da área ajardinada, o acesso dos carros e o traçado da estrada que liga a casa à estrada principal. Através do paisagismo foi criado o cenário de aproximação da casa e a transição entre o terreno de pastagem e o domínio da sede, tornando assim palpável em completa a inserção do projeto arquitetônico no terreno.

Como produto final principal desse trabalho, procurei alcançar desenhos que representassem estrutura, partido arquitetônico, paisagismo e a inserção da casa na propriedade. São 6 plantas e 14 cortes. Outros produtos foram maquete eletrônica - permitiu visualizar melhor a estrutura, os pergolados e a percepção do observador dentro da edificação – e física - compreender a insolação e a volumetria geral da edificação.

As grandes preocupações do projeto foram clareza do raciocínio estrutural, horizontalidade, divisão em blocos funcionais (social, serviço e íntimo) e controle das vistas e da insolação. A entrada de luz direta nos ambientes é indesejada, pois o clima é muito quente e o sol, intenso. Isso foi resolvido mantendo as fachadas leste e oeste com poucas aberturas, orientando a casa para norte e protegendo as aberturas com varandas.

A casa se espalha no terreno, buscando uma intensa interação entre ambiente externo e interno com circulações exteriorizadas, pisos que avançam sobre o terreno e ambientes apenas cobertos e abertos para as vistas que queria privilegiar.

O grande eixo leste-oeste conecta todos os blocos, orientados a norte. É a circulação principal, coberta, porém externa, bem marcada pelo piso de deck de madeira. Libera o eixo visual que expõe a maior dimensão da casa e as vistas para leste e oeste.

A maior parte da cobertura é de telha colonial com inclinação de 20o sem calhas suspensas. A água da chuva cai até o chão, onde são recebidas por uma canaleta de concreto que possuem uma grelha recoberta de seixo.

A outra solução utilizada para a cobertura foi uma longa laje jardim que recobre o eixo de circulação leste-oeste. Foi uma solução adotada para conciliar as diferenças de alturas das tesouras. Já a opção por sua cobertura com um jardim teve como finalidade aumentar a inércia térmica da estrutura, evitando grandes dilatações do concreto, além de consequentes fissuras e infiltrações.

A aproximação dos automóveis é pelo sul, atrás da casa, assim a vista principal é bloqueada pelo volume. A intenção é revelar a vista depois que se desce do carro e se entra na casa. Da garagem coberta há um acesso direto para a cozinha ou pode-se entrar pelo acesso social principal, marcado por um pergolado. Dali, olhar é conduzido a cruzar com o eixo leste-oeste, passar pelos pisos ao ar livre, pela piscina e finalmente até a paisagem. O cruzamento entre eixos foi desejado para que o usuário, daquele ponto, possa ter grandes profundidades de visão nas quatro direções e dali possa apreender a paisagem.

O lago ornamental termina numa parede de elemento vazado, cujo desenho tem inspiração no muxarabi árabe. O encontro do plano da água com a parede de elemento vazado foi resolvido com um desenho de canaleta periférica de fluxo contínuo que funciona como ladrão, mantendo o nível da água na mesma cota do piso da casa – a mesma solução foi usada para a piscina.

A sala de estar e jantar dispõe de portas de vidro de correr integram o ambiente com o lago ornamental e a varanda da churrasqueira. Elas valorizam a continuidade espacial das áreas sociais e permitem que desde a piscina se veja a parede de elementos vazados, garantindo um rico eixo visual.

O bloco de apoio à varanda da churrasqueira foi localizado a oeste, protegendo o ambiente do sol da tarde. A cobertura da varanda se prolonga 1,25 metros em relação ao final do seu piso. Isso garante sombra total o dia todo em toda a varanda. O pergolado projeta uma sombra parcial nos limites da varanda, colaborando para refrescar ainda mais o ambiente.

Cada suíte dispõe de uma pequena varanda dimensionada para proteger a incidência do sol direto dentro dos dormitórios e também dar privacidade em relação ao resto da casa. Entre os quartos há uma varanda coberta que permite a entrada de luz no eixo de circulação e confere a ele mais relação com a paisagem, já que nesse bloco a circulação é quase totalmente interiorizada.

A casa tem 508 m2 de área útil, 498 m2 de áreas avarandadas (terraços cobertos, garagem coberta e projeções da cobertura), 140 m2 da piscina e do espelho d’água e 336 m2 de pisos descobertos, totalizando 1482 m2 de área construída.

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