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secao 4!

PROJETO DE UMA BIBLIOTECA:

O BAIRRO E AS RELAÇÕES DE ESPAÇO

Patricia Pires Tan

Antônio Gil da Silva Andrade

O presente trabalho é o desenvolvimento de um projeto na região sul de São Paulo, na subprefeitura Capela do Socorro, Cidade Dutra, sendo seu programa voltado à educação e potencialização da vida em comunidade na escala local, qualificando o espaço público como ponto de encontro.

Historicamente sabe-se que a região próxima aos mananciais na zona sul é palco da precarização das condições de vida e de investimentos desequilibrados do Estado, de forma que se evidencia sua ausência.

O fato de que 1,5 milhão de pessoas tenham ido morar nas proximidades das represas Billings e Guarapiranga indica dramas sociais e ambientais, que se pautam na lógica do mercado e dos interesses envolvidos. Segundo projeção da Fundação Seade, desde 1980 aproxi¬madamente 180 mil paulistanos deixaram o centro de São Paulo ocupando informalmente as periferias (MUSCAT, 2010, p.11).

A lógica da urbanização manifesta em São Paulo imprimiu uma ocupação irregular do espaço urbano, e na medida em que a expansão urbana ocorreu, áreas inicialmente mais distantes passam a compor o tecido urbano. O Estado, contudo, poucas vezes se antecipou à chegada da população nas áreas mais periféricas do Município de São Paulo no sentido de prover infraestrutura urbana e equipamentos de uso coletivo.

CONSIDERAÇÕES SOBRE ENSINO E EDUCAÇÃO

É fato que, tendo em vista o contexto mundial, os modelos de educação passaram por transformação nas ultimas décadas. Na era in¬dustrial, o foco da educação nas escolas era garantir que os indivíduos adquirissem competências e conhecimentos para que pudessem integrar a sociedade da época, com seus padrões comportamentais e de trabalho, fortemente cunhados na uniformidade e conformidade.

Assim, o papel do professor era o de transmitir as informações aos alunos, que experienciavam a dinâmica do ensino sempre de forma pré estabelecida: em um determinado local e em determinado horário. A sala de aula, seguindo tais padrões, isolava-se da comunidade, isolando-se visual e fisicamente do entorno do empreendimento (OECD, 2011, p.16).

Já no contexto pós industrial, a possibilidade de aprendizagem com as novas ferramentas de comunicação e informação das novas tecnologias, exclui barreiras do tempo, cultura e geografia. Mas ainda mais importante é a consideração de que tal modelo de transmis¬são do conhecimento apresenta-se diferente. Este, agora, vem ao encontro de demandas pela personalização do ensino e da ênfase às capacidades individuais dentro da comunidade.

O aprendizado no século XXI demanda uma reformulação de diversos aspectos das instituições de ensino, como liderança, pedagogia, os espaços de aprendizado, estrutura organizacional e seu próprio papel nas comunidades. Sendo um período caracterizado pela glo¬balização e pela imprevisibilidade de transformações econômicas e sociais, a proposta educativa é justamente desenvolver habilidades adaptativas, criativas, colaborativas, do estudo auto dirigido que apontem para uma configuração menos hierárquica.

BRASIL

Talvez o atraso educacional brasileiro seja o grande erro coletivo que nossa sociedade tenha cometido no século XX. Permitiu-se que se passasse por um período de transição demográfica sem que a educação fosse universalizada. Até o final dos anos 70, o Brasil gastava 1,5% do PIB em educação. Hoje o investimento é de aproximadamente 5%, que está acima da média mundial, mas o que realmente se nota é a ausência de correlação entre o gasto e a qualidade.

Realmente trata-se de um problema complexo o cenário educacional brasileiro, e que tem várias dimensões. Relaciona-se com a orga¬nização do sistema escolar, com o conteúdo dos cursos, com a formação de professores, com aspectos culturais e da gestão pública. É, assim, o cenário em que se devem construir políticas estruturais, que levariam a outras garantias sociais.

O PROJETO

O edifício organiza-se em três blocos. Tem-se o bloco do auditório, que se trata de um volume cego na altura do segundo pavimento, onde se localiza o auditório, e com aberturas ritmadas no primeiro pavimento garantindo iluminação e visuais para a sala de leitura. O bloco em forma de “L” é o bloco do acervo da biblioteca, museu e administração. As fachadas deste bloco são compostas por caixilhos e a luz e a incidência solar são controladas pela combinação dos brises verticais e horizontais. O terceiro bloco é da circulação vertical e serviços e que conecta os demais.

A permeabilidade do térreo do edifício é garantida tanto pelos acessos, quanto visualmente; estabelecendo sua relação com o entorno e reforçando o convite aos transeuntes. O pátio central, a praça, o solarium, é o local de afirmação da biblioteca como local de en¬contro da comunidade, onde se consolidam as discussões. Este vazio central mantém uma relação muito franca com todos os outros espaços da biblioteca e com a rua.

Sempre se manteve a lógica de que o espaço proposto deve pensar antes na ambientação do usuário, do leitor, do que ser um local onde se organizam livros e plataformas de leitura. Seguindo este pensamento, é desejável que o espaço estimule no leitor o prazer pela leitura. Desta forma, pensar diferentes relações de espaço se faz necessário.

Assim, têm-se espaços mais livres, onde se pode conversar mais alto e ter discussões em gru¬pos, mas também aquele que possibilite maior imersão na leitura, concentração e silêncio.

O espaço denominado museu possui programa livre. É local de exposições, reuniões, con¬versas, palestras, oficinas, aulas de dança e música. Caracteriza-se como um espaço a ser explorado, apropriado segundo as propostas e desejos do usuário.

Na cobertura do bloco do auditório foram colocadas placas fotovoltaicas para redução do consumo de energia elétrica da rede.

A cobertura do bloco do museu e administração pode ser acessada e trata-se de uma cobertura verde, que além de ajudar o conforto térmico do edifício trata-se de uma proteção à laje.

FICHA TÉCNICA

local do projeto: terreno entre as ruas Rubem Souto de Araújo, Juan De Toledo e Piero Di Lorenzo, cidade dutra
área do terreno : 2266 m²
área construída: 5020 m²

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