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secao 4!

A Escola como um Parque e o Parque como Uma Escola:

aprendizado através da paisagem

Paula Martins Vicente

Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima

O presente Trabalho Final de Graduação aborda a relação entre a Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF – Deputado Rogê Ferreira e o Parque Municipal Pinheirinho D’Água. A pouca interação atual, merece uma atenção especial quando se pensa na construção dos espaços de uso público e educativos dentro da cidade. A Escola, apesar de todo o processo de implantação ter sido bastante conturbado, caracteriza-se como um espaço peculiar, pois está em uma área favorecida dentro do Parque. Analisando esse aspecto privilegiado de estar em contato direto com a natureza, com a possibilidade da realização de diversas atividades educativas dentro do espaço do Parque e todo o seu processo de construção despertaram-me grande interesse de estudo.

A EMEF e o Parque estão localizados no distrito do Jaraguá, região noroeste do município de São Paulo, nas proximidades do Pico do Jaraguá, Serra da Cantareira e das rodovias Anhangüera, Bandeirantes e Rodoanel Mário Covas.

Os processos de construção e apropriação do Parque e da EMEF possuem históricos muito singulares. As discussões para a construção do Parque se iniciaram na década de 1990, quando os moradores do Condomínio Vila Verde, que estava sendo construído em frente ao atual Parque, reservaram uma área que futuramente serviria para preservar o meio ambiente e ofereceria usos de lazer para a população. Em 2009, após alguns anos de construção, a Prefeitura realizou sua inauguração do Parque, oficializando-o dentro do Programa 100 Parques, da Prefeitura Municipal de São Paulo. Entretanto, a implantação não respeitou o processo de discussão e produção participativa que originou o projeto, gerando muitos espaços mal geridos pelo Poder Público, o que resulta no pouco uso por parte da população.

A Escola Municipal também passou por discussões junto à comunidade e enfrentou processo igualmente conturbado. Até o ano de 2005 ela funcionava em uma construção de metal – as chamadas escolas de latinhas. No ano de 2004, surge a possibilidade da construção de um edifício de alvenaria para abrigar os usos escolares; entretanto, a implantação estava programada para uma área dentro do Parque Pinheirinho D’Água, onde já estava prevista a construção de uma área de lazer para a população. Durante reuniões com membros da comunidade, da escola e técnicos da Prefeitura, optou-se pela construção neste mesmo espaço, apesar de já existir outro projeto para o local.

Durante todo o processo de construção do parque e da EMEF, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP esteve presente através de alunos e professores, o que favoreceu ainda mais um novo contato com os atores desse processo – Conselho Gestor do Parque e comunidade da EMEF Deputado Rogê Ferreira.

Pensando na reversão do processo de desqualificação do Parque, buscou-se mudanças das condições atuais através de uma maior ligação da Escola a esse espaço. Nessa linha, foram estudadas as ideias de Anísio Teixeira para as Escolas-classes e Escola-parque, o projeto do Parque Escola implantado em Santo André e as ideias-bases que serviram para a criação dos CEUs (Centros Educacionais Unificados). Além disso, pensando e resgatando o processo participativo para o Parque e as discussões para a implantação da Escola, outro fator que se mostrou de grande interesse neste contexto foi a participação das crianças na construção de espaços da cidade. Desse modo, foram elencados três projetos onde as crianças são levadas a pensarem em assuntos inerentes às suas realidades dentro das cidades; são eles: Uma Fruta no Quintal, Parquinho no Butantã e Praça da Criança, estes dois últimos coordenados pela designer Elvira de Almeida.

Concomitante com o estudo para a realização de uma intervenção no Parque Pinheirinho D’Água e na EMEF Deputado Rogê Ferreira foi realizada uma semana, durante o mês de março de 2012, de oficinas com todos os alunos da Escola, onde eles puderam expressar através de desenhos, maquetes, textos, poesias, músicas e apresentações, seus desejos para o parque. Essas oficinas também fizeram parte do projeto de Extensão Universitária – Por um Parque vivo: a luta de uma comunidade pelo espaço público – que realizei em conjunto com a aluna Vanessa Kawahira Chinen, sob a orientação da professora Catharina Lima.

Os trabalhos produzidos foram tabulados e analisados para identificar os desejos para o Parque e como a Escola pode se apropriar do privilégio de estar em contato direto com a natureza para desenvolver algumas de suas atividades.

Nos trabalhos produzidos, percebe-se uma aparição de desejos de objetos construídos ou implantados, como brinquedos, ciclovias e campos de futebol, assim como elementos naturais, como árvores, rios, animais, flores. Além destes elementos mais constantes,também apareceram temas importantes para serem trabalhados dentro da abordagem da construção dos espaços públicos, como são os casos das necessidades de iluminação, segurança, manutenção e acessibilidade as pessoas com necessidades especiais.

Diante dos resultados obtidos nas oficinas com os alunos da EMEF, foi feita uma seleção de itens de maior incidência e de itens de grande importância para uma maior utilização do Parque.

O partido adotado para a intervenção está voltado para possibilitar um uso efetivo do Parque pela Escola, transformando-o em um local lúdico, onde os alunos possam aprender através da brincadeira ou de elementos que instiguem o processo de aprendizado, e educativo, através da possibilidade de atividades no parque e de novos elementos colocados neste espaço. Foi retomado o projeto inicial elaborado em 2002 com a comunidade, mas que não foi implantado de forma respeitosa, além de propor novos acessos, percursos e usos. Outro ponto privilegiado pelo projeto de intervenção foi a valorização dos espaços já construídos com a proposta de realização de atividades e usos compatíveis, buscando uma pequena intervenção nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) do Parque Pinheirinho D’Água.

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