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secao 4!

Números, uma jornada visual

Ricardo Nucci Vieira

Giorgio Giorgi Junior

Números, uma jornada visual é uma coleção de experiências gráficas que utiliza os números e sua forma tipográfica como matéria prima. Muitas influências pessoais, de designers gráficos os quais admiro foram fundamentais para a concepção desse produto. Dentre todos eles a grande referência, a obra que me inspirou a fazer este trabalho foi o livro genial de Alan Fletcher, The Art of Looking Sideways. (Phaidon Press/2001). O tfg se chama uma jornada visual justamente em referência a descrição de Fletcher sobre sua publicação, "uma jornada visual sem destino"

A intenção inicial era fazer algo parecido com esse livro, um pouco ambicioso visto que a obra tem mais de mil páginas e cobre todos os assuntos que fazem parte do mundo do design gráfico. Isso porque é o trabalho de uma vida, é o livro de um célebre designer que após décadas dedicadas à profissão faz uma obra conclusiva sobre o assunto. De certa forma, em fim de curso e dadas as devidas proporções eu me via nessa posição. Me agradava a idéia do tfg ser um livro de conclusões sobre o que fiz e pratiquei. Mas não foi esse caráter documental de Art of Looking Sideways que me chamou mais atenção, o que acontece na realidade é que este livro de Fletcher não é um livro convencional, e sim experimental. É um livro basicamente de imagens. São páginas de figuras, ilustrações, colagens, fotografias, coisas de todo gênero, criadas ou não pelo autor, que constroem uma narrativa essencialmente visual e metalinguística, visto que o assunto é o design gráfico em si e todas as suas esferas: cor, forma, textura, tipografia, grid, layout, identidade, embalagens, livros, criatividade, linguagem, humor... são mais de cinquenta capítulos. Existem textos também, nunca muito extensos, pois o que predomina são as imagens.

Esses textos aparecem de tempos em tempos para sinalizar o tema e iniciar a reflexão. Ao longo dos capitulos todo o raciocínio sobre o assunto deve ser feito pelo leitor atraves da sua interpretação das imagens. Todos aqueles a quem eu mostrei o livro tiveram dificuldade em entender do que se tratava visto que a princípio parece um apanhado geral de imagens do tamanho de uma enciclopédia, é ne-cessário revisitar a obra algumas vezes para entender do que se trata realmente, para aqueles que virão a trabalhar com design gráfico considero um livro muito especial, já que basicamente é um apanhado geral da profissão. O caráter experimental, esta narrativa feita através de imagens ao invés de textos foi o que me encantou, pois fica a sensação que é um livro que pode ser lido e compreendido sem o suporte do texto. Ou seja, a comunicação e o discurso é feito praticamente através de imagens de forma efetiva, de certo modo carrega uma essência de design gráfico

Influenciado por esse livro, fiquei decidido a utilizar o mesmo tipo de linguagem no meu trabalho, meu projeto seria então um livro experimental, uma narrativa essencialmente visual sobre determinado assunto. Me faltava apenas o a?ssunto, e este surgiu quando lembrei de uma série do jornal The New York Times, uma coleção de artigos entitulada Os elementos da Matemática, do autor Steven Strogatz. Um??? texto leve e próximo, que tinha como objetivo um novo olhar sobre a matemática para adultos que nunca se deram bem com a matéria na escola. O autor distribuiu a série em quinze capítulos, cada um com um tema diferente, desde os fundamentos, soma, subtração, até temas mais complexos como cálculo diferencial. O interessante é que tanto os capítulos de temas complexos como os de tema simples tinham o mesmo tratamento, a linguagem era sempre próxima, com exemplos práticos e descomplicados, longe de grandes elucubrações sobre o tema. Fácil de ler, sugerindo uma nova chance para aqueles que tem tem total aversão ao assunto.

Quando se trata de matemática muitos se sentem perdidos, alienados de certa forma sobre o que fazem os matemáticos, o que significa uma prova por exemplo e outros assuntos. O que Steve vai tentar fazer no seu texto é justamente tentar explicar sobre tudo, começando do um mais um igual a dois até o mais longe possível. Escrevendo sobre temas que vão desde a pré escola até a faculdade.

O fato é que os números são na verdade grandes atalhos, eles são um conceito poderoso que nos proporciona uma forma de comunicar quantidades de um jeito prático. Porém tem um grande custo na abstração, visto que uma quantidade pode ser aplicada a qualquer coisa. Desta forma os números possuem uma característica material, cara-cterizando uma quantia, e imaterial na raiz do seu conceito, onde ele esta mais próximo na camada sem‰ntica de outras palavras como verdade, justiça. Steven diz que os números alem disso possuem vida própria, e a partir do momento em que lhes é dada determinadas leis e par‰metros, não há nada que possamos fazer além de assistir o modo como eles se comportam As operações matemáticas são um desses par‰metros, a soma é tambem um atalho, assim como a subtração. E as abstrações criativas desses conceitos levam que levam matemática a crescer.

Por fim o conjunto de cinco brochuras e cinco respectivos pôsteres dos desenhos mais representativos, formaram um apanhado de formas, cores e idéias bem variadas e distintas. Dessa forma acredito ter me aproximado um pouco mais conceitualmente do livro de Fletcher. O mais importante foi a reflexão em torno dos assuntos, e o caminho todo, exa?tamente como no livro. Utilizei e senti as possibilidades do grid, explorei as camadas mais inteligíveis e mais experimentiais da expressão de idéias através de tipos. Criei um universo de expressões completamente diferentes e exercitei a percepção visual em situações das mais variadas. Acredito que cresci muito conceitualmente e praticamente com este trabalho final de graduação, as distorções me auxi?liaram compreender melhor a forma e a peculiaridade dos números.

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