Os produtos desenvolvidos para este TFG são:
a. Projeto e montagem da exposição “5ª FAU Mostra Projeto: Fundamentos de Projeto”, montada no Piso do Museu, com os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes para a disciplina “AUP608 - Fundamentos de Projeto” (trabalhos desenvolvidos durante o primeiro semestre de 2012);
b. Publicação impressa no LPG (catálogo da exposição): Projeto gráfico e diagramação;
c. Catalogação digital do material produzido na disciplina, através de plataforma online;
d. Relatório de análise e reflexão sobre a disciplina AUP608.
Mais que um registro da produção acadêmica, a exposição e a publicação visavam ser objetos de reflexão e discussão sobre o ensino e a produção da FAUUSP.
Em concordância com o viés crítico dos produtos propostos, o desenvolvimento do projeto gráfico e de exposição será permeado por reflexões subsidiadas por leituras de apoio e por discussões com professores e estudantes.
O acompanhamento das atividades realizadas pelos corpos docente e discente da disciplina AUP608 foi viabilizado pela monitoria realizada por mim durante o primeiro semestre de 2012.
Para este Trabalho Final de Graduação, revisitei a disciplina “AUP608 - Fundamentos de Projeto”, à qual cursei como primeiranista dessa faculdade, em 2007. Agora, no entanto, vivencio-a com um olhar mais amadurecido. Dessa forma, esta vem a ser uma oportunidade para repensar minha trajetória e meus aprendizados ao longo desses anos na FAUUSP.
É necessário enfatizar que este trabalho se trata de uma visão construída, sobretudo, pela observação da rotina dos estudantes em nossa escola. Os comentários aqui apresentados vem da percepção – particular – de um também estudante de arquitetura da FAUUSP e, por isso, é uma visão limitada a uma específica esfera de observação. Por eu também ser reflexo da estrutura de ensino sobre a qual estou me propondo a discutir, possuo limitações que podem ser fruto das próprias deficiências desse ensino.
A princípio, este TFG trata do ensino de arquitetura de forma global. Entretanto, imaginava que o enfoque dado a uma disciplina específica poderia ampliar as chances de esta pesquisa/reflexão surtir efeitos con¬cretos no aprimoramento do ensino de nossa escola. Logo, a pretensão de que este TFG tivesse relevância à prática exigiu esse enfoque.
Alguns pontos foram considerados para a escolha da disciplina “AUP608 - Fundamentos de Projeto”:
a. Por envolver estudantes calouros (em geral saídos de cursinhos e ensino colegial), abre-se margem para uma reflexão sobre os conflitos existentes entre o ensino de 2º grau e o ensino superior, com relação aos seus conteúdos e aos seus métodos;
b. Por se tratar de uma disciplina introdutória, abarca-se a “gênese” do aprendizado sobre arquitetura, isto é, seus aspectos elementares, sobre as quais é possível refletir sobre os desdobramentos desse ensino ao longo dos demais anos de curso;
c. Assim como já dito, revivenciar a AUP608 ao fim da graduação é uma oportunidade de refletir sobre minha trajetória como estudante desta faculdade, conectando o início do curso ao seu término;
d. Por abranger as diversas “especialidades” do Departamento de Projeto, é possível uma análise sobre o ensino de arquitetura de maneira mais geral, mais globalizante;
e. Todos os fatores acima apontados explicam o caráter simbólico da AUP608 no contexto do ensino da FAUUSP. Assim, a abordagem dessa disciplina não deixará de ser, afinal, uma discussão sobre o ensino de toda nossa escola.
Os principais pontos desenvolvidos em minha reflexão foram:
1. A disciplina “AUP608 - Fundamentos de Projeto” é estruturada de maneira fragmentada e incoesa, aos moldes do que ocorre na FAUUSP como um todo;
2. Essa estrutura dificulta a associação intelectual entre os diversos conteúdos ministrados, isto é, dificulta o entendimento do projeto enquanto prática complexa;
3. Por envolver todo o Departamento de Projeto e pela carga horária elevada, a disciplina “AUP608 - Fundamentos de Projeto” tem grandes condições de se desgarrar de problemas medulares da estrutura de ensino de nossa faculdade, ao invés de reproduzir essa estrutura;
4. É necessário um modelo de ensino compatível ao viés subjetivo da arquitetura, considerando a autonomia crítica do educando como principal mediadora do processo de aprendizado;
5. A relação entre professores e aluno é hierárquica, e essa relação de poder se dá a partir de instrumentos coibitivos, como notas e controle de presença, o que redunda numa relação perigosamente forjada, colocando o educando em posição passiva e potencialmente acrítica.
Sendo assim, os projetos de exposição e de publicação impressa buscaram expressar os conceitos desenvolvidos nessa reflexão.
A exposição propôs, em primeiro lugar, um diferente olhar sobre os trabalhos produzidos.
Sendo que os desenhos e as fotos dos modelos ficaram expostos virtualmente, a exposição buscou um olhar mediado por uma experiência espacial, e não somente uma interação visual. Ou seja, a exposição física buscou trazer algo que a exposição digital não trazia.
A exposição é um meio de rever nossos próprios trabalhos através de um outro contexto, o que permite uma nova leitura crítica sobre o que é produzido por nós. E sendo que os estudantes da graduação desta escola já passaram por essa disciplina, aproveitei-me de um provável laço de identificação já existente.
A falta de registros do que a graduação de nossa escola produz dificulta nossa assimilação e subsequente questionamento de nossos costumes projetuais. A necessidade progressista de se trazer à tona novas questões reforça a importância de observarmos com atenção o que produzimos, para que a partir dessa observação seja fomentada a reflexão e o avanço para essas novas questões. Então, reitero a importância de se registrar a produção de nosso curso de graduação, pois ao negligenciar o registro de nossa história, negligencia-se a necessidade de repensarmo-nos a cada dia.
