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secao 4!

Sistema de Espaços Livres em Santana

Sofia Robbe Bender

João Sette Whitaker Ferreira

Este trabalho tem como motivação principal o sentimento, e a real necessidade, de se ter uma cidade voltada para o pedestre, para seus habitantes. É uma reflexão e sugestão sobre o espaço público urbano, sua função, sua existência e sua influência na vida nas cidades.

O trabalho pode ser dividido em duas partes - a da pesquisa (teoria), e a da prática (projeto) - e cada uma destas em mais duas partes – de escala metropolitana e escala local. As quatro partes compreendem então Parte I - Espaço Público/Livre (pesquisa em escala metropolitana); Parte II – Zona Norte de São Paulo (prática em escala metropolitana); Parte III – Referências (pesquisa de escala local); Parte IV – Projeto (prática em escala local).

Assim, primeiramente foi realizada uma pesquisa teórica sobre conceitos de espaços públicos, sistemas de espaços livres e áreas verdes e a relação destes com a cidade de São Paulo, através do entendimento do espaço público no ambiente urbano, da identificação das áreas verdes e de problemas e possíveis soluções para os espaços livres.

Considerando o espaço público como local de encontro e de expressão da democracia, este contribui para a qualidade e desenvolvimento da vida coletiva nas cidades. Juntamente com os espaços livres e as áreas verdes conectados, geram percursos e conexões urbanas essenciais para a identidade e poder de atração das cidades, refletindo numa qualidade de espaços destinados às pessoas. Assim, os espaços públicos associados a um sistema costuram o tecido urbano, conectam infraestruturas e conseqüentemente tornam acessíveis aos cidadãos as facilidades urbanas.

Foi visto que devido à dinâmica de desenvolvimento urbano, da prioridade que se deu ao privado em relação ao público, a cidade de São Paulo possui uma carência destes espaços, sendo acompanhada pela falta de espaços verdes, que são distribuídos de forma irregular no território. Além disso, a privatização do espaço público através de “condomínios clubes” e shoppings centers e a tomada deste pelos automóveis contribuem para a segregação social indo na contramão da essência do espaço público livre.

Nota-se assim a necessidade da “reconquista” deste espaço na cidade, através da qualificação de espaços e vias para pedestres e também para ciclistas, considerando a bicicleta um meio de mobilidade urbana a ser incentivado. Foram apontados exemplos de cidades fora do Brasil que recentemente voltaram seus olhos para o pedestre e ciclista, como Copenhagen, Nova York e Cidade do México, através da tomada de espaços antes destinados a automóveis. Foram estudados também exemplos de espaços públicos e áreas verdes, o entendimento de seu sucesso ou fracasso, o conceito de pocket parks e sua inserção no meio urbano, além de referências de projetos de calçadas, ciclovias e infraestrutura verde.

Após o estudo conceitual, buscou-se o estudo aplicado a uma região da cidade de São Paulo, sendo a Zona Norte a escolhida. Foi abordada sua história e inserção na cidade, seu desenvolvimento, as propostas e planos locais, e seus espaços, dando base para a compreensão dos sistemas de espaços livres da região, mais especificamente nas proximidades da Linha do Metrô (1-Azul) no bairro de Santana, apontando então para os problemas e carências da área. Viu-se que o bairro é caracterizado hoje pela especulação imobiliária responsável pelo aumento de “condomínios clube” em detrimento do desenvolvimento de novos espaços públicos e áreas verdes. Indo na contramão da tendência do bairro, a proposta deste trabalho visa retomar o espaço público e seus sistemas em meio a uma região em que grandes trechos de quadras são demolidos para darem lugar a altos edifícios murados.

A proposta então é de um Sistema de Espaços Livres, tendo como intenção conectar o metrô Santana e a ciclovia da Av. Braz Leme com o interior do bairro até a Av. Eng. Caetano Álvares, através de calçadas acessíveis, ciclovias e áreas verdes, totalizando um percurso de aproximadamente 3 km. Foram apontados locais ao longo do traçado com potencial de se tornarem espaços livres ou áreas verdes e de lazer, resultando na criação de quatro pocket parks, pequenas áreas destinadas ao uso público, dotadas de vegetação e com função de regeneração dos espaços criando um local de tranqüilidade e descanso, de encontro e convivência, contribuindo assim com a qualidade do sistema e da paisagem urbana como um todo.

A premissa da proposta é a supressão de áreas de estacionamento e até de faixas de veículos das vias em alguns casos para ceder lugar a estas novas áreas verdes, ao prolongamento de calçadas e à implementação de ciclofaixas. Busca assim incentivar um novo tipo de pensamento e uso do espaço, proporcionando outro e mais qualificado meio de acessibilidade no bairro, desencorajando o uso do automóvel e incentivando o uso da bicicleta – que já apresenta certa demanda na região - e do andar a pé, através da qualificação dos espaços.

A requalificação das calçadas, de forma a torná-las acessíveis, livres de obstáculos e com dimensões mínimas para comportarem de forma agradável o fluxo de pedestres, juntamente com a proposta da uma ciclofaixa em todo o trajeto consistem então no Sistema de Espaços Livres Públicos pretendido neste trabalho, conectando não só elementos importantes do bairro como o metrô e a ciclovia existente, como também proporcionado e conectando novas áreas verdes ao longo do percurso, servindo como locais de descanso, lazer e contemplação do espaço livre público. A proposta busca retomar os espaços das vias priorizados atualmente a veículos automotores além de proporcionar novas áreas permeáveis e arborizadas numa paisagem seca e conturbada. É finalmente um simples exemplo aplicado em um bairro característico da cidade de São Paulo de como requalificar a paisagem urbana através da ordenação do espaço público e valorização da circulação de pessoas.

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