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secao 4!

Meio da mata:

hotel pousada em São José dos Campos

Ana Claudia de Carvalho Lima Farias

Oreste Bortolli Junior

O trabalho consiste em um projeto de hotel rural, híbrido entre hotel fazenda, hotel de selva e pousada, com o intuito de criar uma zona intermediária entre o urbano, o rural e a unidade de conservação, amenizar impactos ambientais da ocupação humana, propiciar maior e melhor integração entre o construído e o natural e suprir uma demanda do segmento de ecoturismo.

Para isso, o processo de desenvolvimento é baseado na decomposição do problema, compreendendo as seguintes etapas: embasamento teórico, através tanto da busca de conceitos, definições e legislação vigente, quanto da organização da memória oral do curso e das anotações acerca da leitura e interpretação da bibliografia; levantamento de dados da cidade, da área de intervenção e de seu entorno através do site do IBGE e documentos municipais, além de visitas a campo, tanto para uma visão geral como particularizada; diagnóstico a partir da análise das informações obtidas e dos mapas produzidos na etapa de levantamento de dados, e elaboração do programa de necessidades e diretrizes; pesquisas de repertório a partir de livros, revistas e sites no decorrer do desenvolvimento do trabalho, compreendendo referências de acordo com o foco tratado em cada etapa; estudo preliminar, anteprojeto e o projeto final, resultado dos ajustes das etapas anteriores, compreendendo o projeto dos edifícios e diretrizes para os espaços de estar.

FICHA TÉCNICA

Hotel com área de hospedagem, compreendendo unidades habitacionais divididas em bangalôs e apartamentos para casal e solteiros; áreas sociais, com lobby, recepção, informações, caixas e depósito de bagagem, restaurantes principal e da piscina; áreas administrativas; áreas de serviço (entrada de funcionários, vestiários, copa e sala de descanso, área de recebimento com carga e descarga, triagem, depósito, almoxarifado e manutenção, lavanderia e rouparia); áreas de recreação (piscinas com vestiários e sauna, equipamentos de ginástica e alongamento, sala de jogos, mirante e estares) e áreas de transportes (embarque e desembarque, estacionamento, veículo de transporte interno), seguindo uma proposta de ocupação pontual com setorização do programa. Primeiro setor compreendendo as áreas administrativa, de serviços, lazer principal e blocos de apartamentos; segundo setor com bangalôs e estares; terceiro com mirante e estares na extremidade oeste do terreno.

A proposta é de uma mínima intervenção na topografia do terreno, a fim de minimizar os impactos ambientais. Para tanto, uma implantação elevada, tanto das edificações quanto da circulação, poderia minimizar o contato com o solo, a movimentação de terra e os bulbos de tensão da fundação, além de criar um efeito visual de descolamento entre construído e o natural.

Como, além da topografia acentuada, o terreno possui forte presença de vegetação, é desejável a não supressão da vegetação de grande porte ou das florestas consolidadas no terreno, mesmo quando nas áreas definidas como edificáveis.

Propõe-se a conservação ou preservação, já que a vegetação auxilia na manutenção do equilíbrio climático, absorve parte da radiação solar, aumenta a umidade do ar, resfria o ambiente e altera os regimes de ventos. Para tanto, edificações isoladas conservariam a arborização, desviando e formando blocos menores para abranger o programa setorizado em prédios dispersos pela área do terreno.

Estrutura mista com fundação e pilotis de concreto, devido à umidade do solo, paredes estruturais de madeira, com grandes aberturas. Estrutura racionalizada e leve para diminuir o canteiro de obras.

Edificações seguindo o sentido das curvas de nível, longilíneas, evitariam patamares muito grandes em profundidade, uma vez que edificações cujos lados tendem a mesma dimensão produziriam uma faixa maior de sombra e precisariam de pilares mais altos e, consequentemente, mais robustos ou com mais vergalhões para resistir a flambagem.

Ocupação horizontal para que a altura das edificações não ganhe força, fazendo com que se pareçam mais verticais do que realmente são, e para contrastar com o relevo, que condiciona à variação de altitude, mas que nas edificações se mantém em um plano.

Edifícios com vários pavimentos não são desejáveis por questão do intuito de apropriação de visuais como surpresa e não acessíveis por todo o tempo, para não torná-la comum.

Interligando todas essas construções, passarelas e caminhos suspensos. E, apesar de todas as visuais que se pode criar destas, considerando a distância percorrida pelo pedestre e a percepção desse movimento, bulbos de estares ou equipamentos recreativos colaborariam para a diminuição da monotonia de um percurso, dadas as dimensões do terreno, lugares convidativos com perspectivas de paisagem mais interessantes, por exemplo. Parte do percurso é condicionado pelas passarelas, então se deve garantir o estar, lazer, vistas, já que os deslocamentos são limitados.

As melhores vistas não devem ser a partir dos quartos, mas de pontos específicos que convidem os hóspedes aos deslocamentos: a sensação de satisfação e deslumbre na chegada.

E, sabendo que declividades acentuadas tendem a oferecer visuais mais amplos, o melhor é tirar partido da topografia existente e não dos quartos. Apesar disso, as UH devem ter uma relação intrínseca com o meio externo, mas sem afetar a privacidade, trazendo a natureza para dentro.

Tira-se partido dos nevoeiros para a sugestão de uma visão condicionada. Tem-se como desejada a visibilidade de parte do conjunto a partir da Rodovia SP-50: que a pousada se destaque na paisagem rural, sendo seu próprio outdoor, convidando quem transita pela rodovia a tornar-se um futuro hóspede, por meio da curiosidade. Mas, ao mesmo tempo, condicionada pela natureza, seja por neblina, período do dia, vegetação.

A visão condicionada também é simulada nas edificações e passeios, variando de acordo com o que se deseja para as áreas estabelecidas no programa de necessidades: grandes aberturas que ora enquadram a paisagem, ora a trazem a natureza para dentro, ponto de fuga dos espaços internos, promenades...

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