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secao 4!

Rumo ao Centro

Camila Kahvedjian Amadio

Fábio Mariz Gonçalves

Não é necessário ser um especialista na área de urbanismo ou arquitetura para notar a degradação que persiste nos espaços públicos e nos edifícios localizados na área central do Município de São Paulo; basta andar por suas ruas para poder constatar que a sujeira e a decadência ainda imperam na região. A sensação de abandono por parte dos habitantes e do governo permanece na visão da população, sendo, muitas vezes, fundamentada nas notícias lançadas pelos meios de comunicação.

Contudo esta é apenas uma das realidades existentes, pois a região possui um comércio extremamente dinâmico, bares e restaurantes cheios, trabalhadores em constante atividade, passeatas, protestos, shows, festas religiosas, enfim, ela é uma parte viva da cidade. Infelizmente as atividades cotidianas não garantem a preservação, em boas condições, dos elementos ali instalados. Seria necessária uma apropriação mais definitiva do centro por parte da população e o ato de morar é uma das opções para se atingir essa meta. Segundo Nabil Bonduki:

“ Estimular o uso habitacional das áreas centrais é uma das principais ações que devemos implementar para recuperar a qualidade de vida nos nossos municípios.” (BONDUKI,2002)

Demanda populacional não falta, afinal, mesmo em meio a imagem de decadência, podemos observar pessoas em busca de um local para moradia - nos diversos prédios e logradouros vazios ou subutilizados - e habitantes que optam por morar em condições inadequadas, para ficar perto da região de maior infra-estrutura do município - caso dos moradores dos cortiços que pagam altas porcentagens de seus salários em aluguéis1 para adquirir pequenos e, muitas vezes, insalubres locais para dormir.

“O aluguel médio encontrado foi de R$ 191, sendo que a maior parte (42,9%) paga entre R$ 196 e R$ 260. Com esses valores, a pesquisa concluiu que o 31,1% das famílias comprometem cerca de 30% da renda familiar com o pagamento do aluguel; 45,6% das famílias comprometem entre 31 e 60%; e 23,3% comprometem mais de 60%.” (SILVA, 2001, p. 04)

Outros elementos que se encontram abundantes até hoje são as construções e terrenos em desuso ou parcialmente utilizados que possibilitam a implantação de políticas públicas com objetivos de restaurar o caráter residencial do centro de São Paulo.

Alguns programas e ações já são feitos na região com o intuito de revitalização e reabilitação do centro, como é o caso do “Morar no Centro” , que tinha por objetivo reformar e reabilitar edifícios na área central para instalar moradias, visando grupos populacionais de baixa renda. No entanto, esses projetos tendem a ter um caráter pontual - fazendo intervenção de prédios isoladamente - o que pode fazer com que o edifício retorne às condições de deterioramento mais rapidamente se comparado com ações feitas em um conjunto maior de obras da região; tendo como exemplo as intervenções realizadas no Pelourinho (BA) pelo governo e em Berlim pelo IBA.

Outra questão a ser levantada é o fato de se agir por assunto,ou seja, ter diferentes operações para cada tema (cultura, educação, habitação, saúde) ao invés de se pensar em conjunto. Entretanto, separadamente, esses assuntos não têm força para requalificar uma área, é preciso uni-los para atingir o objetivo. Isso é muito bem expresso na coletânea “Caminhos para o Centro”:

“Em termos sociais, trata-se, antes de qualquer coisa, de diversificar o perfil de usos e usuários do núcleo histórico [...]. Ganha importância a adequação dos espaços públicos e do ambiente construído como um todo, no sentido de atender à variedade de funções terciárias e residenciais que integram os usos do centro [...]” (CAMPOS; NAKANO; ROLNIK in: EMURB, 2004, p.157)

Diante deste cenário é elaborado este Trabalho Final de Graduação, propondo a implantação, em uma área da região central do Município de São Paulo, de um projeto de recondicionamento de terrenos não-utilizados e/ou subutilizados, instalando obras mistas de habitação e serviços educacionais, junto a equipamentos de transporte, saúde e comércio já existentes no entorno próximo (Terminal da Bandeira, UBS República, Colina Histórica).

O viés acadêmico foi pensado após a leitura da dissertação de mestrado de Paulo Emilio Buarque Ferreira titulada, Apropriação do espaço urbano e as políticas de intervenção urbana e habitacional no centro de São Paulo, na qual encontra-se a citação:

“Apesar da grande concentração de serviços na áreas, percebe-se que, atualmente, o ambiente da área central é carente de equipamentos que atendam a uma nova demanda de famílias tornando importante uma ampliação dos equipamentos e de suas capacidades. Em relação à carência, de equipamentos, a área central de São Paulo apresenta poucas creches, escolas de nível fundamental e até mesmo poucas praças com brinquedos e áreas verdes para crianças. Este ponto deve ser considerado no processo de reabilitação [...]” (Zmitrowicz, 2005)

Para a realização do projeto foram escolhido três terrenos, um localizado na esquina da Rua do Ouvidor com a Rua Riachuelo, junto à Praça das Bandeiras, e os dois outros dois são os imediatamente adjacentes a este.

O projeto acaba por incorporar não somente os três terrenos mas também a passarela do Terminal Bandeira e os terrenos existentes abaixo dela com a intenção de se evidenciar essa importante entrada de pedestre existente em direção ao coração da cidade e fazer uma cpnversa mais interessante entre estes dois pedaços de cidade que se dividem por uma via fechada para automóveis mas que hoje parece ignorar a tragetória e a interação com as pessoas que por ali passam.

Com o desenvolvimento do projeto e as novas possibilidades que surgiram ao longo das discussões e debates a conecxão entre os dois lados passa a ser, no projeto, feita não somente a partir da rua mas também com a edificação.

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