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secao 4!

Praça Armênia:

encontro de caminhos, espaço de conexões.

Camila Motoike Paim

Fábio Mariz Gonçalves

O trabalho teve início com a escolha do lugar: o bairro do Bom Retiro, em São Paulo. A intenção foi partir da análise do bairro com o objetivo de elaborar uma proposta que atendesse às necessidades levantadas no estudo inicial. Sendo assim, o partido do trabalho era discutir as dinâmicas do espaço existente e como a intervenção do projeto urbano e do edifício pode contribuir para a potencialização das características positivas e, principalmente, a melhoria de suas problemáticas.

A primeira fase do trabalho foi de levantamentos. Esta aproximação foi necessária para chegar ao diagnóstico que fundamentaria a intervenção. O conjunto composto pelo levantamento bibliográfico mais focado no histórico do bairro, levantamento de dados da área e o levantamento empírico das visitas de campo, permitiu melhor entendimento do Bom Retiro e resultou na setorização do bairro em áreas de acordo com as características observadas, principalmente relacionadas ao uso e ocupação do solo.

A leitura do bairro permitiu estabelecer o primeiro recorte para o qual foram propostas diretrizes de projeto. O recorte voltou-se para a região envoltória das estações Armênia e Tiradentes do metrô. No sentido norte-sul a opção foi de contemplar toda a extensão do bairro levando em conta a existência de dois elementos marcantes em suas extremidades: o Parque da Luz e o rio Tamanduateí. O partido da intervenção consistia em duas estratégias principais: a conexão e o estudo de uma nova ocupação. A questão das conexões está diretamente ligada com o fato de o bairro ser um espaço conformado entre grandes estruturas, mais especificamente, grandes barreiras físicas: a ferrovia, o eixo norte-sul e o rio Tamanduateí. Com relação à nova ocupação, a ideia era trabalhar com os vazios e áreas subaproveitadas, também como uma forma de estabelecer conexões entre as diferentes áreas do bairro classificadas no início do estudo.

Neste ponto o trabalho se encaminhava para o desenvolvimento de uma proposta a nível urbano, porém meu intuito era que o resultado final tivesse uma escala menor. Assim, no início do segundo semestre do TFG fiz um novo recorte e parti para o desenvolvimento do projeto na praça do metrô Armênia, um dos pontos de destaque nas diretrizes propostas.

A proposta teve desde o início a intenção de trabalhar a questão das conexões com o compromisso de vencer as barreiras físicas que conformam a praça atualmente: as avenidas Santos Dumont e Tiradentes e o rio Tamanduateí. Nos primeiros estudos a intenção era fazer somente a transposição da avenida Santos Dumont em nível, substituindo a passarela existente e praticamente inutilizada. Aproveitando a topografia do terreno, seria criado um piso, saindo do pavimento intermediário do metrô, coincidente com a cota da cobertura do terminal de ônibus existente, que chegaria ao patamar na mesma cota do outro lado da avenida. A transposição do rio Tamanduateí continuaria em nível, e pelas faixas de pedestres existentes, somente aumentando as calçadas.

Ao final a ideia do piso intermediário saindo do metrô foi mantida como ponto principal para o estabelecimento das conexões, criando um percurso que, partindo da praça, iria conectar os demais pontos de interesse. O restante do programa foi sendo incorporado ao poucos. O objetivo principal da proposta foi utilizar o potencial da praça como “ponto de chegada” fazendo com que ela também fosse “ponto de conexão”, expandindo sua área de influência para além das barreiras físicas. Assim, acessível, a praça seria um local para o uso, o passeio, os percursos e, não menos importante, local de estar.

O produto final deste trabalho é um projeto de infraestrutura urbana e espaço livre, resultado da análise de uma área existente, e subutilizada. Trata-se de um ensaio sobre os caminhos da cidade e o espaço do pedestre inserido em áreas tomadas por grandes eixos viários.

A praça se desenvolve basicamente em dois níveis: o térreo, na cota 724 e o caminho elevado na 727. Esse caminho estabelece o nível das conexões, subindo uma rampa, para vencer o desnível de 1,5m é possível chegar ao novo terminal de ônibus pelo nível superior e acessar o metrô pela cota intermediária na qual foi criado esse novo acesso. Ainda na direção norte, o caminho se transforma na passarela que transpõe o rio Tamanduateí. Na direção oposta, partindo do meio da praça, o caminho se abre em alguns patamares de estar. Chegando próximo ao grande muro da via elevada do metrô esse piso dá acesso ao centro cultural e mais frente a um dos acessos da passarela coberta que atravessa as avenidas Tiradentes, Santos Dumont e a própria praça, estabelecendo a conexão entre os dois bairros e com a praça. A “ponta” da praça consiste em um percurso, levemente elevado com relação ao nível do solo, ocupado por um jardim, e que sobre em inclinação suave atingindo o nível da passarela coberta. Os edifícios estão conectados às passarelas de forma a manter vivas tais passagens.

O projeto é um estudo de como integrar uma área, mais especificamente um espaço livre público, praticamente abandonada à cidade, aproveitando seu potencial de concentração de pessoas, principalmente ligado ao terminal de ônibus e ao metrô que se encontram ali. Garantindo a praça como espaço livre de estar e de encontro, procurei explorar também a possibilidade de expandir sua abrangência ao estabelecer caminhos para que os pedestres possam transpor as barreiras existentes e chegar à praça com segurança e qualidade.

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