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secao 4!

A RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA RMSP

DANIELLE MIDORY OSHIRO MARQUES DE SOUZA

MARIA CAMILA LOFFREDO D’OTTAVIANO

Empresas do setor de construção civil possuem muitas perdas durante seu processo, gerando grande quantidade de resíduos da construção e demolição. Simultaneamente, há entraves no suprimento de agregados naturais devido ao distanciamento das jazidas em relação aos centros urbanos, o que eleva o valor do transporte frente ao baixo valor agregado do produto. Surge como possível solução para essas questões a utilização de agregados reciclados, que permite o aproveitamento dos resíduos da construção civil (RCD) e a substituição parcial dos agregados naturais. O objetivo deste trabalho é avaliar a reciclagem de RCD do ponto de vista urbano, ambiental e financeiro.

Para as avaliações, foram realizados diversos estudos de caso: três pedreiras, três usinas de reciclagem fixa, uma usina de reciclagem móvel e um consumidor (grande construtora). Esses estudos de caso é que forneceram os dados utilizados, juntamente com revisão bibliográfica.

Do ponto de vista urbano e ambiental, compararam-se as atividades de extração mineral (agregados naturais) com a reciclagem móvel e fixa (agregados reciclados). Estudaram-se os impactos ambientais decorrentes de cada atividade e aprofundou-se a comparação nos impactos relacionados ao tráfego de veículos de carga e das emissões de CO2.

Os impactos ambientais mais significativos em ambos os tipos de atividade são os decorrentes do transporte: alteração das condições climáticas devido ao CO2 emitido e sobrecarga da infraestrutura viária.Os impactos exclusivos da mineração são: a interferência em áreas de preservação permanente, o esgotamento de recursos não-renováveis e a geração de áreas degradadas. A geração e deposição de RCD, por sua vez, também causam impactos, e a sua reciclagem ajuda a minimizá-los. A disposição ilegal de RCD gera proliferação de vetores (ratos, insetos, etc.) e contribui para o esgotamento dos aterros de inertes.

Como a questão do transporte de carga e das distâncias percorridas é crítica tanto na mineração como nas usinas de reciclagem, estudou-se seus distanciamentos médios. As pedreiras distam, em média, 30 km do centro geométrico da RMSP; os portos de areia distam 89 km e as usinas de reciclagem fixas distam, em média, 19 km. Assim, o tipo de indústria que menos gera impactos relacionados ao transporte é a reciclagem.

Realizaram-se ainda estudos de caso que apontam que a reciclagem móvel gera agregados que, em 2/3 das vezes, são consumidos no próprio local onde foi gerado. Assim, as distâncias são ainda menos significativas nesta modalidade de reciclagem.

Comparou-se a eficiência entre mineração de rocha e reciclagem do ponto de vista de área necessária para a produção de uma mesma quantidade de agregado. Constatou-se que as pedreiras estudadas utilizam de 2,9 a 3,7 m² de área para a produção de 1m³ de agregado ao mês. As usinas fixas, por sua vez, obtiveram índices entre 1,2 e 1,4 m² de área/ m³ de agregado produzido ao mês.

A emissão de CO2 é um aspecto ambiental crítico tanto para as atividades de mineração quanto para a reciclagem de resíduos. É também um índice internacionalmente adotado para a comparação de atividades e processos, além se serem umas das categorias de impactos mais facilmente quantificáveis.

As emissões de CO2 foram calculadas segmentando as atividades em produção e transporte. As emissões relacionadas à produção foram dividas nas relacionadas ao sistema de britagem e às relacionadas aos outros equipamentos. Pedreiras tem transporte significativo de agregados dentro da própria planta, da mina até o beneficiamento. Este transporte foi contabilizado dentro das emissões da produção (outros equipamentos).

O modelo de cálculo das emissões de CO2 foi feito com base no Greenhouse Gas Protocol (GHG) e levantou os equipamentos, sua produtividade e a quantidade produzida em cada estudo de caso. Assim chegou-se ao volume de diesel à potência elétrica consumidos. Tendo o consumo energético de cada estudo de caso, este foi convertido em CO2 por meio dos índices do IPEA (2011): 3,2 kg de CO2/l diesel e 0,087 kg CO2/ kWh. Assim, chegou-se às emissões unitárias para cada empresa estudada.

Verificou-se que as pedreiras emitem mais que as usinas fixas e móveis principalmente devido a seu transporte e outras atividades auxiliares, à diesel, como a decapagem e abertura de novos acessos às minas. As usinas móveis são as que menos emitem CO2, principalmente por seu transporte ser o menor, compensando, inclusive, as emissões de seu britador, que é a diesel (os outros são elétricos).

A análise financeira da reciclagem foi feita através da qualidade do investimento a partir de um protótipo aplicado para os cenários de usinas fixa e móvel, com e sem financiamento, com uma análise probabilística de intervalo de confiança de 90%. Dentro de todos esses cenários o empreendimento se mostrou viável e rentável, apesar dos diferentes investimentos iniciais necessários em cada caso.

Na análise da qualidade do investimento também foi feita uma análise da distância usina/consumidor em comparação com a distância pedreira/consumidor. Assim buscou-se avaliar o impacto da distância no preço final para o cliente e também até que distâncias é possível trabalhar com agregados reciclados de forma competitiva com os agregados naturais.

Os resultados obtidos apontam a menor agressão da reciclagem ao meio ambiente urbano, inclusive em termos de emissões de CO2, bem como a possibilidade de obter-se resultados satisfatórios no investimento financeiro em usinas de reciclagem.

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