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secao 4!

Estudo de adensamento no Glicério

Denise Kaminaga

Denise Helena Silva Duarte

O tema do Trabalho Final de Graduação se iniciou a partir da inquietação gerada durante a disciplina AUT 221, Arquitetura, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, onde o tema do trabalho semestral foi o adensamento em edifícios de uso misto.

Para o TFG I, foi realizado um estudo teórico sobre os conceitos de densidade, e as formas de ocupação de alguns estudos de caso. Houve ainda a preocupação em estudar as densidades existentes no município de São Paulo, tomando como foco as áreas centrais. Esse levantamento se demonstrou importante na escolha da área de intervenção, definido ainda no TFG I.

O local de intervenção é constituído por uma antiga vila operária – a Vila da Rua dos Estudantes, que possui a sua origem em 1914-22. Após a intervenção causada pela implantação do Viaduto do Glicério entre os anos 1968 e 1971, que se apropriou de parte da área da vila, essa perdeu suas caraterísticas e incialmente grande parte de suas edificações originais e, ao longo dos anos, o restante delas. A área se tornou um espaço sem dinâmica e boa parte desocupado e degradado.

Vizinho às quadras de intervenção, há o viaduto do Glicério, estrutura que possui diversas vias e são continuação da Avenida Radial Leste-Oeste. O viaduto é o principal fator degradante ao espaço urbano da área estudada e de seu entorno, causado devido aos ambientes inutilizados embaixo de sua estrutura, aos incômodos sonoros, visuais e poluição, apresentando-se também como um bloqueio à escala do pedestre.

A proposta de intervenção buscou o adensamento da área, através de habitações que interagem entre espaços públicos e privados e o intercâmbio entre as duas áreas que margeiam o viaduto, por meio da criação de espaços públicos que aproveitam suas áreas residuais embaixo de sua estrutura.

O processo estabelecido para o desenvolvimento do projeto buscou a análise da micro e da macro escala, sendo primeiramente estudadas soluções para as plantas das unidades habitacionais. O projeto conta com unidades habitacionais de 3, 2 e 1 dormitórios, providos de aberturas em duas fachadas, permitindo em todas as unidades a ventilação natural cruzada e a iluminação natural de todos os ambientes.

A implantação surgiu a partir da necessidade de criar fluxos eficientes de pedestres, permitindo uma movimentação constante no térreo, onde foram previstos, além dos acessos principais aos blocos de habitação, também espaços comerciais, abrigando lojas de pequeno porte e outros tipos de serviços, como bares e restaurantes.

Os blocos visam as fachadas Norte, Nordeste e Leste aos dormitórios, permitindo o acesso à iluminação natural e à radiação solar em períodos estratégicos para a localização de São Paulo. As fachadas Sul e Oeste foram destinadas aos usos de área de serviços, cozinhas e circulação de acesso às unidades habitacionais.

Os blocos possuem até 10 pavimentos, sendo a cobertura em desnível, permitindo a eficiente coleta de água pluvial para seu reaproveitamento em atividades não potáveis. O entorno do projeto apresenta históricos de alagamento, apontando a necessidade de prever medidas de drenagem que minimizem esses eventos. Dessa forma, foi previsto para o projeto da praça da habitação, decks permeáveis elevados que permitem a infiltração de grande parte da água pluvial, além disso, o projeto apresenta ainda grande área verde em terreno natural e pavimentação em concreto poroso, que possui um bom coeficiente de permeabilidade da água pluvial.

Parte do terreno do projeto apresenta-se em desnível, sendo necessárias intervenções para permitir a acessibilidade da praça de habitação. Dessa forma, foi realizada uma praça em platôs totalmente acessíveis através de rampas, sendo possível chegar até o nível que possui os acessos às habitações, onde há acessibilidade em todo o térreo.

Em conjunto com o processo do projeto, houve também a avaliação dos quesitos de conforto ambiental, sendo constantemente avaliados os espaços de habitação e os espaços públicos. Para tal análise foram realizados levantamentos in loco do fluxo de veículos das vias do entorno, permitindo a avaliação dos níveis de ruídos através do software CADNAA. O estudo demonstrou altos índices de ruídos nas fachadas mais próximas ao viaduto, sendo necessárias intervenções que permitissem atenuar esses valores. Dessa forma, foi proposta uma barreira acústica no viaduto com materiais absortivos, melhorando a qualidade sonora do entorno. Assim, os níveis foram novamente calculados através de simulações do CADNAA, sendo alcançada uma diminuição de 10dB na fachada mais crítica.

Para o estudo de insolação, foi utilizado o software Autodesk Ecotect Analysis, que permite visualizar o alcance das sombras em determinados dias do ano e em determinados horários. Além disso, foi realizada uma análise das cartas solares em todas as fachadas do edifício e de seus vizinhos imediatos. O estudo auxiliou na escolha das melhores implantações para os ambientes de permanência prolongada, priorizando-se as fachadas estratégicas para os dormitórios.

O processo de adensamento de uma área ocasiona diversos impactos à infraestrutura presente no entorno. Dessa forma, foram avaliadas questões como a geração de resíduos devido à nova habitação, havendo a preocupação de avaliar a geração estimada de resíduos e a gestão dos mesmos permitindo a correta triagem e armazenamento, facilitando assim os fluxos de serviços e os processos de coletas externas.

A Operação Urbana Centro, vigente na área de intervenção, não estabelece como obrigatória a presença de vagas de estacionamento. Dessa forma, estabeleceu-se a restrição de automóveis no projeto, sendo implantadas vagas de bicicletas que atenderão a todas as unidades habitacionais.

Em conclusão, o estudo de adensamento nas áreas centrais se torna conveniente devido à presença de infraestruturas de transporte, redes e serviços. O processo de adensamento deve ser realizado analisando-se os impactos que a nova população trará ao entorno, assim como os impactos de uma nova edificação. Essas análises devem ser também presentes na avaliação das áreas privativas visando o conforto ambiental dos moradores e trabalhadores do projeto.

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