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secao 4!

Praça da Bandeira

Letícia Bernardi Peruchi

Fábio Mariz Gonçalves

O Terminal Bandeira é um dos três grandes terminais urbanos da cidade de São Paulo. A área historicamente conhecida como Piques ganhou maior importância com a construção da Câmara Municipal em seu entorno, em 1969. O lugar que um dia foi ponto de grandes transações de mercado, chegada e partida das tropas que vinham do Sul e do interior de São Paulo, em uma cota mais baixa que seu entorno próximo, na confluência de córregos que desembocam no Anhangabaú e de duas vias radiais importantes para o fluxo da cidade foi utilizado como estacionamento até 1996, ano da implantação do Terminal. Diferentemente dos outros dois grandes terminais urbanos da cidade, Princesa Isabel e Dom Pedro II, que se configuram em praça e parque que já existiam antes de sua criação; nunca houve uma Praça da Bandeira. Portanto o objetivo deste trabalho é propor o espaço que possa ser chamado de Praça da Bandeira, redesenhando o terminal e repensando o entorno.

Histórico

O Vale do Anhangabaú, identificado como o coração e símbolo da cidade moderna, onde atualmente encontra-se o Terminal e a Praça da Bandeira, já dispôs de 4 diferentes estruturas em 100 anos. Primeiramente, foi um Parque; depois, uma Avenida com elegantes lojas e cinemas; a seguir, um local degradado; e por fim, um local reconstruído como praça e túnel.

Encostado à colina em que se fixou o núcleo original da cidade de São Paulo, situa-se no limiar de caminhos importantes da expansão paulistana para o interior do país, que se transformaram em vias estruturais da cidade: Rua da Consolação, Avenida Brigadeiro Luís Antônio, Avenida São João e Avenida Tiradentes. Os córregos que formam o Anhangabaú, por sua vez, transformaram-se em importantes avenidas: o Saracura, na Avenida 9 de Julho, e o Itororó, na Avenida 23 de Maio.

Os dois extremos dão os pontos de travessia do Anhangabaú, conhecidos como Acu e Piques, cujas pontes tiveram nomes vaiáveis ao longo do tempo e eram as portas de entrada da cidade. O Vale do Anhangabaú era o elo entre a cidade, o interior - os quadrantes ocidentais - e o litoral. Em 1855 ocorreu a abertura da Rua Formosa, e em 1876, novas ligações foram estabelecidas entre a Rua São João, a Rua da Palha, a Rua Formosa, e a Rua Ipiranga.

Assim, 3 largos eram estabelecidos: Memória / Piques; Rua Doutor Falcão Filho / José Bonifácio / São Francisco (mais ou menos onde temos o terminal atual); e o Largo do Bexiga (formado pelas atuais ruas Santo Amaro e Santo Antônio, até a abertura da Rua Riachuelo).

Já em 1930, Prestes Maia elabora o Plano de Avenidas, no qual o parque Anhangabaú passa a receber as 3 radiais do sistema Y como Avenidas-parque. No Piques, Prestes propôs a construção do Viaduto de São Francisco e o paço municipal, no ponto de bifurcação das duas hastes do Y, no atual Terminal Bandeira.

Proposta

A área em questão é a confluência de três importantes eixos urbanos: a Avenida 9 de Julho, a Avenida 23 de Maio e o Vale do Anhangabaú. Neste ponto de convergência atualmente se encontram o Terminal Bandeira, que atende principalmente a porção Sul da cidade, uma quadra esportiva, pista de skate, o Restaurante-Escola São Paulo e a Câmara Municipal. O tipo de uso predominante em toda a área é misto: residências, comércio e serviços dispostos sem organização aparente.

Fisicamente, a área de influência direta deste projeto tem aproximadamente 160 mil metros quadrados, e apresenta um desnível de 15 metros, oscilando entre as cotas: máxima de 751 metros e mínima de 736 metros.

A proposta aqui apresentada tem origem em todos os fatos acima: uma praça elevada marca a convergência de eixos e os conecta efetivamente, organiza o uso do Terminal de ônibus e a circulação de pedestres, e vence os desníveis facilitando acessos a todas as extremidades da área. Além disso, algumas novas edificações são propostas, incluindo um Teatro, compondo com a nova configuração do espaço.

O espaço público proposto foi planejado de forma a se relacionar visualmente a dois viadutos próximos: O Viaduto do Chá e o Viaduto Santa Ifigênia. Os 3 formam um eixo visual que tem como protagonistas a bandeira do Brasil, mantida em sua localização atual, e o skyline de São Paulo.

O esquema de acessos atual e existente no local consiste em passarelas para pedestres que conectam os diferentes níveis. Esta proposta requalifica estas passarelas e cria uma praça central onde estes acessos culminam. Através de uma edificação proposta nesta praça central, acessa-se o Terminal de ônibus, que ficaria então localizado abaixo dessa. A configuração do Terminal Bandeira também foi racionalizada: corredores duplos de ônibus e o sistema de escadas rolantes conectando a praça a cada uma das plataformas do Terminal individualmente tornam a circulação de pedestres mais coerente e segura.

Outras mudanças importantes seriam necessárias para o sucesso desta proposta: o remanejamento do Restaurante-Escola São Paulo se faz necessário para a criação do acesso ao lado da Câmara Municipal. Uma nova edificação é proposta para este fim. Outros edifícios são propostos com a intenção de criar novos usos e circulação em toda a praça, dando vida e segurança a toda a área de influência deste projeto.

A proposição de um Teatro na área faz referência a um projeto desenvolvido anteriormente, em 1969, chamado de Teatro Praça das Bandeiras, de Aflalo e Gasperini. O projeto não construído é aqui referenciado já que se entende a importância da requalificação da área através de novos usos. Além disso, a intenção tem referência no Teatro de Alumínio que existiu na área na década de 50.

Sob a praça, além do Terminal de ônibus e circulação, uma série de estacionamentos conectando-se ao térreo das edificações da área compõe um espaço ideal para que as pessoas deixem seus carros enquanto circulam pelo Centro.

Por fim, é proposto o remanejamento e melhoria dos equipamentos urbanos existentes: uma nova quadra esportiva, uma nova pista de skate, novos canteiros, bancos e iluminação pública, compondo com a praça central. O Jardim da Divina Providência é mantido, com a criação de um novo acesso.

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