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Estudo do patrimônio arquitetônico em Jahu:

arquitetura eclética e melhoramentos urbanos na República Velha

Lucas Caracik de Camargo Andrade

Andrea Buchidid Loewen

O presente Trabalho Final de Graduação trata do patrimônio arquitetônico da cidade de Jahu, localizada na região central do interior do estado de São Paulo. Mais especificamente, a pesquisa pretende estudar um dos períodos mais importantes na história da cidade. Período este que compreende o final do século XIX até o início década de 30 do século XX.

A importância do período reside no significativo desenvolvimento econômico, propiciado pelo café, e a consequente vinda de imigrantes italianos para trabalhar em tal lavoura. Esta situação, juntamente com o advento da República, em 1889, fez com que muitas cidades investissem em melhorias e embelezamentos. Ruas eram calçadas, praças e espaços públicos eram criados ou ampliados e, muitas vezes, como no caso de Jahu, eixos monumentais eram projetados, construídos e evidenciados com a edificação de paços municipais, igrejas, casarões e palacetes.

A arquitetura do período revelou a marca da imigração em nossa cultura. Os casarões, sobrados e estabelecimentos comerciais ostentam formas e ornamentos que remetem às disposições da edilícia europeia, peculiares ao elenco de estilos caro ao ecletismo oitocentista.

Naquele período, a sociedade passava por transformações em todos os seus segmentos e a arquitetura, como uma metonímia, expressou essas mudanças em suas formas, em sua distribuição espacial e, mais importante, na forma de organização da cidade, ou seja, no desenho do arruamento e no encadeamento dos edifícios e espaços públicos.

Fundado em 1853, o povoado de Jahu era um típico patrimônio religioso sobre uma grande mancha de terra roxa. As pequenas lavouras de subsistência se desenvolveram até o momento em que o café foi trazido por alguns fazendeiros da região. Inicialmente, a cultura cafeeira se desenvolveu lentamente e esbarrava em limitações endógenas ao território de Jahu. Entre os principais entraves havia a grande distância até o porto de Santos, superada a cada dois meses através do transporte animal, em lombo de burros e mulas.

O constante desenvolvimento da cultura cafeeira propiciou à Jahu a manutenção da sua importância como centro de convergência regional até o final da década de 1880, quando ocorreu a construção da estrada de ferro na região. A partir daí, a maior eficiência e velocidade do transporte sobre trilhos facilitou o escoamento da produção de café de Jahu e toda a região. Assim sendo, os lucros advindos da comercialização e exportação do café, propriedade da grande burguesia cafeeira e, também, da burguesia agrária local, foram investidos em bancos e na expansão da ferrovia. O capital investido, por sua vez, ampliou o orçamento dos fazendeiros e da administração pública, que arrecadava com suas taxas e impostos.

O povoado, durante esse período, se desenvolveu econômica e politicamente e tornou-se cidade no ano de 1889. A urbanização também se intensificou, melhorias foram implementadas e novas formas de se construir foram desenvolvidas, em parte graças à chegada do imigrante e da ferrovia, que aproximava o continente europeu às cidades do interior da província.

A marca maior e mais duradoura deste importante período, vivido pela cidade de Jahu, encontra-se em sua região central e contém, em suas quadras, os principais edifícios e espaços públicos da cidade. Trata-se do eixo monumental.

No presente trabalho, este conjunto urbano arquitetônico é apresentado por meio de seus principais edifícios e espaços públicos. O percurso inicia-se na parte baixa da cidade, próxima ao rio, com a Praça da República, e segue com a Praça da Independência, a Igreja Matriz, o Paço Municipal e as antigas Estações de Estradas de Ferro.

O estudo, portanto, contempla diferentes escalas, desde o conjunto urbano e alguns conjuntos de edificações até residências e ornamentos. E, por fim, há a apresentação de alguns dos construtores, arquitetos e desenhistas por meio de desenhos de projetos daquele período, preservados nos antigos livros de projeto da prefeitura.

Em suma, o presente trabalho é pautado por um cuidadoso levantamento de fontes primárias e pela sistematização das mesmas, importantes para o estudo da arquitetura e do urbanismo da cidade, no período aqui delimitado.

Jahu, que naqueles tempos iniciava sua existência urbana e se preparava para o desenvolvimento vindouro, hoje lida com as dificuldades de uma cidade contemporânea, entremeada por vários estilos arquitetônicos e vários ideais, muitos ainda, e infelizmente, antagônicos à preservação da história e cultura de seu povo.

A sociedade jahuense, por sua vez, parece cada vez mais interessada e curiosa em relação à cidade e à história de onde vive e onde viveram seus antepassados. Prova disso são as agremiações em redes sociais que tratam do patrimônio histórico e da cultura, material e imaterial, da cidade. Por trás destas reuniões virtuais, onde ocorre, até mesmo, troca de material iconográfico e documentos históricos, há entusiastas, alguns até, estudiosos, extremamente pró-ativos na criação e organização de eventos de fomento ao patrimônio histórico e arquitetônico.

Destarte, a cidade de Jahu contemporânea, tão grande e diversificada quanto à cidade durante o desenvolvimento da economia cafeeira, é, portanto, uma cidade de responsabilidades crescentes. A organização, a manutenção e a utilização digna de seu patrimônio histórico e arquitetônico devem ser tomadas com a devida atenção e respeito pela administração municipal, seja qual for, e a população, maior interessada e beneficiária de sua existência, preservação e utilização. Só assim a cidade que se constrói fará sentido, permanecendo e se desenvolvendo como um espaço identitário, relacional e histórico. Em assim sendo, o presente Trabalho Final de Graduação tem, entre suas pretensões, organizar, por meio de dados históricos, fotografias e desenhos, os principais edifícios e conjuntos do patrimônio arquitetônico dos tempos do café na cidade de Jahu.

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