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secao 4!

Escola de Música e Dança em Embu Guaçu

Natalie Oliveira Friaza

Alvaro Luis Puntoni

A proposta para o desenvolvimento deste projeto final de graduação foi, desde o princípio, imaginado para a cidade de Embu Guaçu, município integrante da região metropolitana de São Paulo, e lugar onde cresci. Certamente minha história e proximidade com o espaço observado e experimentado por tantos anos me estimulou a explorá-lo da forma que me havia em mãos: a arquitetura e o urbanismo.

Durante minha graduação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, pude projetar os mais diversos edifícios, em diversas circunstâncias, contudo, não me surgiu a proposta de um trabalho numa cidade de porte e contexto similar a esta.

Tendo conhecimento de suas deficiências e potenciais, enxerguei a possibilidade de desenvolver um projeto arquitetônico, tal como pretendido, enfrentando questões novas que trouxessem outra dinâmica a cidade.

A opção por um equipamento cultural se construiu, prioritariamente, pela escassez deste na cidade em discussão, assim como acontece em muitas outras na RMSP. Da mesma forma, a anseio de contribuir e reconstruir socialmente este espaço, qualificando-o para seus moradores, foi, igualmente, motivação para esta escolha. As escolas de Música e Dança tem a premissa de promover a atividade cultural, incentivar a prática de ambas as artes por meio de cursos e oficinas e disponibilizar espaços flexíveis para abranger as diversas práticas e exercícios culturais que acontecem, de modo a atender tanto as escolas quanto a demanda da cidade de maneira geral. Entende-se que para que esta expansão cultural seja efetivamente estimulada, é preciso a concepção um espaço atrativo, qualificado, e com a infraestrutura adequada, diferente da realidade atual.

A cidade palco do projeto, como dito, é parte da RMSP, mas pouquíssimo é conhecido a seu respeito além de seus moradores. Embu Guaçu está localizado a aproximadamente 40 km de São Paulo e estima-se que hoje sua população gire em torno de 70.000 habitantes.

É caracterizada como “cidade dormitório”, ou seja, o município comporta número ínfimo de atividades e seus habitantes precisam constantemente ir a São Paulo, seja a trabalho ou a lazer. Este cenário sentencia a desqualificação do espaço e restringe as possibilidades dos moradores dentro de seu próprio território.

O turismo está principalmente ligado ao lazer ecológico, portando alguns pequenos parques, trilhas e campings, mas que raramente são explorados pela população.

A mais significativa carência observada na cidade durante os anos em que vivi é a falta de identidade para a região ou para seus moradores. Pode-se dizer que caráter atribuído por seus habitantes é, majoritariamente, depreciativo. É o “lugar que não tem nada a se fazer”, “o lugar que nada acontece”. Por seus limites estarem inseridos em área inteiramente de manancial, a vocação formal que lhe é dada é de responsável pelo abastecimento da Represa Guarapiranga, servindo-a com volume aproximado de 30% da sua capacidade. Mas não é o bastante para que seus habitantes e visitantes a identifiquem apropriadamente.

A realidade pode se reestruturar.

Buscar a identidade e estabelecer nova dinâmica para cidade é objetivo fundamental deste trabalho. Por meio do projeto, planeja-se trazer a discussão da construção da coletividade e desta identidade há tempos apagada.

A Região Metropolitana de São Paulo se expande cada fez mais, tomando forma e atraindo cada vez mais pessoas. Nos últimos 10 anos, Embu-Guaçu difere substancialmente da cidade que era antes, hoje tem a população e o cenário urbano transformado e em processo, sem a cautela necessária proveniente do poder público. É preciso orientar a cidade para um crescimento prudente, equipa-la e oferecer qualidade de vida a seus habitantes atravancados e dependentes das regiões adjacentes.

Seguramente o município oferece elementos para que essa transformação aconteça, e foi através dessa análise que a concepção do projeto foi estruturada.

Para isso, investigou-se esses diversos elementos presentes na cidade que pudessem resgatar sua identidade, e estreitar sua relação com seus moradores e cidades vizinhas. Com esta prerrogativa, é proposto a construção das escolas de Música e Dança, ao longo do eixo da Rua Boa Vista, principal via vinculada ao comércio e equipamentos urbanos e centraliza as mais variadas atividades. É um eixo importante e atrativo, pois é destino de grande parte da população que caminha pela cidade procurando por comércio de bairro como supermercados, padarias, farmácias, varejo, serviços, entre outros. É também nela que se encontram as principais praças da cidade: a Praça Inácio Pires de Morais e a Praça Ivan Braga de Oliveira.

Também espalhado ao longo desse eixo encontram-se bem a biblioteca, que serve para acervo da documentação e história do município, inexistente hoje e um auditório que serve as duas escolas e os eventos que possam vir a acontecer na região, além de uma grande praça de apresentações, palco das atividades culturais produzida pelas escolas e pela cidade. Cada um dos projetos distribuídos propõe, dentro de seu respectivo lote, novas praças para o eixo, permitindo a multiplicação das mesmas e a qualificação deste espaço. Pequenas praças e praças elevadas permeiam os edifícios e dão vida ao projeto.

Este projeto também propõe a reativação da ferrovia que cruza a cidade (Marinque – Santos) para o transporte de passageiros, inativo há anos. A relação mantida entre a cidade e os trilhos que a cortam é distinta e viva. É comum encontrarmos visitantes de fora da cidade parados a beira da linha admirando ou tirando fotos pela rara situação que é ter a linha cruzando o centro de uma cidade sem barreiras físicas aparentes.

Dessa forma, propõe-se a reativação da ferrovia pra passageiros buscando, junto a empresa concessionária e às esferas estadual e federal, parcerias e recursos para implementação de um circuito turístico através do trem de passageiros, aos finais de semana e feriados, e demais dias possíveis, de maneira a auxiliar a chegada de estudantes e visitantes das regiões vizinhas para os equipamentos propostos na Rua Boa Vista.

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