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secao 4!

Mídias Digitais como Forma de Representação na Arquitetura

- Um Aplicativo Sobre o Centro Cultural São Paulo

Andre Hiroyuki Yoshioka

Silvio Soares Macedo

O processo de concepção de arquitetura costuma tomar forma no rascunho, nas linhas simples que tentam traduzir espaços e ideias, seguido de todo aparato possível para dar forma ao projeto, indo para os desenhos conceituais, ante projeto, projeto arquitetônico, desenhos técnicos, modelagem em escala e mais recentemente para as simulações virtuais.

Todas essas formas de representação possuem códigos próprios dentro do desenvolvimento do projeto, tendo cada etapa sua própria linguagem, sendo a grande maioria para o entendimento de quem está imerso no universo da construção. Assim, portanto, de difícil compreensão a quem se encontra fora das áreas onde esses jargões são empregados. A existente lacuna entre a representação do espaço e o seu entendimento real, segundo Bruno Zevi, está no fato de que plantas, cortes e elevações correspondem a projeções abstratas para medir distâncias de referências entre os elementos da construção (ZEVI, 1994). Estes parâmetros são para orientar os técnicos que irão executar a obra, mas para o cliente que contratou o arquiteto, os eixos no desenho nada mostram em como o espaço se constituirá.

A motivação para o seguinte trabalho foi a de como colocar estas informações, representadas de maneira tão específicas, numa linguagem simplificada que pudesse conter meios para que uma pessoa, sem a formação específica, conseguisse compreender o espaço ali representado.

O trabalho começa com uma abordagem sobre os modos tradicionais de representação e, principalmente, como normalmente a questão de projeto é passada ao público em geral, através de mídias como livros, revistas, sites, jornais, vídeos, etc. As análises então foram feitas a partir da minha própria leitura e também de opiniões de colegas de curso, os quais possuem formação sobre arquitetura e design, e de familiares e amigos, com pouco ou quase nenhum conhecimento sobre as disciplinas aqui discutidas. Os exemplos foram mostrados para ambos os grupos e pedi para que me descrevessem o que haviam absorvido sobre o conteúdo e se eles achavam satisfatória a maneira como a informação era posta.

A seguir começou-se os rascunhos para feitura de material para tentar simplificar a linguagem arquitetônica. Foi escolhido o Centro Cultural São Paulo como objeto de estudo por se tratar de um edifício público de grande importância para a cidade e que havia sido pouco abordado entre os grandes projetos estudados durante a graduação.

Este edifício de autoria de Eurico Lopes e Luiz Telles tem como uma das grandes características o conceito de “rua interna” que se configura como uma extensão da cidade para dentro da edificação. A pessoa que adentrasse no espaço teria inúmeras formas de percorrer os mesmo, e nos meandros desse percurso encontraria os locais de interesse como os pátios, os teatros, o acervo, a biblioteca; onde circulação, estar e lazer se mesclariam, tudo como uma extensão da rua, onde calçada e edifício se integrariam.

A realidade aumentada (RA) se mostrou muito promissora como a ferramenta de auxílio procurada em um primeiro instante, pois era a que mais se interligava com o impresso. Essa tecnologia consiste na “adição de elementos virtuais ao ambiente real em tempo real, num mesmo meio”(ROSA Amim, pág.14). Os primeiros rascunhos foram feitos se pensando numa base gráfica 2d, muito pautada nas características dos infográficos, com textos rápidos e peças gráficas para explicar alguns aspectos do projeto, do edifício em si, usos, etc. A realidade aumentada entraria como uma ferramenta que, partir dessa base, puxaria pelo dispositivo digital informações adicionais, textos complementares, modelos, vídeos, etc. Ou seja, um aprofundamento do ali representado no papel, onde o usuário poderia decidir o nível de informação que desejaria alcançar. Mas por questões de limitações o meu conhecimento técnico e limitações dos próprios programas usados na programação da RA optou-se por abandonar esta técnica e partir para a feitura de um material integralmente dentro de uma plataforma digital.

Com base nos levantamentos e depoimentos foi então criado uma rede de informações e sua hierarquia baseada em três grandes blocos: o Centro cultural, o edifício e atividades, e a partir deles sairiam os diversos assuntos sobre o projeto e usos, e como eles se ligariam entre si. A primeira tentativa foi baseada na plataforma iPod/iPhone e foi criado uma espécie de livro ou revista digital, com um sequencial de artigos falando sobre os mais diversos aspectos do edifício. A limitação do aparelho e o tipo de abordagem não estavam gerando resultados positivos pois estava se usando uma organização metódica relativamente similar a outros trabalhos de publicações de arquitetura nos quais eu já havia trabalhado. Ou seja, neste ponto e sob esta ótica, o trabalho estava, de certa maneira, se auto negando.

A grande mudança foi a da inversão de abordagem e hierarquia das informações. O modelo 3d que antes estava escondido, agora seria um dos principais meio de navegação, de onde o leitor iria destrinchar o projeto, buscando as informações que lhe interessam. Com isso também ocorreu a mudança da base iPod/iPhone para o tablet iPad pois sua tela maior traria mais possibilidades de ferramentas e comandos para o modelo, além de facilitar sua visualização.

Disto saíram os rascunhos como seria a navegação dentro aplicativo e as funções tela por tela, além das conexões entre as mesmas. Neste ponto que surgiram as diferenciações dos modelos tridimensionais e como seria a interação que se teria com eles, com adicionamento de botões para controlar as vistas que se queira ter e os pontos clicáveis. Neste ponto os menus começaram a tomar forma e começou-se a propor vistas em primeira pessoa e que aspectos do edifício seriam interessantes nesta visada.

A colocação da linguagem arquitetônica numa forma simples e extrapolar os limites da representação tradicional foi o grande desafio deste trabalho associado a isto a imersão em um universo completamente novo das mídias digitais culminou no conhecimento de muitas novas ferramentas e numa nova possibilidade profissional.

Trabalho disponível em: http://issuu.com/andrehiro/docs/caderno_sd

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