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secao 4!

Insano

- Desfile de Carnaval para o Sambódromo Paulistano

Camila Ismerim Lacerda

Silvio Soares Macedo

Este trabalho teve como base o intuito de obter a experiência do arquiteto desempenhando o papel de carnavalesco, o qual é elemento conector entre samba, cor, luz, sentimento, propósito e concepção cenográfica e indumentária. Logo, o objeto se torna a inserção do arquiteto nos desfiles de carnaval, sua preocupação com o espaço que o contém e pelos elementos contidos, segundo as raízes e propósitos sócio-culturais dos desfiles, bem como o aprendizado resultante dessa transação. Partindo do pressuposto de que as características do espaço influenciam diretamente na dinâmica, escala e decisões cênicas, principalmente a sua forma e o relacionamento com o público.

O Sambódromo é dotado de uma variedade de perspectivas, o olho humano pode estar a uma altura em torno de 26m até 1,6m. Ou seja, o desfile precisa se preocupar com todas essas variáveis englobando não só o conjunto à distância, mas o detalhamento no nível do chão. Apesar de o desfile representar um conjunto, pouco detalhe geralmente é aplicado ao planejamento da parte inferior dos carros. A aproximação neste nível muda muito a escala, e por mais que se preste atenção às partes superiores dos elementos, o que mais chama a atenção é o que está abaixo, mais perto da linha do olhar. Portanto, o primeiro ponto a destacar é a necessidade de se ater ao acabamento inferior dos elementos, em especial dos carros alegóricos.

O segundo ponto de destaque seria o fato de para quem está nas arquibancadas superiores, os componentes poucas vezes são vistos em sua unidade, mas sim como trabalhados em conjunto. Ou seja, o detalhe das fantasias e transição entre alas deve ser fluido e funcionar como elementos em complementares.

O carnavalesco é o profissional conector e responsável pela concepção do desfile, muitas vezes do tema. Encarregado do enredo a ser apresentado por uma escola de samba, bem como do desenvolvimento e construção das alegorias e fantasias relacionadas à sua proposta. Junto à equipe de criação realiza os desenhos e projetos de fantasias e carros alegóricos, bem como designa a evolução e o roteiro a ser seguido por essa cenografia em movimento e, no momento de apresentação, coordena essa progressão.

A parte projetual do carnavalesco está conectada diretamente com o samba-enredo. O desfile precisa estar de acordo com a evolução e letra do samba. Mas também, esse processo é dotado de um trabalho de pesquisa extenso quanto ao tema, a fim de saber não só o sobre o que se trata, mas como e o que passar para a avenida.

Ou seja, mesmo com a escolha do tema, possuímos mil e uma formas de montar o desfile, pois apesar do tema, o enredo, ou seja, a história, tem tanto o foco à escolha do carnavalesco como a forma que essa narrativa é contada. Seja dissertando de forma tradicional ou fugindo de lugares comuns, o estilo de representação do tema é de responsabilidade integral do carnavalesco.

O tema escolhido para este trabalho foi selecionado entre os diversos já escolhidos para o Carnaval 2014. Isso ocorreu devido ao fato da necessidade de escolher um tema real, sem repetir temas passados. Dentre todas as opções, foi destacado o tema Insano, que será representado pela escola X-9 em 2014.

O desenvolvimento do enredo, ao invés de ter seu início por já conhecidas facetas da insanidade, teve seu ponto de partida na característa que eu, como carnavalesca deste desfile, considerei mais relevante. Desta forma, eu abro o desfile com a essência do Insano, a sua natureza. Esse primeiro contato do público com o desfile é importante, logo, a forma como a abertura e o fechamento do mesmo decorre é de vital importância.

Insanidade. Mais compreensível do que imaginamos. Mais ao nosso alcance do que adimitimos. O Insano é a faceta sempre oculta do nossas vidas e, mesmo aquele que tentar negar ou esconder, abriga um louco dentro de si.

O Insano que aqui se desenvolveu começa na noite, oculto, uma faceta humana reprimida. E finalizamos trazendo-o para a luz do dia, para as nossas vidas, não mais na surdinam, o Insano está em todos nós.

Enfim, insano. Reprimido, sim. Inexistente, nunca. A loucura está na cultura, no dia a dia, no Carnaval. Não somos maniqueístas. Se temos razão, é por que alguma parte de nós é loucura.

O ponto mais crítico desse processo e o que o diferencia de uma cenografia, é que não é apenas a concepção visual que fica a cargo do carnavalesco, mas também o roteiro, a trama, a história. Isso pode dificultar a criação pois o objetivo não é claro e sempre modificado. Durante o processo dos desenhos, várias idéias foram descartadas por apresentarem incoerências ao todo. Os desenhos serviram como motivação visual do conjunto, o que também corrobora a teoria que não é possível fazer a concepção do desfile pelas partes, ou seja, não é apenas uma fantasia, é um elemento que antecede e procede outros e precisa manter a sua coerência estética (formal e cromática) e a de significância. O desfile é uma arquitetura viva que percorre a avenida do samba. Como consequência, fazer os desenhos de concepção do todo foi essencial para o desenvolvimento do enredo e para solidificar as conecções. Temos como postura essencial neste trabalho a composição do desfile, sua cadência e desenrolar narrativo harmônico.

Para desenvolvimento desse elemento vivo, após ter o enredo base desenvolvido e uma setorização prévia, o foco foi aplicado principalmente nas alegorias. Como elementos de grandes proporções e presença na avenida, se torna necessário ter uma clara visão de como essas alegorias se comportam.

O trabalho em seu estágio final buscou unir desenhos conceituais de fantasias, aliados a representações elaboradas das alegorias com o intuito de ter uma visão do conjunto. Estudos com desenhos e maquetes 3D foram realizados para afinar essa composição.

O resultado foi uma representação conceitual de como seria esse Insano desfile.

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