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secao 4!

CONDOMÍNIO-CLUBE VERTICAL EM SÃO PAULO:

ESTUDOS DE CASOS RECENTES

FERNANDA MOTA LIMA

VERA MARIA PALLAMIN

O termo condomÍnio-clube, criado pelo mercado imobiliário, caracteriza um grande empreendimento residencial verticalizado servido por extensa área de lazer e convivência. As empresas vendedoras defendem ainda a facilidade aos moradores por não precisarem se deslocar para usar os serviços do dia-dia, como academia e recreação, com segurana e pelo preço do condomínio.

Piscina, espaço gourmet, quadras recreativas, parque infantil, decks, academia, gazebo, salão de jogos e praça de encontros. Itens que até pouco tempo só eram encontrados em imóveis de alto padrão se tornaram tendências em empreendimentos voltados para o segmento econômico. (...). O sucesso de vendas dos condomínios-clube se deve ao maior diferencial deste padrão de empreendimento e proximidade com as atividades de lazer. (...). Para os clientes de condomínios com este padrão, além das estruturas de lazer e do valor acessível, há outro fator preponderante para o comprador optar por este tipo de imóvel - a segurança.

Por que morar em um condomínio-clube?

Os terrenos são grandes o que permite diversas implantações no terreno, normalmente desvinculando-se do alinhamento da rua e buscando uma organização interna entre as torres, bem como a possibilidade de dispor equipamentos de esporte e lazer condominiais. A utilização de quadras inteiras ao mesmo tempo que permite o melhor aproveitamento das áreas verdes, que de outro modo, estariam divididas em pequenas massas; a construção de equipamentos coletivos; a liberdade de implantação; permite também o adensamento intenso, as inúmeras vagas de garagem trazem reflexos negativos imediatos na vizinhança.

Fator de destaque é o cercamento dessas áreas, por meio de muros, gradis e monitoramento, que terminam por consolidar o distanciamento do contexto urbano. A vizinhança não é apenas ignorada, mas existe um afastamento ativo desta. Aquele trecho da cidade se torna impermeável ao pedestre e a relação com a rua está restrita ao contato que esta estabelece com o muro.

Inicialmente, os empreendimentos com este conceito eram exclusividade das classes sociais mais altas. O modelo adequou-se e apesar de oferecer os mesmos serviços, o número de unidades aumentou e a área útil dos apartamentos diminuiu, manteve a homogeneidade entre os moradores, agora de outros grupos sociais. A viabilização de tal empreendimento se deu, também, pela escolha de terrenos mais baratos na periferia, algumas vezes próximos a galpões ou favelas.

Apesar da atual proliferação desse modelo, há indícios antigos do surgimento do conceito como é o caso do Edifício Rodrigues Alves, que se construído ocuparia um quarteirão inteiro da rua Itacolomi, no bairro do Higienópolis. No anúncio, publicado na Folha da Manhã, dia 2 de julho de 1944, é apresentado o condomínio com três torres de apartamentos, jardins, playground, piscina, quadras de tênis e de vôlei, cabines para banhos de luz e de vapor.

Além de todo tipo de equipamento para exercícios físicos e higiênicos indispensáveis à conservação da saúde e cuja prática diária se torna dia a dia mais difícil, na nossa capital, por motivo da crise de transportes. A justificativa da crise de transportes de outra época parece fazer mais sentido atualmente. E o condomínio-clube se torna uma realidade para diversos estratos da sociedade e razão de investimentos.

Depois dos anos 2000, as manchetes passam a anunciar a tipologia para outras classes, de menor poder aquisitivo. A expansão de crédito para moradia no início do século sugestionaram a busca por novas soluções e nesse contexto o condomínio-clube mostrou-se interessante no sentido de baratear os custos de manutenção, oferecendo novidades. As reportagens estão repletas de elogios à Condomínio-clube: uma conquista de São Paulo - qualidade de vida que atrai compradores de imóveis, pensado como uma pequenina cidade ou como uma chácara urbana.

Na cidade de São Paulo, ainda que a tipologia estudada esteja principalmente distribuída no vetor sul e oeste, existe um movimento também em outras localidades, como em Santana ou no Tatuapé. Em geral os terrenos são grandes, excedendo os 10.000 metros quadrados e tem origem diversa, de antigas fábricas e galpões, a terrenos vazios, arborizados.

Existem alguns bairros que possuíram crescimento mais intenso, como na região do Butantã, Morumbi (incluindo uma área mais extensa que o mercado imobiliário denomina Morumbi sul), Vila Prudente, Campo Limpo, e outros que, dado ao saturamento tanto da infraestrutura urbana quando da indisponibilidade de terrenos vazios ou subutilizados, não alcaçaram os mesmos números.

A maioria dos terrenos são bem grandes, estão próximos à avenidas ou à rodovias, quando não, com acesso direto a elas. Os entornos desses terrenos são muito diferentes entre si. Assim seja na Rodovia Raposo Tavares, com a ocupação de lotes antes industriais ou terrenos vazios, seja na Avenida Vital Brasil, repleta de imóveis de uso comercial, menores, o modo como são implantados é sempre o mesmo: isolado e não-relacional. São áreas mais baratas, próximas à áreas verdes, chamam a atenção.

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