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secao 4!

Moradia Estudantil para Unifesp Campus Baixada Santista

Fernanda Regina Okuyama

Maria Cecília Loschiavo dos Santos

A importância desse trabalho vai além do exercício de desenho projetual de arquitetura, ela reside também na discussão da moradia no âmbito do universo estudantil, é evidente que esse ambiente também contribuirá no processo de formação não só do profissional, mas do cidadão.

A moradia é uma necessidade básica do ser humano. A casa representa o abrigo, uma extensão do corpo, um espaço de vida, pois é o ambiente de repouso, da intimidade, das relações mais afetivas; enfim, o lugar do cuidado, consigo próprio e com o outro. É também o local onde o homem se fixa e estabelece relações com outros homens e com o mundo. Quando uma pessoa constrói ou ocupa uma casa num local explicita uma necessidade ou disposição para ficar e conviver com as outras pessoas desse lugar.

O objetivo é propor um edifício para a Moradia Estudantil da Unifesp Campus Baixada Santista, e também discutir questões que cercam esse mesmo tema para que essa moradia não seja definida apenas como um simples alojamento estritamente vinculado à renda, e sim de um espaço de vivência e produção que possa acrescentar experiências construtivas na formação profissional e social do indivíduo que ingressa na universidade, destinado à todos os estudantes que precisam desse apoio e procurando priorizar aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica, repensando um modelo da moradia estudantil.

A princípio, o vínculo com o espaço da moradia parece iniciar-se pelo vínculo da universidade, mas sem se limitar por aí. A moradia também faz fronteiras com a cidade, com o bairro, com a vizinhança. A gestão do espaço da moradia adentra a vizinhança, a cidade, onde essa gestão encontra outras gestões relacionadas a este espaço específico e onde outras normas de convívio e outras políticas passam a fazer parte do universo de reflexões do que significa morar e atuar na Moradia Estudantil.

A gestão parece implicar numa compreensão de um diálogo imprescindível entre todas as partes envolvidas no processo, em prol da construção da moradia e seu bom funcionamento. A preservação de uma dimensão individual e sua articulação com a dimensão coletiva e pública da moradia levam os seus moradores a pensar em formas de gestão deste espaço. É necessário que estas formas de gestão dialoguem ou interajam com a gestão institucional.

As unidades que compõem a atual configuração do campus Baixada Santista estão espalhadas pela cidade de Santos, e de acordo com o plano de expansão da própria universidade, os terrenos disponibilizados para esse fim denunciam a impossibilidade de reunir todas as edificações num único terreno, mas evidenciam sua permeabilidade pela cidade, o que pode representar um fator positivo, capaz de estabelecer uma relação mais estreita entre a dinâmica da universidade e da cidade.

O terreno está localizado no bairro do Jabaquara em Santos, sua posição é estratégica com relação ao acesso às futuras unidades propostas, ao transporte público local e intermunicipal. O terreno abriga hoje um estacionamento pertencente ao Clube Portuguesa Santista, que está situado no terreno ao lado, e possui dois acessos: um principal, pela Avenida Pinheiro Machado (canal1) e outro pela Rua Cincinato Braga.

Ficha Técnica

Todo sistema construtivo foi pensado a partir do reuso de containers de carga, feitos em aço e muitas vezes subutilizados, já que sua vida útil para o transporte representa cerca de 20% da vida útil do material propriamente dito, que chega a 90 anos. Todos os anos são retirados do transporte marítimo, de 20 a 30 mil containers. A maioria em bom estado para a reutilização, no entanto, na construção civil, não chega a 1% o número correspondente à reutilização. Uma das grandes preocupações do projeto foi pensar numa obra de baixo impacto ambiental e mínima produção de resíduos.

O aço corten foi escolhido para compor a estrutura auxiliar por ter em sua composição elementos que melhoram suas propriedades anticorrosivas, fundamental para minimizar a necessidade de manutenção.

O Projeto da Moradia, consiste em dois edifícios principais, com acesso restrito pela Rua Cincinato Braga, dedicados à residência para os estudantes, configurados a partir do desenvolvimento de uma tipologia de apartamentos, prevendo o melhor aproveitamento possível da unidade de 27m2. Cada unidade inclui sanitário, pequena copa e sala de estudos separada do dormitório e pode acolher uma ou duas pessoas.

O pavimento térreo é dedicado aos portadores de necessidades especiais, com acessos e unidades adaptadas. No total são 180 unidades, que podem abrigar o número máximo de 340 pessoas.

Para cada pavimento foram previstos três espaços de uso coletivo: lavanderia, sala de estudos e sala de estar/cozinha, capazes de atender aos moradores de cada andar. Além de áreas como estacionamento, bicicletário, horta coletiva para atender todos moradores.

Para o edifício anexo, localizado na frente no terreno, na Avenida Senador Pinheiro Machado, a proposta é um edifício que abrigue uma pequena biblioteca, com sala de estudos e sala multiuso, restaurante universitário, além de salas de aula e um café de uso público, abertos para a comunidade.

As adaptações de um container para a arquitetura incluem o tratamento de isolamento, incorporando as questões térmica e acústica, o corte para portas e janelas para garantir iluminação e ventilação adequada do espaço interior e os revestimentos internos, que incluem o piso e as paredes.

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