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secao 4!

Metrô Paraíso -

intervenção no modelo de cidade compacta

Leandro Ishioka

Fábio Mariz Gonçalves

APRESENTAÇÃO

Este trabalho fala sobre cidade. Especificamente sobre São Paulo. As inquietações e discussões que aqui trago são reflexo de uma vida morada nessa cidade e percorrida por outros lugares, que me fizeram perguntar se o que estava acontecendo aqui era o que de fato deveria acontecer. Ficam as lições que a São Paulo me ensinou. Do que fazer; ultimamente, mais do que não fazer, mas sobretudo sobre o pensar como as mudanças podem ocorrer e que se podem enxergar possibilidades maiores.

Essa São Paulo desorganizada, de crescimento expansivo, da construção cujo propósito primeiro é o lucro absoluto nos mostra como ainda se tem que mudar, desde a mentalidade individual até a própria legislação. É deveras possível, e a investigação proposta demonstra que há caminhos por onde se possa mudar. A proposta é uma idealização do que entendo que possa acontecer muito em breve, porém por caminhos que se desviam de tal hipótese.

Inicia-se sobre um falar sobre a cidade, sua construção, os meios de intervenção, erros e acertos. São fatos do cotidiano, que nos instigam a questionar o que vemos e sentimos: no caso, a cidade que está aqui construída e pela qual passamos, habitamos, todos os dias. Da observação, parte-se para um estudo, sobre o conceito de cidade compacta e suas implicações; como podemos aplicá-lo ao dia a dia. Do estudo, a aplicação através do método proposto de investigação pelo desenho. Por fim, como síntese, o projeto: da escala urbana à arquitetura.

A CIDADE COMPACTA

Um modelo de cidade que privilegia as pessoas é o da cidade compacta. Nesse modelo, o ponto central é a comunidade, formada por pessoas que se deslocam de modo eficiente e se interagem por ela. Nesse modelo, há a valorização da diversidade e o predomínio da rua, não como vias de passagem dos automóveis apenas, mas sim, como sendo parte da comunidade, agindo em favor do pedestre. Dessa forma, é uma visão mais humana da cidade, que está mais atrelada ao convívio nas ruas e mais ligada ao tempo e à escala das pessoas.

Na cidade compacta, o uso do automóvel é desestimulado. Os deslocamentos podem ser feitos de forma mais rápida e eficiente, baseado na rede de serviços cotidianos estabelecidos ao alcance da comunidade e numa rede de transporte público para distâncias maiores. Menos carros na rua significa, também, menos emissão de poluentes e ruídos, o que estimula as próprias pessoas a caminharem ou andarem mais de bicicleta, a ocuparem mais o espaço junto da rua, o que se transforma num círculo positivo para a própria cidade.

A densidade de habitantes no local deve ser o suficiente para garantir o uso da infraestrutura implantada e para estimular a vida urbana. O princípio desse tipo de cidade não funciona com baixas densidades, pois estas estimulam maiores deslocamentos, já que os serviços mais cotidianos não estão todos localizados nas proximidades. Para os próprios serviços funcionarem mais adequadamente, eles necessitam de maior número de pessoas que os utilizem, dessa forma, maior número de pessoas que habitam ou frequentem o local.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

O modelo de intervenção aqui proposto partiu da lógica inicial de um desenho urbano desejado que possui as premissas da cidade compacta, portanto de adensamento, uso misto, valorização da comunidade e do uso do transporte público, porém inserindo-se no desenho urbano existente.

Entende-se que a paisagem, como se encontra atualmente, mudará com o tempo. O desenvolvimento imobiliário que atua comprando lotes de casas, remembrando-os e finalmente construindo edifícios maiores é um dos mais ativos agentes de transformação da cidade e ele ocorre dentro da legislação regulatória. Portanto, há necessidade de se pensar como a legislação interfere nesse processo, de modo que ela contribua com a construção da cidade de forma melhor do que ela é hoje.

Como está atualmente, a legislação deixou produzir desastres urbanos e, no caso específico do local estudado, esses mesmos desastres continuariam a ocorrer (empenas cegas seriam deixadas livres, condomínios clubes se proliferariam, diversos subsolos de garagem teriam que ser construídos, etc.). Dessa forma, a revisão inicial parte da legislação, com o questionamento de índices e de restrições que são impostas pela lei, porém que não fazem sentido algum, caso desejamos uma cidade mais compacta, densa e humana.

Chegam-se em índices, portanto, que partem de desenho urbano elaborado, considerando-se a paisagem do local, a topografia, as condições de insolação, o potencial de transformação da região e as conexões. A proposta não apenas busca aumentar a densidade populacional, mas também melhorar as condições que favorecem o desenvolvimento da cidade compacta através do uso misto, da valorização do pedestre e da comunidade, centrada no uso do transporte público e do caminhar como principais meios de deslocamento.

Após a idealização do plano, decidiu-se partir para o desenvolvimento do projeto de arquitetura, dentro dos parâmetros definidos no plano. Optou-se por fazer os projetos, pois se acredita que a arquitetura pode ter fundamental papel decisório na questão urbana. É dizer que os edifícios, apesar de dependerem de índices e regras, possuem uma importância na arquitetura no que se refere à qualidade do ambiente urbano.

A escolha de dois terrenos baseia-se na diferença que concebo de dois tipos de projeto.

Um deles é o projeto que está mais envolvido com o desenho do espaço público e articula espaços de maior escala na cidade. É um tipo que gera centralidade e se insere nela, de modo a executar trocas mútuas. São espaços que envolvem dinâmicas, pessoas, usos mais diversos e uma maior complexidade; dessa forma podem ser considerados espaços mais independentes. O cerne desse tipo de projeto está na construção do espaço público dentro dele mesmo.

O outro refere-se a um projeto de menor escala em que sua influência na questão urbana não envolve a construção interna do espaço público, mas a qualificação de suas bordas para influenciá-lo. Está muito mais relacionado com o tratamento de dado espaço por decisões arquitetônicas.

Trabalho disponível em: http://issuu.com/leandroishioka/docs/tfg_leandro_ishioka

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