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secao 4!

Projeto de residência em Vargem Grande Paulista

Luiz De Lamonica Imenes

Maria Luiza Correa

Introdução

Após 14 anos nesta escola e alguns semestres tentando sem sucesso desenvolver diferentes temas de TFG (uma instalação artístico-ensaística, uma cadeira e , por fim, um estudo sobra “A Carta de Atenas” de Le Corbusier, junto à Profa. Klara Kaiser, com quem conclui o TFG I), tentativas que culminaram com um jubilamento em agosto de 2012, tudo o que eu queria para dedicar-me durante o meu último semestre na FAU era um objeto bem concreto e determinado. Um que me deixasse o mínimo de margem para tergiversações e devaneios. E esta oportunidade apareceu não uma, mas duas vezes este ano. No início do primeiro semestre, fui procurado por um velho grande amigo, Cedric, para desenvolver o projeto de sua casa, em um terreno recém-adquirido nos arredores de Brasília, dois hectares em uma região não urbanizada no limite da zona rural.

Para mim o pedido surgia também como um desafio, pois apesar de ter já trabalhado em alguns escritórios de projeto, nunca havia me dedicado sozinho ao projeto de uma residência. Por outro lado, as disciplinas de projeto de edificações foram sempre bastante difíceis para mim, que sempre tive muita insegurança quanto a minha capacidade de projetar.

Enfim, estando eu jubilado e desempregado e recém-separado (não, não era de papel passado), fui para Brasília a convite de meu amigo Cedirc, onde passei todo o primeiro semestre deste ano, 2013, tempo em que desenvolvemos algumas ideias para sua casa.

Em agosto, voltei a São Paulo, resolvido a terminar o curso. Não estava tão seguro quanto a que tema desenvolver, mas aconselhado por amigos e professores (-”Faz um projeto que é bem simples e fácil...”), acabei convencendo-me a desenvolver e apresentar o anteprojeto da casa do Distrito Federal. Foi então que procurei a orientação da Profa. Maria Luiza Correa, que generosamente me recebeu.

Mas de repente, tudo mudou: pelo meio de setembro, ao mesmo tempo em que meu amigo resolvia vender seu terreno e abandonar Brasília e seus planos de se fixar por lá, voltei a ser contatado por um outro amigo, Omar, que já no final do primeiro semestre havia me procurado com um pedido semelhante, o projeto de uma residência, em um terreno recém adquirido em um condomínio em Vargem Grande Paulista, na divisa com Cotia.

Omar é fotógrafo e fez colegial técnico em edificações. Tinha um programa bastante minucioso e definido, chegando mesmo a entregar-me algumas plantas que ele mesmo concebeu, além de algumas imagens de referencia de estilo, forma e ambiência.

O Terreno

O Condomínio Recanto Suíço, composto de lotes de aproximadamente mil metros quadrados, localiza-se na divisa de Vargem Grande Paulista com Cotia, junto a estrada de Caucaia do Alto, altura do km 39 da Rod. Raposo Tavares, em uma antiga gleba da Companhia Melhoramentos, o que explica a grande quantidade de eucaliptos em sua acidentada topografia.

O terreno, de aproximadamente 20x50m, localiza-se entre a crista e o talvegue de uma encosta voltada para lés-sueste, orientando-se neste sentido ao longo de sua dimensão maior, para onde se abre a vista mais distante. Um aclive bastante íngreme, de inclinação maior que 30 por cento, apresenta desnível de cerca de vinte metros em sua diagonal maior.

Ao fundo, dois lotes já ocupados, cujas construções só se deixam ver ao se subir ao topo do terreno. À direita de quem olha para os fundos, morro acima, um lote com toda a vegetação removida em função de uma grande movimentação de terra que criou três patamares intercalados por dois grandes taludes e um muro de arrimo de cerca de dois metros ao longo da metade mais baixa deste limite do terreno. Um barracão de maderit apodrecido dá sinais de uma obra interrompida (problemas com o financiamento, disse o senhor que passava fazendo seu jogging matinal e puxou assunto). No lote à esquerda, apenas a mata, composta em grande parte de eucaliptos entremeados por alguma vegetação nativa mais baixa, como no próprio lote em questão.

Arquitetura: imaginando o desenho do desejo?

Uma edificação angulosa que contrasta com a densa vegetação existente, mas também a espelha, mimetizando-se. Os pilares são como troncos de árvore. Os muros e arrimos, serpenteando pelo terreno, também contrastam com os elementos cúbicos e os planos de vidro.

Iniciamos os estudos buscando encontrar possibilidades de assentar a rampa de acesso de automóveis, considerando a inclinação limite de 20%, na grande declividade do terreno...

...procurando alcançar o terço mediano do terreno, à meia encosta...

...daí descartamos a possibilidade de um acesso circular e optamos pelo “T” ou “Y”, que possibilita estacionamento e manobra dos veículos de forma independente...

...e permite, com poucas manobras, o retorno à vante dos veículos, rampa abaixo, e também minimiza a movimentação de terra e arrimos muito altos. Criam-se também eixos com os quais podemos coincidir a estrutura da edificação com os arrimos necessários, de forma a otimizar as fundações.

Passamos então a trabalhar um arranjos de volumes sobre o “Y” buscando criar um conjunto de aparência dinâmica e composto de formas simples, conforme o gosto do Omar.

Separando os volumes, abrimos caminhos para a luz entrar e por onde a vista atravessa a casa, ao mesmo tempo em que o interior dos volumes permanece resguardado.

Inspiramo-nos a princípio no esquema clássico que ilustra o teorema de Pitágoras, o triangulo de lados 3-4-5, procurando então desmembrar o programa apresentado pelo Omar em seus desenhos e abrigá-lo em três volumes cúbicos...

Aos poucos, em função de contingências programáticas e funcionais, essa referência literal ao Teorema foi se diluindo...

...mas permaneceu a idéia do ático de planta triangular que abriga a circulação vertical da casa e articula os distintos elementos do programa distribuidos em volumes cúbicos.

Um giro, em função da insolação dos quartos, das vistas e da adequação aos recuos laterais...

...e redesenho dos arrimos de forma a destacar a edificação do terreno e deixar passar a luz por baixo dela.

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