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secao 4!

Praças da Sé

Max Herbert Heringer

Luis Antonio Jorge

A individualidade do Trabalho Final de Graduação [TFG] não nos deixar escapar do tom pessoal para encontrar os motivos que o percorrem. Desta forma, foi inevitável pensar o TFG como uma ponta-de-lança de algumas reflexões sobre a arquitetura e o urbanismo que acredito ter construído durante os anos de graduação. Estas razões encontram a cidade como um mote e se expressam aqui através da escolha da Praça da Sé, em São Paulo, como um campo prático.

A cidade, na indefinição de um significado único, surge de modo recorrente quando sou levado a pensar o projeto de arquitetura e urbanismo no seu interior. Talvez isso ocorra, pois não consigo enxergar o domínio pleno do arquiteto e urbanista neste contexto, mas, ao contrário, a cidade parece sempre tornar evidente a limitada ação que este possui. Se é permanente a necessidade da atividade do projeto na cidade, parece igualmente necessário se valer de um esforço no aprofundamento sobre o conhecimento dela mesma. Ao longo da graduação, ao menos, dada a provocação constante das disciplinas, os resultados de projeto mais reveladores pareciam surgir somente quando o projeto buscou se relacionar de forma mais aprofundada com a cidade.

O que procuramos aqui é construir um percurso a este aprofundamento. Este trabalho é uma abordagem de projeto sobre a Praça da Sé.

Estabelecer uma abordagem através de relações mais aprofundadas entre o projeto e a cidade, todavia, não é uma tarefa fácil e, tampouco, nova. Algumas leituras realizadas durante a graduação foram substanciais para a consolidação de algumas das reflexões que aqui buscamos estabelecer sobre a Praça da Sé. Tentamos organizá-las como um primeiro capítulo através dos temas da cidade existente e da metrópole contemporânea, que se mostraram necessários a sua aproximação.

A escolha da Praça da Sé como um campo prático desta abordagem é motivado por esta me parecer um enigma declarado dentro de qualquer entendimento sobre São Paulo. Celebrada como a praça principal de São Paulo e centro das grandes manifestações da vida pública do país, a Praça é, ao mesmo tempo, extenuada como um dos símbolos do desprestígio do espaço público metropolitano, sufocado por inseguranças, pela marginalidade social e pela violência urbana. A Praça da Sé parece, assim, ocupar um lugar dúbio de importâncias extremas dentro da metrópole de São Paulo.

Questão semelhante parecia recair sobre o próprio reconhecimento de sua forma urbana, um tanto incomum ao ser analisada em continuidade com o Centro Histórico de São Paulo. No desenvolvimento urbano de São Paulo, quaisquer transformações que tenham incidido sobre a Colina Histórica, supostamente, manifestaram-se na Praça da Sé de formas mais intensas, dando-lhe uma amplitude e uma aparência divergente de todo o entorno. A própria Catedral da Sé parece ser legada apenas como mais um dos elementos e situações urbanas compartilhadas em todo espaço da Praça.

A primeira investigação que poderíamos propor ao seu aprofundamento seria, justamente, através do conhecimento de sua construção histórica. A própria “Praça da Sé”, um logradouro que se repete em muitas outras cidades brasileiras, parecia ser uma primeira questão: que importância ela tem na estruturação urbana de uma cidade como São Paulo? Uma vez que esta é consagrada como o centro de São Paulo, seu Marco Zero, tal questão se envolveu com o esforço em compreender a própria construção histórica de São Paulo. Sua repetida coincidência como um centro urbano, ao longo de sua construção, nos leva a entender a sua atualidade também como um centro metropolitano, propício a comportar a maior estação do Metrô de São Paulo, a Estação Sé. Essa análise compõe o segundo capítulo deste trabalho e pode ser dividida em quatro momentos: a cidade sobre a colina, a capital republicana, a metrópole das avenidas e o metropolitano.

A consideração de sua construção histórica revelou ser um passo fundamental no entendimento da Praça da Sé contemporânea, tornando um pouco mais claras algumas definições do seu espaço e o modo como há a apropriação humana através dele. Na importância de seu espaço público, a dubiedade visualizada sobre a Praça da Sé somente pode ser mais bem compreendida quando encontramos, na sua apropriação humana cotidiana, visíveis permanências e descontinuidades, que nos levam a interpretá-la como um espaço não uno – ou seja, a Praça da Sé não como uma única praça. As praças da Sé, título deste trabalho, nasce dessa interpretação.

Por fim, a abordagem que estabelecemos leva-nos a considerar algumas possibilidades para um novo projeto sobre ela. A eliminação de certos impasses do desenho de sua superfície, a contenção comedida do seu espaço vazio e a possibilidade de concentração de atividades existentes no seu entorno, são a chave do que aqui deixamos apenas como intenções de um projeto. Nas condições e limitações de um TFG, a possível imprecisão dos croquis aqui apresentados termina onde começaria a precisão técnica, do porte e rigor necessários, de uma intervenção tão importante como deveria ser na Praça da Sé.

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