A proposta deste trabalho parte da constatação de que o espaço expositivo teve sua forma alterada, ao longo do desenvolvimento da arquitetura de exposições, não só por fatores ideológicos e tecnológicos, mas sobretudo devido às exigências artísticas que participaram ativamente na elaboração de novos suportes para sua propagação.
Propõe-se aqui a avaliação destes espaços de exposições por meio de sua análise histórica, com o objetivo de fazer uma proposição de um novo lugar que abrigue, de maneira mais coerente, a arte de nosso tempo.
Esta arte, tão diversa em seus meios - e fins -, reflete não só o momento tecnológico que passamos, mas também todos os sintomas que dele derivam, refletidos em novos modos de relações sociais e espaciais.
Um dos principais conceitos usados para a proposição espacial é a ideia de que, segundo Anne Cauquelin, ao longo dos séculos XIX e XX, passamos por uma mudança profunda social, antes regida pelo consumo e atualmente pela comunicação. Isso alterou não só como a arte é feita, por meio da introdução de novas mídias e críticas, mas também como as relações sociais se dão num mundo veloz, de efemeridades e de des-territórios, ou seja, de uma nova geografia. Apesar disso, a conclusão a que se chegou foi que, mais do que termos passado de um momento para outro, oscilamos entre ambos para dar conta da complexidade de nosso tempo; a comunicação é fenômeno da contemporaneidade e não necessariamente da arte contemporânea.
Assim, seria incoerente continuar a pensar o espaço expositivo da mesma maneira ou a continuar a propagá-lo indefinidamente sem analisá-lo. A pergunta que se faz é: qual seria então este novo espaço que poderia traduzir as vontades da arte contemporânea a fim de não só melhor compreendê-la, mas também de melhor nos compreendermos?
Esse trabalho pretende questionar que, se a própria arte não é a mesma e se ela própria não faz uso da mesma linguagem de que fazia, por que os espaços expositivos continuam a ser tratados da mesma maneira? Se, ao longo da história, vimos estes espaços sendo reflexo direto da maneira como a arte foi sendo feita, e se a arte mudou tanto nas últimas décadas, por que continua-se a tratar museus e galerias como se a arte contemporânea pedisse e reinvidicasse pelas mesmas situações que a arte pré-contemporânea?
Desse questionamento chegou-se à conclusão de que uma nova arte pede por um novo espaço, uma nova arquitetura, e por isso proponho aqui - apesar da recente profusão de novos museus ao redor do mundo - um novo, novo museu. Tal proposição é acompanhada de uma sugestão curatorial em que sete artistas contemporâneos (Janet Cardiff, Adriana Varejão, Roman Ondák, Jef Geys, Jorge Macchi, Gerhard Richter, Gordon Matta-Clark), ao exibirem suas obras neste espaço, estivessem falando não só de nosso tempo, mas de como o museu funciona e se articula com a cidade e com a sociedade.