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secao 4!

Reapropriação territorial:

projeto de transposição na zona leste de São Paulo

Rafael de Sousa Silva

Helena Aparecida Ayoub Silva

A composição urbana da zona leste de São Paulo expõe, longitudinalmente, um corpo bem marcado por seu território e, por conseguinte, a forma como ela interage com toda a porção leste da cidade e região metropolitana. A junção da Radial Leste, linha 3 vermelha do Metropolitano de São Paulo e dos trens de subúrbio da linha 11 coral da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e a sucessão de toda as suas infraestruturas resultaram num território apartado entre norte e sul.

A proposta deste ensaio, então, é trabalhar nesse território marcado pela separação e, de forma simples, propor uma conexão que corrobore como alternativa ao pesado trânsito diário do eixo da Radial. Baseado num deslocamento transversal, a proposta interfere diretamente em bairros entre as estações Artur Alvim e Corinthians-Itaquera do Metrô e também nas possibilidades de interação de suas populações em consequência do novo deslocamento sobre a transposição sugerida, além de adicionar um marco de uso educacional as suas instalações.

A partir da proposta de discussão da formação da barreira do corredor da Radial Leste, seria natural a proposição de um projeto de conexão entre as duas partes separadas, norte e sul. Para isso, as escolha do local da transposição deu-se pela familiaridade com a região entre Itaquera e Artur Alvim e também por características topográficas próprias de desnível considerável entre o topo e o fundo de vale do local. A consequência dessas duas constatações foi a verificação da ocorrência de fatores gerados pela barreira já discutidos, como a dificuldade de interconexão e mobilidade local de pessoas que necessitam cruzar o corredor da Radial.

Ë parte as questões de distanciamento dos dois lados, a escolha do projeto no local também ocorreu pela possibilidade de orientação de novos acontecimentos, seja de caráter local e regional, aproveitando o ensejo da implantação de um novo estádio para cidade e para a abertura da Copa do Mundo de 2014. Além disso, a questão da existência direta do estádio não é um dos fatores condicionantes para a ocorrência da transposição, mas sim os impactos gerados por suas instalações, secundárias, de caráter viário, por exemplo.

Os dois bairros conectados diretamente são formados por casas térreas e assobradadas do lado norte e por prédios de conjunto habitacional do lado sul, além de possuírem instalações pedagógicas próximas, porém separadas pelo corredor da Radial.

Nesse contexto, o ambiente de conexão que ser quer criar envolve sim esses condicionantes locais existentes, antes ou depois de qualquer implantação de instalações de grande porte na região, as quais, como se pode verificar pela construção do estádio para a Copa, mais separam que aproximam as populações locais.

A ideia inicial para o projeto partiu da expressão de vontade de transposição entre os lados norte e sul. A princípio, foi pensado em um edifício ocupando de forma notável o vale artificial (escavado). Tal ideia partiu de um ato de apropriação do espaço, ou seja, de uma reapresentação do território natural perdido.

A recomposição do espaço, deflagrado pela sucessiva corrosão de suas bases, pretende ser um acomodador da reintegração dessa continuidade territorial, inserido em um cenário de ocupação longínqua.

Portanto, trata-se de um ato de "costura urbana" de influência abrangente, por novas influências de atração da população local e regional que se pretende começar.

No início do projeto da edificação, com base em uma escala mais exata da composição vertical do terreno, foi criado uma grade posicionada em um eixo suposto de melhor transposição: a cota 805 metros, mais alta e coincidente entre as duas partes. Essa grade, variando de cinco em cinco metros, determinou uma modulação do corpo de transposição de forma primária no sentido vertical. Desse modo, foi possível iniciar o projeto visualizando as possibilidades reais de ocupação do vale.

Então, constatou-se que o desnível possível a ser trabalhando era de 24 metros, diferença entre os níveis 805, topo da transposição, e 781, fundo de vale. A consequência para o edifício, foi a determinação de uma transposição com dois pavimentos no vão luz a ser superado e apoiados em dois edifícios nas extremidades.

Com a determinação do acontecimento da transposição na cota 805 metros e em dois níveis sobre o vão luz, foi planejado um extenso plano de conexão entre os dois lados, o qual, ao mesmo tempo, significasse uma integração social entre os dois bairros e uma recomposição da figura natural do terreno perdida. O plano foi determinado por uma laje que repetiu os alinhamentos dos lotes e edifícios de ambos os lados: AB lado norte, BC lado sul e EF como uma reta perpendicular à bissetriz do ângulo formado pelo cruzamento de AB e BC.

Os rasgos de átrios nessa laje foram marcados para o acesso direto aos dois edifícios subpostos à laje 805m de transposição, acendidos por rampas. A rampa do lado norte dará acesso a uma escola de educação infantil (emei) e a do lado sul a uma escola de ensino fundamental (emef) propostas e configuradas em um ciclo de educação baseado, em termos gerais, na proposta de integração pedagógica dos Ceus da Prefeitura de São Paulo, tal a proximidade do projeto de um centro maternal e pré jardim (cei) e uma escola de ensino médio e fundamental do estado.

A gênese principal para os edifícios nas cabeceiras da transposição é o assentamento em cada lado nos arrimos possíveis pela topografia modificada dos dois locais, sendo no lado norte à época do loteamento do bairro Cidade A. E. Carvalho em 1950 e no sul, mais recente, com a última modificação topográfica para a implantação do estádio para a Copa de 2014.

No lado norte a existência do muro de arrimo foi suficiente para a implantação de um edifício térreo entre as cotas 805 e 800 e será o destino da Escola Municipal de Educação Infantil. No lado sul, uma variação de 15 metros de altura, entre as cotas 805 e 790, foi suficiente para a implantação de um edifício de três pavimentos e será voltado para a construção da Escola de Ensino Fundamental, Emef, por competência da administração municipal.

Trabalho disponível em: http://issuu.com/rafaelssilva/docs/fauusp_tfg_caderno__reapropriacao_t

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