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secao 4!

Escola de Artes Visuais

Renato Lobo

Carlos Zibel

Este trabalho tem como objetivo projetar uma escola de artes visuais extrair algumas reflexões conceituais do texto “O fim do clássico: O fim do começo, O fim do fim”, do arquiteto Peter Eisenman , sendo este rotulado como “pai do desconstrutivismo”, foi ele quem transportou a essência da desconstrução para a arquitetura, por crer que o movimento moderno estava distanciando a obra de seus usufluidores. Eisenman possui um discurso referenciado por filósofos como Jean Baudrillard, Michel Foucault, Martin Heidegger, Jacque Derrida, e suas idéias são representadas por nomes consagrados na arquitetura como Bernard Tschumi, Daniel Liberskind, Zaha Hadid entre outros.

“A arquitetura é mera linguagem. Nós lemos, não importa se conhecemos ou não a linguagem daquilo que estamos lendo. O novo leitor não é mais considerado como um conhecedor da natureza da verdade inerente ao objeto, nem de uma representação de uma origem racional, nem de uma manifestação de um conjunto de regras universais que regem a proporção, harmonia e ordem. A leitura estabelece um nível de indicação, ao invés de um nível de significado ou expressão.” (O fim do clássico – P. Eisenman - pag.,11)

Peter Eisenman propõe teorias baseadas em textos desmembrados, no entanto podendo ser aplicadas na arquitetura. Em meio a essas teorias ele projeta e executa uma serie de dez casas experimentais – que intitula “house” (casa) I a X. Seu trabalho desmembra o cubo para enfatizar a tensão formal entre muros paralelos e perpendiculares que se cruzam em um centro e se estendem para a periferia, criando ilusões espaciais e rompendo com a geometria racional da ortogonalidade do modernismo clássico. Todas as casas passa por rotações e torções, obtendo vários fragmentos que podem propor novos significados. Assim testa suas ideologias, estudando os resultados, iniciando a pratica do “desconstrutivismo” na década de 70. Sintoniza com algo já proposto nos anos trinta pelo pintor abstrato Carlo Belli (Belli fala de uma proposta de projeto baseada em uma “exposição de obras sem titulo, sem assinaturas dos autores, sem datas e sem nenhuma referencia humana, diferenciadas uma das outras com simples indicadores algébricos K1, K2, K3, ..., Kn”).( Depois do Movimento Moderno – J. M. Montaner pag. 169) Peter Eisenman insiste que a arquitetura esta presa a três “ficções” convencionais e estas são "Representação, Razão e Historia”. Afirma que a arquitetura do século XV ate o presente, tem estado sob a influência destas três “ficções”. “Pois, apesar da aparente sucessão de estilos arquitetônicos cada um com seu próprio rótulo - classicismo, romantismo, modernismo, pós-modernismo e assim por diante - estas três ficções, de uma forma ou de outra, resistiram por cinco séculos”. (Idem. pag. 01)

Desta maneira poderíamos entender estas categorias da seguinte forma: a Representação seria entendida como algo que daria uma identidade ao objeto, e pelas suas repetições ao longo do tempo, tornar-se-iam apenas copias dos significados já valorizadas (simulacros), já a Razão foi dada uma idéia de verdade aos elementos clássicos pelo fato de serem considerados perfeitos em ritmo e proporções e por fim a Historia seria uma necessidade de marcar um “espírito de época” para cada momento histórico. Peter Eisenman vai afirmar que a persistência dessas categorias no tempo nos obriga a considerar todo esse período como uma continuidade do pensamento arquitetônico denominado “clássico”. Sugere uma arquitetura que ele chama de “não-clássica” sendo a renuncia a uma arquitetura ingenuamente comunicativa. A partir deste ponto de vista, qualquer intenção em relacionar com o contexto, com a tradição e com as linguagens estabelecidas é uma ficção e uma nostalgia. Peter Eisenman se utiliza do conceito de arbitrário para ganhar “uma certa liberdade” no discurso arquitetônicos, pois para ele a arquitetura não deve estar sujeita a modelos fixos e fechados. Logo, “A arbitrariedade seria o mecanismo básico para um processo de destruição de qualquer certeza adquirida que pudesse legitimar a forma arquitetônica” solidez, funcionalidade, beleza, significado, historia, lugar, natureza ou humanismo. Busca-se desta maneira deslocar a atenção da obra de arte como objeto acabado para a ênfase no processo de criação, “isto significa isso” para “isto é” . Então seria uma mensagem para os arquitetos “não cair no pensamento consolador das soluções, nem dos lugares idealizados, da precisão construtiva ou do conteúdo metafórico”.

Inserido no eixo de requalificação urbana da área da Nova Luz, localizada no distrito da Sé região central da cidade de São Paulo. O projeto da escola reflete a escolha do local diante de uma necessidade de mais equipamentos culturais acessíveis a população tanto no próprio bairro, quanto como suporte das demais localidades da cidade, já que esta em uma área de grande acessibilidade da Região Metropolitana de São Paulo por meio do transporte público de ônibus e sobre trilhos, com a presença de duas grandes estações ferroviárias a Estação Júlio Prestes e a Estação da Luz. A quadra esta dentro do perímetro delineado pelo Projeto da Nova Luz, pela prefeitura de São Paulo em 2012 da Nova Luz, mais que já vem sendo discutidas a pelo menos 10 anos, onde se encontra um projeto piloto da Nova Luz desenvolvido em 2005 pelo SEMPLA. O perímetro da Nova Luz percorre a Av. São João, Av. Duque de Caxias, Rua Mauá, Av. Cásper Libero e Av. Ipiranga sendo dividida em quatro zonas (Nébias, Rio Branco, Triunfo e Mauá). Destas zonas para a implantação a escolhida foi à zona Mauá, onde nesta esta previsto pela prefeitura usos como cinema, teatro, lojas e escritórios, que ira ajudar a sustentar este novo eixo cultural que vem sendo estruturado.

O projeto prevê a implantação na Zona Mauá, sendo mais especificamente na quadra 68, desse modo ajudando a compor e aumentar a área cultural que já esta se formando junto aos novos equipamentos públicos propostos nas quadras ao redor. Contudo teríamos que demolir seis galpões onde hoje funcionam pequenas lojas e armarinhos, estes galpões possuem entre um e dois pavimentos, no Projeto Nova Luz já esta prevista a demolição destes mesmos. A escolha do local se deu principalmente pela localização de frente a estação Pinacoteca sem nenhum edifício obstruindo e ainda próxima da Estação da Luz e da estação Julio Prestes, tendo o Largo General Osório a sua frente, tudo isso a coloca em uma área bem atrativa visualmente, fortalecendo o caráter de encontro publico deste local. Cinco dos galpões se encontram na Rua General Osório, entre o hotel Piratininga e um edifício residencial aparentemente utilizado como cortiço. O lote esta de frente a Rua dos Gusmões, totalizando uma área de aproximadamente 2.400m2. Desta maneira remembrando e permeabilizando novamente os lotes e criando um novo eixo de entrada e saída da quadra, assim pensando a escala da quadra e não mais o lote isolado. O projeto prevê uma ocupação de solo de 25% da área total, deixando claro o caráter publico e de permeabilidade da quadra com 75% de área livre para diversos tipos de uso; educativo, passagens, eventos, lazer entre outros usos. O edifício da escola de artes, pela localização e principalmente pelo seu uso institucional, busca se estabelecer como um ponto referencial e um novo pólo cultural da região, enfatizando a diversidade artística e arquitetônica que compõe o eixo da área em questão e ressaltar a importância e valor histórico que o bairro possui na cidade.

Analisando o projeto do CAP-ECA da USP (Curso de Artes Plásticas), como base de programa, esta possui uma área construída de 2.000m2 e recebe por ano 30 alunos com um curso de quatro anos o edifício abriga em media uma capacidade de 100 a 120 alunos sem contar professores e funcionários, assim foi possível ter uma pré avaliação de quais seriam as condições necessárias do projeto. Para poder propor espaços minimamente adequados para as atividades que serão desenvolvidas na escola aqui proposta. A visita ao CAP foi fundamental, pois segundo relatos dos próprios alunos e funcionários verificaram que muitos dos espaços estão inadequados, falta de salas de aula, espaços de ateliês que não atendem adequadamente as atividades, excessos de ruídos relacionados às oficinas, falta de áreas expositivas, falta de pias nas salas, projetores, entre outras. Já a administração esta dividida entre o CAP e o prédio Central da ECA.

O projeto final da escola ficou com os seguintes usos divididos e distribuídos em seus nove pavimentos;
Segundo subsolo – Banheiro / vestiário, oficinas de cerâmica, madeira e metal, convivência de alunos, deposito, refeitório para funcionários; Primeiro subsolo - Banheiro, área livre para exposições; Pavimento térreo – Lanchonete, área livre para exposições; Primeiro pavimento - Diretoria, banheiro, área de conforto para professores, ateliê de desenho, biblioteca, área de estudo, banheiro alunos, banheiro administração, copa e deposito; Segundo pavimento – Secretaria, almoxarifado, arquivo morto, sala de professor, sala de reunião, ateliê de desenho, auditório; Terceiro pavimento – Sala de professor, sala de aula, sala de multimídia, sala de reunião, banheiro; Quarto pavimento – Sala de professor, sala de aula, sala de audiovisual, banheiro; Quinto pavimento – Sala de fotografia, câmara escura; Sexto pavimento – Sala de maquinas, caixa d’água

Ficha técnica:

Ano: 2013
Tipo de projeto: Cultural/Educativo
Status: Projeto acadêmico
Materialidade: Concreto e Vidro
Estrutura: Concreto
Localização: Nova Luz, São Paulo - Brasil
Área do terreno: 2,450m2
Área do edifício: 4,350m2

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