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secao 4!

Conforto Ambiental em Edifícios de Habitação Popular de Alta Densidade

Tania Mayumi Senaga

Roberta Consentino Kronka Mülfarth

A crescente demanda por habitações populares a nível mundial faz surgirem edifícios e conjuntos habitacionais que optam pelo adensamento como forma de, sobretudo, cumprir metas quantitativas de oferta de moradias e ignorando, muitas vezes, as questões relacionadas ao conforto do usuário e, portanto, à sua qualidade de vida. O ato de se adensar vem seguido de diversos parâmetros ligados ao acesso à cidade, como a mobilidade e infraestrutura urbana, acessibilidade, interação social, implantação dos edifícios, acesso a recursos naturais e também à qualidade ambiental.

Entender as mudanças culturais e o modo atual de se viver nos centros urbanos é de suma importância para avaliar os projetos e sua inserção na cidade. Isso inclui a flexibilidade dos usos dos ambientes, mobiliário adaptado, meios de transporte que atendam uma demanda condizente à realidade, oferta de empregos e equipamentos educacionais e de saúde à curta distância, entre outros.

A cidade dispersa, gerada pelo uso massivo do automóvel, prolongou as distâncias a serem percorridas no cotidiano para chegar ao trabalho e dificultou o acesso a serviços básicos como bancos, lotéricas, correio, lavanderia, etc. E ainda, por conta dos congestionamentos, esses trajetos passaram a ser contabilizados através do tempo, e não mais sobre a distância, fato que por si só já é um empecilho para quem tem uma rotina agitada, mas que também dificulta o acesso por parte dos que necessitam de atenção especial para se locomover, como é o caso de portadores de mobilidade reduzida, portadores de deficiência, idosos, gestantes, adultos com crianças, etc.

É importante que todos os grupos sociais tenham autonomia para se deslocarem e mais importante ainda é que tenham os destinos compatíveis com a sua condição. Por isso, entender o conforto ambiental vai além da moradia como unidade independente, mas da possibilidade de usufrui-la enquanto modo de vida, gerando espaços e paisagens de qualidade para uma cidade mais integrada e homogênea.

Para estruturar o trabalho, a parte conceitual foi agrupada em dois grandes grupos, sempre pautando na tríade econômico-social-ambiental, áreas de concentração do desenvolvimento sustentável. O primeiro que trata os conceitos da cidade compacta e do adensamento, da relação entre morador e cidade, abordando as questões referentes à mobilidade urbana, transportes, uso do solo, impacto ambiental, relação com o entorno e percepção do adensamento pelo pedestre. O segundo grupo que trata do conforto ambiental do edifício e habitação propriamente ditos, abordando as características peculiares de edifícios e condomínios adensados. Analisa a implantação como fator primordial no conforto, e do qual derivam os desempenhos de iluminação, acústica e ventilação. Além destes, também é importante considerar os materiais que serão utilizados, tecnologias aplicadas na construção, questões dimensionais/ergonômicas da habitação, geração/aproveitamento de energia, o uso e adaptação da moradia ao estilo de vida e perfil familiar, além dos aspectos sociais que estão presentes na vida coletiva desses moradores.

Sabe-se que a maneira como o poder público lida com as questões habitacionais no Brasil diz respeito, sobretudo, à economia construtiva, realizada por meio de processos licitatórios que muitas vezes, ou quase sempre, ignora a qualidade dessas moradias como espaços arquitetônicos agradáveis e duráveis. Esta economia momentânea acaba criando unidades pouco flexíveis, modeladas em série, que não levam em consideração os impactos que serão sofridos pelo meio onde será inserido e no qual poderiam ser instalados diversos sistemas de geração e aproveitamento de recursos, justificada pela alta concentração populacional.

Ao fim de algumas leituras pôde-se direcionar o foco à área central da cidade de São Paulo, por diversos fatores, como a infraestrutura urbana consolidada, proximidade aos meios de transporte de massa, acesso a equipamentos de cultura e lazer, grande concentração de empregos, sem esquecer da necessidade de se revitalizar o centro da cidade de modo a torna-lo, de fato, uma área com vitalidade e segurança, alguns dos fatores que permitem reconhecer o meio como espaço agradável para se morar. Foram então pesquisados alguns conjuntos e edifícios habitacionais voltados para o interesse social, dos quais um se destacou pelas características de projeto que correspondem aos estudados neste trabalho: o Conjunto Residencial Olarias, no bairro do Pari, que faz parte de um programa de locação social para atender à população que recebe até 3 salários mínimos, que não tem condição de obter financiamento para os programas sociais mais tradicionais.

O conceito em si, como oportunidade para a população carente poder se reinserir na sociedade aliando alguns aspectos da cidade compacta, é plausível, porém, um dos problemas que se observou a princípio é que, ao se restringir o perfil desses habitantes, tem-se a formação de um novo núcleo de pobreza.

A construção de habitações com diversos caráteres e faixas de preço, busca equilibrar as relações entre as classes econômicas e a integra-las à cidade. O que se vê, entretanto, é que, quando a oferta destina-se exclusivamente à população de baixa renda, não promovem sua inserção na cidade e na sociedade.

É evidente que, para que se possa alcançar os devidos níveis de conforto dentro dessas habitações e no seu meio externo, é necessário que se trabalhe concomitantemente ao acompanhamento social, buscando métodos de inserção dessa população na sociedade, seja através do trabalho ou da capacitação profissional, mas que busque sanar as diferenças não somente econômicas, mas também culturais.

Ao final do trabalho serão avaliados os diversos parâmetros de conforto do edifício, como acesso à iluminação, acessibilidade, ergonomia, qualidade térmica da habitação, além dos aspectos de programa do edifício que podem ser modificados para garantir a sai integração com a cidade e gerando recursos próprios para sua auto-gestão e sustentabilidade.

Trabalho disponível em: https://www.dropbox.com/s/vxd2brnjacq79bl/TFG_TANIA_SENAGA_2013.pdf

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