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secao 4!

ENTRE OS TRILHOS E O RIO:

projeto de [re]integração da paisagem histórica em Jundiaí

Adriana Zancani Tavares

Fábio Mariz Gonçalves

O presente trabalho foi desenvolvido em Jundiaí, município do interior do estado de São Paulo, cidade em que nasci e vivo.

Este trabalho tem como objetivo de repensar um novo urbanismo, que atenda as necessidades contemporâneas, conectando passado e presente, com o objetivo de resgatar as memória, hoje perdidas de um passado enraizado no povo Jundiaíense, através da apropriação do espaço e dele conseguir extrair sua essência, sua vocação, para se começar a pensar em uma cidade e um urbanismo mais humano.

Município do interior do estado de São Paulo, Jundiaí dista cerca de 60km da capital. Abriga uma população estimada de 393.920 habitantes em uma área de 431,173km², segundo o IBGE 2010.

O inicio do povoamento da cidade desenvolveu-se próximo aos rios Jundiaí e Guapeva. Esses rios que foram fundamentais para a existência da cidade, do agrupamento urbano - abastecimento, irrigação,comunicação, etc - , hoje perderam a sua importância paisagística e urbanística. Estão canalizados e confinados entre avenidas expressas que cortam o município. Atrelados a isso, a poluição do rio que passou a ser o receptor de boa parte dos esgotos domésticos e industriais das cidades que estão em sua bacia, como Indaiatuba, Itupeva, Jundiaí, Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista e Salto, o isolaram de qualquer tipo de integração entre a população e a paisagem natural.

Além dos rios, um elemento de grande importancia para o desenvolvimento da cidade foram as ferrovias. Com politicas rodoviaristas do início da década de 50, as ferrovias aos poucos foram sendo desativadas. Os trilhos da Cia Paulista foram os únicos que resistiram ao avanço do progresso, do rodoviarismo e do urbanismo na cidade, sendo utilizada em toda a sua extensão por transporte de cargas, através da MRS Logística. Apenas na antiga estação de Jundiaí que se inicia o transporte de passageiros.

Hoje, através do traçado urbano, nota-se que a ferrovia, o rio Jundiaí e sua paisagem residual, se tornaram barreiras urbanas, formando uma cicatriz que corta e isola o município. Inviabilizando a integração e conexão urbanística entre as duas porções da cidade.

A escolha da área a ser trabalhada foi baseada no potencial de conexão do espaço urbano que o rio e a ferrovia podem oferecer. Esses dois elementos estruturadores e definidores do traçado urbano, hoje esquecidos e abandonados, voltam a sua função “o de conectar espaços” e como uma agulha com linha vai ligando um lado ao outro da cidade, através de novos trajetos.

Este projeto pode ser considerado como um conjunto diretrizes urbanas e propostas desenvolvidas sobre meu olhar da necessidade da região e da cidade de Jundiaí para este momento. É considerado como uma proposta de diretriz urbana de requalificação e reintegração do Rio Jundiaí e a arquitetura remanescente ferroviária na cidade de Jundiaí. Entendendo que a apropriação do lugar está intensamente relacionada às relações sociais e espaciais mantidas pelas pessoas no seu cotidiano, buscou-se uma forma de atrair esses vivenciadores - a população – para novas percepções da paisagem, novos usos das arquiteturas remanescentes e novas apropriações da nova paisagem do lugar.

O foco do projeto é a reintegração de uma área que possui elementos historicamente importantes para a cidade, que hoje estão abandonados e esquecidos. O projeto caminha com o entendimento de que a evolução de uma cidade deva contemplar a continuidade de sua história, sendo esta, o recurso para o entendimento da cidade em seu contexto regional e territorial. Para isso, minha tentativa, foi de criar espaços de atração municipal, para trazer tais lugares para o cotidiano da população jundiaiense, seja para o lazer, seja no dia-a-dia.

O espaço residual ferroviário entre os trilhos e o rio, considerado atualmente como uma cicatriz urbana e intransponível, neste projeto, passa a ser considerado o espaço de conexões e continuidade urbana, através de novos percursos e transposições que passam a fazer parte do trajeto cotidiano das pessoas.

Dentro de um sistema de espaços livres da cidade, a área trabalhada determina papel fundamental no processo de estruturação da paisagem urbana por comportar novas formas de apropriação do espaço. No projeto busquei articular os diferentes espaços, temáticas e usos que cada local necessitava, muito embora entenda-se que a intervenção pontual de alguns locais já possa gerar reconhecimentos e ganhos urbanísticos para tais áreas.

Esse projeto representa um desejo pessoal – talvez utópico – de contribuição para a minha cidade e para sociedade jundiaiense, a tentativa de reavivar a memória do lugar e resgatar a identidade do espaço da cidade que se perdeu no tempo, promover assim, uma cidade mais humana e democrática.

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