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secao 4!

P33:

conexões entre arte e arquitetura

Aline Harumi Osoegawa

Marta Bogéa

Este trabalho trata-se de um registro do processo de uma aproximação pessoal ao tema da arquitetura com um olhar pela arte. Como objeto de estudo e ponto de partida para o debate de diversas questões tomou-se o 33º Panorama da Arte Brasileira. O "P33: Formas cênicas da continuidade no espaço" instala-se como exposição de arte contemporânea, mas de certo modo, também de arquitetura. Apesar de tomar como mote o edifício que abriga o museu, extravasa sobre diferentes temas sua reflexão: como a reabilitação da Marquise do Ibirapuera como patrimônio arquitetônico, a importância do Panorama de Arte Brasileira e novas demandas expositivas de museus de arte contemporânea.

O trabalho estrutura-se partindo de uma primeira impressão que tive do Panorama, seguido de uma colocação sobre o conteúdo geral da exposição. Relacionando o próprio conteúdo do P33, são estudados a história do MAM e dos Panoramas de Arte Brasileira anteriores, e uma breve apresentação sobre o Parque do Ibirapuera. Em seguida, apresentam-se os projetos, proposiões de uma nova sede para o MAM, e seus "objetos" expositivos, desenvolvidos para a ocasião do P33. Ainda sobre o Panorama, são estudadas algumas relações propostas pela curadoria entre projetos e obras de arte. Como parte da investigação sobre as necessidades espaciais da arte contemporânea, são apresentadas duas referências, projetos do escritório Tacoa: a Galeria Adriana Varejão e o Galpão Fortes Villaça. O trabalho se encerra com uma reflexão sobre os temas estudados, colocando como síntese croquis de estudo e um imaginário de possibilidades de projeto, sintetizando um percurso de aprendizado. Os croquis desenvolvidos para este trabalho tornaram-se também uma forma de estudo e apreensão de outros projetos tomados como referência.

No intuito de analisar os projetos de uma nova sede para o MAM-SP, as sete propostas foram separadas em trs categorias a partir da implantação do edifício proposto: Museu no Parque do Ibirapuera, Museu difuso e Museu como "costura" urbana. Ainda que, por suas complexidades, os projetos possam caber em mais de um conjunto, foi adotado como metodologia, que cada um deles pertencesse a apenas um ou até nenhum destes trs grupos. Os projetos dos escritórios Usina e SUBdV, se acomodam neste caso de não pertencimento, na medida em que não especificam sua implantação. A separação por grupos dos demais escritórios, as propostas feitas pelo spbr, Andrade Morettin, Y arquitectura e Tacoa reafirmam de alguma maneira a presena do Museu no Ibirapuera. No entanto, conforme aclarado, como os projetos do Y e do Tacoa, por destacarem outras questões em suas propostas, foram colocados em outros dois agrupamentos. O gruposp teve sua proposição localizada no centro e, por meio de um museu difuso, relaciona-se, neste aspecto, com o projeto do Y.

A maneira como os projetos foram desenvolvidos reflete diretamente o convite que dava aos arquitetos a liberdade da fantasia e não necessidade de chegar a detalhamento. Dessa maneira diferencia-se de um concurso de arquitetura, já que o MAM não está em busca de uma nova sede. O convite tornou-se um conglomerado de ideias que apontam direões, sendo algumas com maiores possibilidades de virem a ser projetos executáveis. Mas, nas propostas podem ser destacadas aspectos e análises com relação ao Museu.

No projeto do Usina destaca-se o questionamento sobre qual o papel do Museu na sociedade. As propostas feitas pelos escritórios spbr e Andrade Morettin apresentam, ainda que de maneiras bem distintas, como nfase a relação desenvolvida com o Parque. Já o gruposp e Y destacam-se na reflexão sobre o acesso e difusão da arte moderna e contemporânea. E o projeto apresentado pelo Tacoa enfatiza a questão da qualidade espacial, propondo um percurso com diferentes tipologias de espaços que visa abrigar diversas formas e suportes sobre os quais a arte hoje se demonstra.

Como ponderação destas questões e reflexo das propostas apresentadas, pode-se afirmar que o MAM carece de mais espaço para desenvolver suas atividades. No entanto, sair do Parque tornou-se algo difícil já que estabeleceu-se uma relação de cumplicidade entre o Parque e o Museu. No entanto, ainda que não previsto no projeto original da Marquise, há um reconhecimento do antigo Pavilhão Bahia, sendo que está tombado pelo Condephaat. Em contrapartida, o último Plano Diretor do Parque do Ibirapuera pretende a demolição de todos os elementos que obstruem a Marquise: sanitários, restaurante e até o Pavilhão que abriga o MAM-SP, propondo a transferncia das atividades do Museu para o Pavilhão Armando Arruda Pereira. Esta postura de liberação da Marquise reflete ao próprio Niemeyer, que desejava a eliminação do volume que abriga o MAM. Inclusive o P33 traz uma proposta de projeto feita por ele para um novo museu próximo à localização atual do MAM. Tanto a proposta apresentada por Niemeyer, como os projetos expostos no P33 pretendem museus bem maiores que o atual. No caso dos projetos apresentados, a ordem de grandeza da nova sede seria comparável ao edifício da Bienal, ou seja, cerca de dez vezes a área que o MAM possui hoje no Ibirapuera.

Portanto, como reflexão da problemática de espaço físico do MAM , coloca-se neste trabalho uma proposta imaginária para o futuro do MAM, mas que considera premissas, como reflexo das análises dos projetos propostos para o P33 e estudos realizados. Ao mesmo tempo que essas reflexões e colocações encerram um processo, elas deixam abertas portas para o estudo e aprimoramento de uma série de questões sobre a arquitetura por um olhar pela arte, e também da arte como processo de questionamento da arquitetura, e num sentido mais amplo, da construão da cidade. Mesmo com a sensação de necessidade de se aprofundar em alguns temas, o desejo que fica é que o MAM possa ter mais espaço sem perder sua relação com o Parque e endereamento da Marquise, mas liberando a Marquise como retorno ao projeto original para aquele espaço que hoje conquistou outros usos além do caminhar.

Trabalho disponível em: http://issuu.com/alineharumi

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