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Subsolo Urbano -

Ensaio projetual de um edifício diluído sob a Avenida Paulista

Ana Carolina Correia de Lima

Fábio Mariz Gonçalves

Ao longo dos seus dois mil e oitocentos metros de extensão, a Avenida Paulista esconde, no seu subsolo, um conjunto de estruturas abandonadas que são resultado da interrupção da execução de um projeto político-administrativo intitulado de “Nova Paulista”, elaborado na década de setenta, que previa a reformulação do espaço da avenida com ênfase em uma infraestrutura de transporte rodoviário e metroviário.

Esse conjunto de estruturas em desuso é composto: por uma malha incompleta de tubulões que, em planos urbanísticos passados, deveriam suportar uma via expressa subterrânea e algumas vias locais na cota do térreo da avenida; e por algumas galerias, que são fragmentos de áreas construídas nos subsolos dos edifícios lindeiros e que foram desapropriadas pela Prefeitura da cidade em decorrência da necessidade de alargamento da via.

Este trabalho apresenta uma investigação histórica e uma proposta projetual sobre esses espaços encontrados no subsolo da Avenida Paulista, esta que, reconhecidamente, é um é símbolo econômico e cultural da cidade de São Paulo. Quanto ao desenho elaborado, buscou-se explorar uma possibilidade de ocupação do espaço abaixo da superfície diferente das soluções usuais no país que, em geral, limitam-se a construções de infraestruturas de transporte e a instalações de concessionárias que fornecem serviços essenciais.

O projeto privilegiou um enfoque direcionado aos cidadãos em sua pluralidade, e intencionalmente procurou-se colocar o pedestre na posição de protagonista. Assim, a intervenção sob a via resulta em espaço de convivência e dinâmica urbana semelhante à existente nas calçadas e praças na cota do térreo, o que se poderia chamar de um “edifício rua”, diluído sob o espigão central, conectando as estações de metrô, a superfície e os edifícios envoltórios como uma grande espinha dorsal. Um espaço compatível com a vida urbana em constante movimento e transformação, com potencialidade para abrigar atividades diversas e variáveis ao logo dos anos, e de caráter fundamentalmente democrático.

Dada a grande dificuldade causada por entraves burocráticos, nos órgãos públicos, para a obtenção de toda a documentação que se julgou necessária para conhecer o local, algumas informações que embasam o projeto são utilizadas por via de aproximação, podendo não corresponder com a realidade.

ANÁLISES INICIAIS E DEFINIÇÕES

O processo projetual teve inicio a partir da definição de uma área de estudo na avenida para a aplicação do ensaio a ser elaborado. Este recorte foi feito com base na análise dos espaços edificados no subsolo da Paulista. Inicialmente, a estação do Metrô Consolação e as galerias subterrâneas existentes em sua proximidade foram elencadas como ponto focal do ensaio a ser realizado. Durante o desenvolvimento do projeto, a área a ser desenhada foi expandida, abrangendo a passagem subterrânea sob a consolação e a estação do Metrô Trianon- Masp.

O PROGRAMA

Como dito anteriormente, enfoque do projeto a ser apresentado é direcionado aos cidadãos em sua pluralidade, com o pedestre na posição de protagonista. Assim, surgiu o desejo de construir um edifício com características de uma rua de pedestres, um espaço que possibilite a conexão e multiplicação dos espaços ao seu redor, o intercâmbio entre cidadãos e que potencialize e incentive a diversidade que existe na Avenida Paulista.

A partir desta ideia, elaborou-se um programa para a ocupação do subsolo da via, priorizando atividades de caráter coletivo, voltados para o desenvolvimento cultural e lazer da população, onde espaços públicos e privados se misturam. O projeto não tem a pretensão de se colocar como um programa ideal de necessidades, mas como um espaço compatível com a vida urbana em constate movimento e transformação.

PROGRAMA SUGERIDO:

Oficinas, galeria de arte urbana, teatro, cinema, anexo MASP, comércio, casa noturna, e apoio.

PROPOSTA PROJETUAL

Térreo da Avenida Paulista:

O novo térreo da avenida está vinculado à ideia de um futuro onde a rede de transportes públicos da cidade será muito mais abrangente e eficiente do que a rede atual. Em tal panorama, talvez seja possível eliminar um faixa de veículos particulares em cada sentido de deslocamento da avenida sem causar grandes impactos negativos ao trânsito da região. Assim, é possível propor uma ciclovia e ampliar os canteiros centrais da via sem interferir nos passeios públicos.

A ampliação dos canteiros centrais foi necessária para poder insolar e ventilar de maneira constante o edifício abaixo da superfície. Com esta intervenção, também é possível reacomodar os corredores e pontos de ônibus, permitindo que a ciclovia se localize na faixa da direita, considerando o sentido de deslocamento das via.

O quarteirão do Parque Mário Covas foi reformulado para proporcionar a permeabilidade dos pedestres por entre seus edifícios. O trecho da Rua Padre João Manuel, situado entre o Conjunto Nacional e a Galeria 2001, teve o fluxo de veículos limitado, permitindo apenas o acesso às garagens dos edifícios.

O Subsolo

Partindo da ideia de conectar as estruturas em desuso no subsolo com o Metrô através de um novo edifício que se estruturaria na malha de tubulões existente na avenida, estabeleceram-se dois níveis principais para o desenvolvimento do projeto: as cotas -4,80 e -9,20, considerando o térreo como cota 0,00. Estas cotas correspondem respectivamente ao primeiro e ao segundo subsolo do Conjunto Nacional que, dentre todas as áreas em desuso analisadas, é a com maior extensão e maior altura piso-teto entre pavimentos.

O novo subsolo da Paulista deve permitir a integração de todos os edifícios da via ao seu corpo, de forma a “multiplicar” a cota do térreo da avenida. O espaço gerado deve ser amplo e confortável, proporcionando bem estar aos seus frequentadores. Das galerias subterrâneas existentes na área de estudo, somente a do Conjunto Nacional e parte da do Center 3 puderam ser integradas à proposta apresentada. Os outros espaços em desuso foram demolidos por terem níveis de subsolos variados que impossibilitaram a compatibilização com o projeto.

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