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secao 4!

Bacia Mandaqui:

relação cidade-água

Anelise Bertolini Guarnieri

Eugenio Fernandes Queiroga

Introdução:

Durante a graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo as disciplinas de urbanismo (planejamento urbano-paisagístico) e de projeto arquitetônico sempre me fizeram questionar a necessidade da aproximação das duas áreas. O grande vazio entre as disciplinas me incitou a estudar uma forma de integração entre o objeto de estudo, suas necessidades e a identidade local.

A complexidade da vida humana não pode ser ignorada no desenho da cidade, por isso a proposição de um Desenho Urbano que considere o valor do patrimônio histórico, a integração entre as diversas funções das atividades humanas, os valores afetivos e as inter-relações pessoais é fundamental.

Kevin Lynch, talvez o pesquisador mais influente para o desenvolvimento do Desenho Urbano através de suas pesquisas feitas na década de 1960, nos diz que a importância do Desenho Urbano não está na implantação das edificações, ou nos detalhes de projeto, o real interesse está na qualidade da vida urbana e na imagem do lugar.

Deste modo, o trabalho se propõe a melhorar a qualidade da imagem do lugar, considerando o meio ambiente, a mobilidade, as relações pessoais e a identidade local.

Cidade-água:

Tratar dos rios urbanos é relacionar Cidade e Meio Ambiente, em um lugar que coexistem água e pessoas. Assim, o tema coloca um importante desafio no Desenho Urbano da cidade, considerando a complexidade destas relações.

A relação de intimidade estabelecida entre a água e as cidades é muito antiga, desde a formação destas - com o controle do território, a cultura da agricultura, da pesca, a navegação e o lazer - até a relação mais atual; de geração de energia e coletores de lixo e esgoto. Deste modo, as paisagens fluviais se transformaram em paisagens urbanas e nesta relação, a presença da contradição da figura bucólica da água está ao lado da negação da mesma na paisagem construída.

O tecido urbano que tem o privilégio de receber um curso d´água deve considerar sua maleabilidade no desenho da paisagem. Por este motivo pensar em retificar e asfaltar, como se fez entre as décadas de 1930 a 1980 com os rios urbanos paulistanos, não é a solução adequada para a construção da qualidade urbana.

Tais práticas trouxeram consequências negativas tanto ambientais quanto à paisagem da cidade. O rio e suas margens devem contribuir para o uso múltiplo das águas, servindo como um meio de preservar biologicamente o ambiente, além de contribuir para a experiência urbana de espaços livres públicos, onde haja fruição do convívio coletivo.

Na complexidade colocada, a gestão dos rios urbanos consiste em um dos maiores desafios no desenho da cidade de São Paulo, frente à tensão entre sua sensibilidade ambiental e a pressão causada pela ocupação de seu território.

Lugar:

O relacionamento dos homens com a cidade se transformou ao longo da história. Hoje ele é fluído, veloz e, por vezes, banal. Redescobrir a dimensão local faz-se necessária para intensificar a aproximação entre as pessoas. A proximidade das pessoas pode instituir laços culturais, a solidariedade e, assim, construir uma identidade local. Desse modo, a vizinhança se apresenta como um agente responsável por essa mudança, movida pela afetividade e paixão.

A cidade é um grande sistema de inter-relações pessoais que cria outros tantos sistemas de solidariedade, se apropriando de um lugar no espaço para subsistir.

Delimitar uma área exclusiva do espaço para análise e ensaio é um raciocínio adotado, porém sabe-se que abrange um sistema maior. O lugar de estudo se concentra na Bacia do Córrego Mandaqui, localizada na zona norte de São Paulo, e abriga diversos bairros. A escolha do lugar para desenvolvimento do trabalho é fruto da minha perspectiva experiencial; minhas emoções e pensamentos estão a todo momento presentes. Neste lugar; vivo, percebo e sinto.

A Bacia é estudada a partir da produção sócio espacial e a relação cidade-água; este olhar a partir de uma bacia hidrográfica permite integrar dimensões culturais, sociais e ambientais.

Desenvolvimento:

O trabalho buscou discutir a relação cidade-água na bacia do córrego Mandaqui ao longo do tempo. Através do resgate da memória do lugar, pode-se compreender o contato das pessoas com a água antes e depois dos processos de ocupação da várzea.

O entendimento do lugar, por meio de estudos e da experiência própria, ensejou: implementar equipamentos, novos modais de transporte, direcionar o adensamento nas áreas próximas dos modais existentes e propostos, um novo sistema de espaços livres públicos, assim como resgatar os córregos de volta à paisagem. Tais propostas abrangem toda a bacia hidrográfica e para tratar com mais cuidado essas questões foram feitas algumas aproximações.

Junto ao sistema de espaços livres públicos propõe-se a criação de novos parques urbanos, que tem a função de fomentar o uso do espaço público coletivo público e aumentar a relação das águas na vida dos habitantes. Buscou-se refletir diferentes situações urbanas procurando integrar as diretrizes gerais e requalificar a paisagem nestas áreas. O resgate dos rios e córregos para o conjunto da sociedade está relacionada com o direito à cidade: lazer, transporte e moradia.

Trabalho disponível em: http://issuu.com/anelisebertoliniguarnieri/docs/tfg__anelise_bertolini_guarnieri_fi

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