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secao 4!

CENTROS DE CONSUMO DA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

Artur Kim Shum

Helena Ayoub

A cidade de São Paulo, como centro da região metropolitana organiza diariamente fluxos de pessoas que fazem compras nas variadas tipologias de comércio. A malha metroviária, as vias de automóveis e as linhas de ônibus transportam esses consumidores, fazendo o percurso casa-trabalho-comércio-casa.

Na capital paulistana a atividade comercial acontece desde da pequena escala - comércio de rua que se utiliza dos maiores fluxos da cidade para vender produtos de rápido consumo -, até a grande escala - grandes centros, como os shoppings, que atraem consumidores de todas as partes da cidade.

Os programas da metrópole estão sendo hoje pensados e gerenciados como shoppings, na essncia do consumo. Os museus, aeroportos e universidades se apoiam em lojas de souvernirs, no restaurante e na loja virtual para expandir seu capital.

No aeroporto a rentabilidade está ligada ao número de lojas que alugam e não apenas ao número de passageiros que por ali circulam diariamente. Na universidade, a mensalidade cobrada dos alunos é também cobrada nas lojas da praa de alimentação. E no museu, a loja e o restaurante auxiliam no oramento mensal. Os shoppings instalados dentro da malha urbana concorrem com o comércio local e causam congestionamentos devido ao viário incompatível com a densidade dos frequentadores.

A globalização da sociedade de consumo e a comunicação acelerada resultam em uma volatilidade das metrópoles, com renova›es das estruturadas defasadas e a rápida apropriação de novas tendncias urbanas elas se tornam genéricas dentro do contexto global.

Frente a uma crise dos programas e usos da cidade, o capitalismo contemporâneo impulsiona o desenvolvimento todos os locais como shoppings, e onde não atua, deixa ruínas. A permissividade das políticas liberais e a ausncia do projeto para o desenvolvimento urbano resulta em uma cidade desequilibrada, com ausncia de espaços públicos qualificados frente a um monopólio dos interesses privados.

A cidade de São Paulo vive há anos uma crise de espaços públicos, por falta de novos projetos e manutenão dos existentes. Os espaços comeam a se definhar frente as novidades das realidades dos shoppings. Assim, eventos opão das pessoas para dentro desse empreendimentos tornam-se frequentes durante os finais de semana da cidade.

Em uma reportagem do jornal Folha de São Paulo foi afirmado que 70% (outurbo/2013) dos paulistanos frequentam os shoppings nos finais de semana. E mesmo sabendo dos problemas metodológicos desse tipo de pesquisa, presenciamos shoppings e academias lotados enquanto praas locais e as caladas vazias. Talvez um modismo, uma falta de segurana, uma falta de qualificação dos espaços públics? Talvez estejamos perdendo o senso de coletivo e público para tornarmos cidadãos com vidas intramuros reféns do ar-condicionados dos shoppings e carros?

A metrópole contemporânea é constituída por pessoas e suas histórias, as quais são derivadas dos símbolos urbanos e rela›es sociais construídas dentro dos espaços da cidade. A significância dos elementos urbanos transcende a funcionalidade da arquitetura e a temporalidade dos edifícios. A cidade de São Paulo é construída a partir de uma lógica de fragmentação do espaço. Os usos da cidade em seus espaços intramuros e controlados por uma administração privada faz do shopping o maior representante da ideologia espacial existente. Presentes em várias metrópoles, o Shopping Center desenvolve uma lógica segregadora na realidade paulistana. Os espaços devem ser um reflexo da vontades de quem os idealiza, e consequentemente aceitados ou negados por quem os utiliza. Os shoppings são amplamente consumidos, ou seja, aceitados pelos frequentadores. Uma apropriação do espaço e consequentemente da ideologia empregada dentro dele.

A discussão sobre o ambiente privado do shopping em concorrncia ao público vai além da ausncia ou qualidade de cada projeto, está no campo ideológico de quem os produz e quem os consome. E enquanto isso os shoppings vão crescendo e o frequentadores trocando as nossas praas pelos corredores dos espaços de consumo e lazer.

O estudo desenvolvido neste trabalho traz reflex›es sobre os espaços de consumo dentro da cidade como objeto organizador da metrópole. A estruturação dessas novas centralidades é somada a crise do espaço público, onde o Shopping se coloca como a alternativa ao espaço público. A reflexão critica sobre o lazer intramuros desenvolvida no trabalho é seguida de uma contraproposta projetual ao Shopping Metro Tucuruvi, localizado na zona norte de Sao Paulo.

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CROQUI. SHOPPING METRO TUCURUVI

 

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