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secao 4!

O Parque da Zona Leste.

Análise urbana da APA do Carmo e seu entorno.

Beatriz Francisco Martins da Silva

Marta Dora Grostein

A Área de Proteção Ambiental Parque e Fazenda do Carmo é uma região com remanescentes da mata atlântica, inserida na mancha urbana da capital do estado de São Paulo. É uma das poucas regiões da metrópole paulistana com extensa área verde, situada na Zona Leste da cidade, presenciou o rápido crescimento urbano de seu entorno e convive atualmente com os conflitos gerados por este processo. Utilizando os processos sociais e territoriais da conformação do espaço, a partir de uma análise urbana que buscou abranger as características geográficas, a evolução urbana-ambiental e o processo de urbanização corrente na região, o presente trabalho pretende traçar diretrizes de ocupação que visem à harmonia entre a pressão do crescimento urbano e a pressão da preservação ambiental. Portanto, o objeto de estudo pode ser divido didaticamente em dois temas, o ambiental e o urbano, caracterizando essencialmente um único tema que é a cidade.

Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, a declaração de um espaço territorial como Área de Proteção Ambiental (APA) se insere como Unidade de Conservação. ”APA constitui em um instrumento de gestão ambiental de um espaço onde podem coexistir áreas de interesse para a preservação e atividades socioeconômicas urbanas e rurais, desde que compatíveis com as diretrizes ambientais”. E tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. As “APAs” são, portanto, territórios com especificidades ambientais essencialmente locadas em território urbano, devido ao seu grau de ocupação humana e suas necessidades especiais de tratamento, visam disciplinar o processo de ocupação e assegurar a proteção e a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Através do desenvolvimento da lógica de ocupação da periferia de São Paulo, utilizando como foco a dinâmica de expansão urbana ocorrida na entorno do APA do Carmo, o objetivo foi avaliar a crescente valorização da região com os novos processos de crescimento e prever o impactos dessa transformação na zona leste da cidade. O tema principal deste trabalho é também, portanto, as relações sociais e ambientais na cidade e como acontecem neste espaço físico especificamente. Partindo deste ponto o trabalho foi se desenvolvendo para chegar num recorte de leitura: observar e compreender o espaço urbano através da relação entre morador e espaço público, compreendendo a produção desse espaço público como processo social na cidade de São Paulo. O desenvolvimento da pesquisa ocorreu, em torno do conceito de vida cotidiana, espaço público, e poder público. Durante seu desenvolvimento percebeu-se que o conceito de espaço público poderia ser compreendido e analisado por duas diferentes esferas, em sua esfera política, como espaço democrático de exercício da cidadania, e em sua esfera do uso público, da convivência, da apropriação diária. Observando assim o ponto que revela a cidade ideal, e a qualidade na vida urbana.

Os questionamentos que guiaram a gênese do tema de pesquisa buscam interagir as influências características da APA e seu entorno urbano. A indagação inicial foi tentar entender, o quão decisivo foi a APA para caracterizar seu limite urbano? E o contrário, quanto foi determinante o crescimento urbano da capital para os limites da APA? Analisando seu histórico, os processos existentes e os que estão fase de estudo com prospecção de implantação. O objetivo foi propor melhorias para a APA, seu entorno e avaliar os impactos que trarão para a região. Devido ao histórico de urbanização da região e do município, a ocupação urbana no entorno da APA é diversa, existem ocupações em situação irregular, indústrias, chácaras, residências de alto padrão, entre outros usos. É uma região com extremo potencial de crescimento, frente a visível demanda da capital, na qual a especulação imobiliária avança seus interesses para a verticalização do entorno, oferecendo como atrativo a qualidade urbanística que a APA oferece, hipoteticamente.

A partir da perspectiva do espaço em constante transformação, as questões que surgiram com o estudo estão inseridas no contexto da problemática ambiental urbana. O convívio entre a cidade e a área de proteção ambiental pode não ser um conflito espacial e sim um colaborador em potencial para a qualidade de vida dos habitantes na cidade de São Paulo. Utilizando essa premissa, serão tratadas algumas diretrizes urbanísticas que permitam que o crescimento urbano na região, principalmente a verticalização, seja realizado de forma qualificada. O produto final foi um traçado de parâmetros para alcançar uma qualidade urbana na região, transportes, espaços livres, serviços e educação estarão no escopo a fim de induzir melhorias como um todo, permitindo uma cidade mais democrática e menos conflituosa.

Considerando a área de estudo escolhida, a abordagem histórica se fez necessária para compreender o contexto atual e as escolhas para futuras intervenções, não só por ser uma área de proteção especial, mas por apresentar um potencial de transformação do espaço que qualifique as relações dos moradores da região com a metrópole. Neste sentido foi importante abordar os aspectos que permearam a produção do espaço urbano da região, identificando em qual contexto têm sido trabalhadas questões ambientais, qualidade de vida, espaços de lazer... Para tanto se buscou identificar, no contexto atual, o que é a cidade que produzimos, efetivamente, seja informalmente, seja pelo poder público. A Área de Proteção Ambiental Parque e Fazenda do Carmo se impõe como uma cicatriz verde frente a mancha urbana e deve conquistar seu devido valor urbanístico, a fim de ser um agente fundamental para a qualidade de vida para o morador da zona leste de São Paulo.

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