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secao 4!

o neues bauen e a habitação social

bruna limoli silva

renato cymbalista

O tema do trabalho surgiu da combinação do meu interesse pela arquitetura do Neues Bauen com a constatação da escassez de literatura relacionada ao tema disponível no Brasil¹, que é praticamente limitada à Bauhaus. Embora o movimento tenha abrangido a arquitetura e o urbanismo de um modo geral (habitacional, industrial, comercial, institucional etc.), o meu foco neste TFG foi a habitação social, realizada através da atividade de cooperativas de construção e políticas governamentais, sobretudo na década de 20. Trata-se de um fato até então inédito na história da habitação na Alemanha, em que a produção de moradia era exclusiva ao setor privado.

O déficit habitacional, que, em função do crescimento desordenado das cidades a partir da metade do século XIX, já era grande, torna-se ainda maior no pós-guerra e caracteriza uma situação de emergência, que é, certamente, um dos fatores que levam a uma intervenção do Estado na produção de habitação e que contribuem para a procura de novas e mais eficientes maneiras de se produzir arquitetura. Entretando, a busca por uma nova arquitetura, que correspondesse ao novo modo de vida na sociedade do início do século XX é anterior à guerra e, obviamente, não se restringia à Alemanha. Tal busca era tão forte lá quanto na Holanda ou na França por exemplo. Porém, a politização do debate arquitetônico é o que chama atenção no caso alemão: durante os anos da República de Weimar (1919 - 1933), devido sobretudo ao "patrocínio" por parte do Estado à produção de habitação social de acordo com uma nova arquitetura, associada à ideia de uma nova era, o "novo estilo" ganhou considerável destaque na imprensa, envolvendo a sociedade nesse debate.

Um outro fator que me chamou a atenção para os conjuntos habitacionais produzidos durante o Neues Bauen foi a integração de diversas escalas de projeto, que abrange desde a escala do município até a do mobiliário. As equipes responsáveis por esses projetos tratavam tanto do desenho urbano do conjunto, quanto dos edifícios e unidades, além de equipamentos (lavanderias, creches, comércio etc.). Frequentemente, também propunham e projetavam um novo mobiliário, adequado aos novos padrões de moradia. Tal unidade de projeto mostra como a nova arquitetura de fato adequava-se às novas necessidades, bem como propõe uma nova maneira de habitar.

Os produtos do TFG

A ideia de uma exposição surgiu mais como um meio do que como um fim, embora ela seja o principal produto do TFG. O meu foco esteve em seu conteúdo e não em sua organização (linguagem visual, montagem etc.). Isso não significa que não houve um trabalho em relação aos aspectos formais e práticos; pelo contrário: experimentei diversos formatos de cartazes e estruturas de apresentação, sempre buscando uma liguagem que fosse o mais clara e simples possível. Um dos maiores dilemas foi a quantidade de informações que eu tinha juntado e, ao mesmo tempo, a impossibilidade de colocar textos muito longos, uma vez que a maioria das pessoas não os lê. Tentei, então, traduzir esses dados visualmente sempre que possível. O principal motivo para realizar uma exposição foi a vontade de trazer esse tema para a FAU² , tanto pela sua importância, quanto pela quase inexistente literatura no Brasil. Além disso, ter desenvolvido no TFG um tema que comecei a pesquisar durante o intercâmbio, parcialmente financiado por uma bolsa de estudos da USP, foi uma forma de retribuir esse investimento e poder trazer algo novo (o tema é antigo, mas, reiterando, praticamente não há material a respeito no Brasil).

Composta por 26 cartazes A2, a exposição divide-se em duas partes principais: a primeira apresenta um panorama do Neues Bauen e o contexto em que o movimento se desenvolveu, buscando mostrar as várias situações em que ele se expressou e também como o estilo foi consolidado, analisando o papel que a Bauhaus e outros experimentos desempenharam. A segunda e mais importante parte trata de estudos de caso e subdivide-se em três: 6 conjuntos habitacionais em Berlim (Falkenberg, Schillerpark, Hufeisensiedlung, Weiße Stadt, Siemensstadt e Carl Legien) e 3 em Frankfurt (Praunheim, Römerstadt e Westhausen). Todos eles seguem uma mesma lógica: no primeiro cartaz, apresenta-se, em primeiro lugar, um pequeno texto sobre o projeto, além de mapas e fotos mostrando a inserção dos conjuntos na cidade e no bairro. Em segundo lugar, mostra-se a implantação dos conjuntos em si, na qual estão destacadas diversas informações, tais como os equipamentos projetados, as fases de construção, os arquitetos envolvidos, o modo construtivo, etc., e indicados os pontos em que tirei as fotos, de modo que o espectador possa fazer um "passeio imaginário" por esses conjuntos. Tais fotos estão no segundo cartaz, ao lado das quais busquei colocar alguns exemplos de tipologias (também indicadas na implantação).

A confeccção dos cartazes desta parte demandou basicamente: 1. definir uma lógica visual e também de conteúdo aplicável a todos os conjuntos; 2. traduzir informações visualmente, sobretudo na implantação de cada um dos conjuntos (indicações); 3. selecionar fotos e desenhos, de modo a mostrar o que é relevante em cada conjunto; 4. redesenhar todas as plantas e cortes selecionados, uma vez que foram ou escaneadas de livros antigos (em sua maioria) ou encontradas em arquivos digitais (desenhos originais escaneados); 5. reconstruir todos os percursos realizados in loco a fim de organizar a leitura. Além da exposição em si, foi construído um website como uma forma de expansão do conteúdo, podendo ser acessado tanto pelo link indicado nos cartazes tanto por códigos QR.

  1. 1. a maior parte do material de pesquisa (tanto fotos quanto livros) foi coletada na Alemanha, durante o meu intercâmbio com a Universidade de Stuttgart, entre 2012 e 2013, e durante uma viagem de estudos entre os meses de janeiro e marçode 2014.
  2. 2. a ideia inicial era de realizar a exposição no piso do museu da FAUUSP, porém, devido à situação do edifício durante a reforma, a exposição foi transferida para a FAU Maranhão (18/06/2014 - 27/06/2014). Porém, há a intenção de trazer essa exposição para a FAU, quando o prédio oferecer condições para tal.

Trabalho disponível em: http://issuu.com/brunalimoli/docs/o_neues_bauen_e_a_habita____o_socia
Website em: http://brunalimoli.wix.com/neuesbauen

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