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secao 4!

ROLÂNDIA: MEMÓRIA E PROJETO –

Intervenção na Área Central

ELISA HADDAD DE OLIVEIRA

Helena Ayoub Silva

O trabalho proposto consiste na requalificação de parte da área central do município de Rolândia, que se situa no Norte do Paraná, a 30 km de Londrina. Abrange a área da antiga estação ferroviária, hoje abandonada, e os armazéns próximos a ela, ainda em uso. Essa região caracteriza-se por ser a antiga entrada da cidade, uma vez que o trem de passageiros chegava ali e pela presença próxima da rodoviária intermunicipal. Também é a região do marco zero da cidade e onde surgiram as primeiras construções, como os hotéis em madeira que abrigavam por algum tempo os pioneiros que vinham para essa nova terra.

Hoje, essa área constitui principalmente uma área de passagem por conta da presença da linha de carga e pela BR369 que, juntamente com a ferrovia, configuram uma barreira dupla ao desenvolvimento urbano. Apesar de não ser tão perceptível, o desenvolvimento da cidade de um dos lados da ferrovia é muito maior do que o do outro. É notável a concentração de equipamentos educacionais e culturais de um desses lados e na ausência destes do outro.

Para tentar suavizar essa diferença com uma intervenção arquitetônica foi necessário estudar o Plano Diretor do município para realizar um diagnóstico urbano. Outro documento pesquisado foi o Estudo de Viabilidade para implantação do trem de passageiros entre Londrina-Maringá, o qual Rolândia se insere. Este estudo foi desenvolvido por um laboratório da UFSC a pedido do Ministério de Transportes, pois o trecho Londrina-Maringá foi escolhido pelo governo federal como potencial de receber uma linha moderna de trem de passageiros. Esse estudo realizou: o levantamento físico da linha de carga atual, o dimensionamento do trânsito de pessoas como potenciais usuários dessa nova linha, orçamento, detalhes técnicos e propostas de projeto.

Como referências de proposta, aponta o desvio ferroviário da linha de carga proposta pela prefeitura de Apucarana, município próximo de Rolândia. Constitui uma medida de longo prazo, mas que reduz totalmente a interferência da linha de carga que atravessa o centro da cidade. Com isso em mente, a proposta deste trabalho em uma escala urbana é o desvio ferroviário da linha de carga e um desvio rodoviário da BR369. Com esse desvio, os armazéns hoje no centro da cidade seriam relocados para uma área mais afastada, resolvendo, assim, a circulação de caminhões em área urbana. Com isso também há a liberação dos espaços dos armazéns da área central para um novo uso.

O novo uso proposto deveria ter um caráter cultural e esportivo, pois é mais difícil reabilitar armazéns com uso habitacional. Além disso, essa região apresenta maior potencial para equipamentos já que está situado próximo à rodoviária e ao centro da cidade. Para iniciar o projeto, foi tomada como referência a obra e teoria do escritório Brasil Arquitetura, pois este escritório possui amplo repertório e portfólio de edificações de uso cultural. No livro Arquitetura Conversável, de Marcelo Ferraz, foi possível apreender qual o olhar do arquiteto no momento de projetar. Nele, Ferraz discorre sobre sua trajetória e vivência com a arquiteta Lina Bo Bardi, a qual lhe despertou o olhar mais antropológico que hoje possui sobre projetos de arquitetura. As obras deste escritório refletem esse olhar, tais como o Museu do Pão em Ilópolis-RS, o Memorial de Imigração Japonesa em Registro-SP e o Museu Luis Gonzaga, em Recife-PE. Tratam-se de projetos em antigos edifícios de uso industrial que foram revertidos para equipamentos que falassem da cultural local. Por vezes há incrementos no programa de necessidades, de modo que o projeto não só readequa o edifício antigo, mas também constrói edificações novas. Como exemplo, tem-se a Escola de Confeiteiros e o Museu do Pão junto do antigo moinho restaurado.

Buscando esse olhar, foi necessário pesquisar a história do município e traços da cultura local. A tese do arquiteto Antonio Carlos Zani, de Londrina, detalha minuciosamente o repertório arquitetônico e construtivo desenvolvido na região na época da colonização cafeeira, utilizando como principal material a madeira. Porém, mesmo com esse belíssimo estudo, não foi suficiente para montar um programa de necessidade que refletisse localmente a cultura. Além disso, outros museus existentes no município já dão conta da realidade local. Por isso optou-se por criar um museu temático – o Museu do Café - à semelhança do Museu do Futebol ou do Museu da Língua Portuguesa, ambos em São Paulo. Junto do museu, também foi proposto o Espaço Elifas Andreato. Este último é um designer gráfico e ilustrador consagrado nacionalmente e que nasceu em Rolândia. Doou recentemente parte de seu acervo à municipalidade ao ser consagrado cidadão emérito.

Tanto esse Espaço como o museu, na proposta, ocupam os armazéns de estocagem. Já para o armazém graneleiro, que abastece os vagões de trem, propôs-se uma piscina, uma vez que tem área disponível suficiente e pelo fato deste armazém possuir uma parte escavada, reaproveitável como piscina. Além disso, há uma quadra de esportes relativamente perto deste armazém.

Para a antiga estação ferroviária, optou-se por sua demolição total e construção de uma nova estação de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), imaginando que o projeto do governo federal venha a ser implantado.

O partido do projeto buscou conectar os dois lados da ferrovia a partir da continuidade visual das ruas que foram cortadas pela linha de trem. Essa continuidade se dá através de vazios nas edificações propostas e no caminho de pedestre que atravessa a linha de VLT. Considerou-se a passagem em nível para pedestre como segura nesse tipo de modal, uma vez que a velocidade desse meio de transporte não é muito grande. Além disso, pode-se afirmar que o programa cultural ficou agrupado de um lado da linha enquanto o esportivo do outro. Já a estação de VLT permaneceu dos dois lados, unificando-os.

Como conclusão, acredita-se que esse projeto viria trazer grandes melhorias para o município. Contudo, é difícil saber se foi possível desenvolver o olhar antropológico proposto.

FICHA TÉCNICA:

Área do terreno: aprox. 50.412,00 m²
Área construída: 7.733,00 m²

Trabalho disponível em: http://issuu.com/elisa_haddad/docs/tfg_elisa_caderno

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