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secao 4!

Escola-Cidade, Cidade-Escola –

Projeto de uma escola experimental para a Cidade Tiradentes (SP)

Fernanda Ribeiro D’Angelo

Antonio Carlos Barossi

O presente trabalho busca propor um projeto arquitetônico escolar que tenha em seu ambiente desenvolvimento de uma linha pedagógica não tradicional.

     Encontrei no tema da arquitetura escolar uma fonte instigante de discussões sobre ensino, arquitetura, cidade e realidade. Encontrei muitos questionamentos e figuras excepcionais que dedicaram suas vidas ao tema da educação e que, de alguma forma, puderam me ajudar a encontrar caminhos para desenvolver o meu trabalho. São eles: Anísio Teixeira  (Caetité, 1900 - Rio de Janeiro, 1971), Darcy Ribeiro (Minas Gerais,1922- Brasília, 1997), Hélio Duarte (Rio de Janeiro, 1906 - São Paulo,1989), Rubem Alves (Minas Gerais,1933), José Pacheco (Portugal, 1951), John Dewey (Vermont, 1859 - 1952)  entre outros.

No plano da arquitetura foram estudados projetos de arquitetura que exploraram a relação entre espaço e diferentes formas de desenvolvimento do aprendizado, como por exemplo as Escolas em Delft, de Herman Hetzberger (Berlim,1932 -), as Escolas Platoon (Rio de Janeiro) e Escolas Classe Escolas Parque (Brasília), que tiveram como principais figuras Anísio Teixeira e Hélio Duarte e projetos ligados ao Parque Escolar (Portugal), onde escolas são adaptadas a novas linhas pedagógicas.

No plano pedagógico, foram pesquisadas linhas pedagógicas como as Escolas da Reggio Emilia, as Escolas Waldorf, Escolas Montessorianas e a Escola da Ponte, esta última servindo de inspiração para mudanças na linha pedagógica de duas escolas brasileiras: EMEF Desembargados Amorim Lima (São Paulo - SP) e o Projeto Âncora (Cotia - SP)

     Além do contato com a pedagogia através da literatura, foi interessante como vivência a visita que fiz aos dois exemplos de escolas inspiradas na Ponte (citados acima), onde pude ver em funcionamento uma linha pedagógica diferenciada e observar como ocorre o desenvolvimento dessa linha pedagógica nos espaços físicos da escola.

Como resultado final, é apresentado um projeto básico de arquitetura escolar, desenvolvido na região da Cidade Tiradentes, distrito da Zona Leste da cidade de São Paulo.

Memorial Descritivo do Projeto

Essencialmente o projeto organiza o programa da escola em volumes bem demarcados sobre uma cobertura que os torna parte de um único complexo. A intenção é que houvesse uma diferenciação visual entre os três pavimentos que compõe o edifício, e que os volumes que compõe o todo fossem dispostos de tal forma a permitir a visualização das dinâmicas que nele ocorrem por quem o observa externamente.

A relação com o entorno se dá através de praças que fazem a transição entre o parque adjacente e o ambiente escolar. Essas praças são dispostas nas pontas do eixo longitudinal de circulação que se desenvolve internamente ao projeto, de forma a se configurarem como espaços complementares ao programa escolar.

A estrutura do edifício foi pensada em pilares de concreto armado com lajes nervuradas, de forma a permitir maior flexibilidade dos espaços com a vedação independente da estrutura. Basicamente são 4 fileiras de pilares em concreto armado, com vãos de 7,5 m nos dois sentidos. No último pavimento, as fileiras das duas fachadas são eliminadas e a cobertura metálica fica em balanço, tendo abaixo dela os volumes que configuram os salões de estudos.

Já o volume do auditório é composto por paredes estruturais laterais, suspensa por pilares de concreto armado e com cobertura no mesmo material. O vão maior é de 22.5 m.

As paredes coloridas são em bloco de concreto de vedação, e são utilizadas para dar movimento e destaque ao primeiro pavimento que avança dois metros em relação aos pilares das fachadas, além de determinar as aberturas que farão o contato visual dos ambientes internos com o exterior.

Internamente o programa se dispõe ao longo de um eixo longitudinal de circulação. No pavimento térreo concentra-se toda a parte administrativa, grêmio estudantil, além da parte refeitório e algumas áreas de apoio como vestiários e depósitos. Além disso, há também o acesso a biblioteca, que foi pensado de maneira independente da escola, e alguns espaços multifuncionais, compostos por divisórias circulares.

O pátio da escola é, de certa forma, uma continuação do parque que existe no entorno, porém, com acesso controlado. Ele se mantém linear, na mesma cota das praças, com exceção para a quadra poliesportiva, que é rebaixada. É nele que a interação com o parque e o córrego ocorre de forma mais explícita, através de um píer que avança sobre o corpo d’água. Nele também está presente uma tenda, ligada à caixa d’água, que pretende ser um local de reunião, brincadeiras, apresentações, entre outras atividades.

No primeiro pavimento ficam um conjunto de salas de aulas, laboratórios, e também o primeiro pavimento da biblioteca, ligada através de uma espécie de passarela com a área das salas. Os corredores foram pensados como um local onde podem ser expostos trabalhos dos alunos ou pode-se parar para observar as atividades que estão ocorrendo nas salas, ou seja, não é apenas um local de passagem e por isso possui uma largura mais generosa do que os corredores comuns.

No segundo e último pavimento, ficam o que chamo de salões de aula, que são amplos espaços de estudos, preferencialmente em grupo, e que podem ser organizados de diversas maneiras de acordo com a atividade realizada. Um outro ponto importante desse pavimento é o auditório, que busca ser um marco na paisagem local, pois ele, como quase todo o projeto, não foi pensado só para os usuários da escola, mas para a comunidade do entorno. Em seu patamar mais alto, um espaço aberto se torna um mirante para a paisagem, ideia que acaba se desenvolvendo em outros lugares do segundo pavimento. Na biblioteca, esse pavimento se desenrola também para um mezanino central, criando um novo espaço para estudo onde é possível ter maior concentração.

Ficha Técnica

Escola de Ensino Médio e Fundamental
Capacidade: 1000 alunos
Área construída: 10.578 m²
Material: Concreto armado e bloco de concreto;

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