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secao 4!

Plano Urbano Várzea da Barra Funda

João Miguel Alves de Moura e Silva

Klara Anna Maria Kaiser Mori

Um dos principais questionamentos que me acompanhou ao longo dos anos de formação profissional dizia respeito a o que seria a mediatriz entre o projeto de edificação e o planejamento. Apoiando-me em referenciais teóricos e em planos e projetos urbanos, tratei, então, este trabalho de graduação, como uma oportunidade para enfrentar o tema, por meio do desenvolvimento de um projeto urbano. Busquei elucidar a questão de fundo Indagando sobre precedências, preexistências, potencialidades, influências mútuas, ou superposições entre os referidos campos. E refletir sobre o compromisso entre diretrizes de intervenção abrangentes e capazes de introduzir o novo e o território concreto da cidade, com suas âncoras representadas pelos elementos significativos da paisagem urbana. No contexto econômico-social vigente, o aspecto teórico da questão diz respeito aos interesses presentes e às condições de atuação na cidade, nos agentes dessas transformações, e nas relações de força entre eles. Para enfrentá-la, apoiei-me em Deák, conforme procuro expor a seguir.

Como local da intervenção, escolhi o bairro da Várzea da Barra Funda, em São Paulo - o espaço entre as linhas de trem da CPTM e do Metrô, e a Marginal Tietê. A área tem seu interesse ligado a recentes diretrizes de adensamento populacional, mudanças de uso do solo, e à tensão entre poder público e mercado imobiliário. Suas perspectivas de transformação são cada vez mais debatidas publicamente. Em contrapartida, são frequentes, também, os empreendimentos privados que afetam a área, muitas vezes fugindo das diretrizes de desenvolvimento apontadas nos debates públicos.

Como referências para o projeto, utilizei um elenco relativamente amplo de trabalhos, desde matérias de concursos internacionais com temas e escalas compatíveis até o material mais recente e mais próximo, composto pelos planos diretores de São Paulo, e por um conjunto de planos de desenvolvimento específicos da região.

O trabalho consiste, portanto, na elaboração de um projeto urbano na área da Barra Funda, e na narração deste projeto, em busca de um melhor entendimento de sua própria feitura. Tensionado, de um lado, pela história de formação da região e pela atual feição da área, com que convivo, e cujas qualidades quero preservar, de outro, pelas demandas de transformação postas pela economia, e guiadas pela abrangência de políticas urbanas.

O processo deste trabalho pode ser resumido em um processo de idas e vindas. Desde o início do trabalho, tinha-se claramente um anseio de intervir no bairro em que resido, e esta área de intervenção delimitada primeiramente por uma apreensão pessoal da paisagem. Em seguida, ao se deparar com os vários planos, projetos para a região e projetos de contextos urbanos semelhantes ao redor do mundo, acabei por buscar explicitar minha visão a cerca das possibilidades que abrigariam a região.

Para mim era essencial que, em uma área próxima ao centro de São Paulo, composta por grandes terrenos, próximos de grandes infraestruturas de transporte, era essencial que se buscasse um modelo de ocupação diferente ao proposto pelo mercado imobiliário que atua na área, com seus condomínios clube que acabam com a vitalidade do espaço público. Assim houve questionamentos da forma que as diretrizes de intervenção poderiam ser estabelecidas. Em um primeiro momento se esta intervenção se daria em um projeto totalizante da região, ou se em vários projetos pontuais, os quais se irradiassem em seus em tornos.

Então, ao longo do processo busquei encontrar uma mediatriz entre estas duas operações. Para isto busquei entender como a área se contextualizava na metrópole e assim aliada a vivência, entender os importantes pontos para a dinâmica do bairro. Estabelecendo pontos de estruturação e de possibilidades de readequação nas preexistências. Assim elencando eixos e centralidades de ocupação, e por fim buscando responder a um ponto que me angustiava, a relação entre os novos edifícios que ocuparão a área e sua relação com a rua.

Para responder a esta angustia, foi necessário pensar primeiramente de maneira mais diagramática e genérica, do que se apoiar em uma problemática de cada lote ou rua da região. Assim para os diferentes eixos de estruturação do plano, pontuei a relação entre edifício e espaço público, e as possíveis requalificações que esses eixos poderão apresentar.

Dentro dessas relações entre edificação e rua, tentei sempre colocar os programas básicos e essenciais à estruturação urbana, a habitação, os espaços livres públicos, os equipamentos públicos e as infraestruturas. Assim sempre buscando uma relação mais plena e direta entre esses programas a fim de promover um tecido urbano mais amigável ao pedestre e que intensificasse os usos da rua e dos espaços livres públicos.

E por fim, que estes diferentes eixos e espaços de articulação dessem mais qualidade ao desenho do espaço urbano, sua fruição, e que também promovesse um desenho da paisagem mais claro e de melhor qualidade.

Fecho este trabalho de graduação com a tentativa de dar uma resposta pessoal, pelo que estudei e apreendi dos planos recentes para a região. Com o intuito de formar um conjunto de diretrizes, aliados as questões que encaro com a minha vivência do bairro. Desta maneira aproveito do espaço acadêmico para vê-los, revê-los e criticá-los, e por fim sintetizar essas diretrizes em uma nova proposta.

Uso da vivência que tenho tido nos últimos anos do bairro e busco entender suas peculiaridades, a fim de estruturar um plano o qual se atente ao lugar e suas preexistências como estruturadores deste novo panorama.

Assim tornei este trabalho uma tentativa de explicitar os elementos que passaram pela minha formação e articulam a visão urbanística até então apresentada. Na tentativa de desenhar espaços livres mais nitidamente articulados e que explicitassem relações entre plano urbano e os futuros projetos que se posicionarão na área. A partir disto busca-se dar diretrizes das possíveis relações e possíveis tratamentos urbanos que esses novos eixos e programas estabelecerão entre edifícios e espaços de circulação, sejam estes praças ou ruas.

Para isto usei de uma aproximação diagramática e conceitual dessas questões, ao invés de meios extremamente concretos de projetos urbanos e de estruturas viárias.

E como maneira crítica a como muitos concursos de arquitetura e urbanismo vem ocorrendo, evitei usar desenhos e representação muito rebuscados ou realistas, como maneira de uma imagem sedutora que sobrepõe à ideia como um todo. E me contive a desenhos sintéticos os quais esboçassem as ideias e diretrizes elencadas aqui até então.

Contudo, além de uma especulação de visão urbana, tomei este trabalho como uma especulação gráfica, crítica aos projetos correntes, e a forma que os planos urbanos ocorrem nos últimos anos, como uma possibilidade de atuação nas diversas brechas que arquitetos e urbanistas podem buscar a fim de possibilitar uma cidade mais humana com espaços mais propícios a sua apropriação.

Trabalho disponível em: http://issuu.com/joaomiguel/docs/tfg_final_para_gr__fica_jo__o_migue

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