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secao 4!

Residência Estudantil,

um diálogo entre o individual e o coletivo

Marcela Faria Gandara

Antonio Carlos Barossi

O tema do meu Trabalho Final de Graduação é o projeto de um edifício destinado à moradia estudantil em São Paulo, no bairro Sumaré, com foco nos aspectos ligados aos espaços comuns de convívio entre seus moradores e usuários, e nas relações sociais sugeridas a eles por esses espaços.

Um dos pontos cruciais que investiguei e que difere uma residência universitária dos demais projetos de moradia é o perfil característico de seu usuário: diferentemente de um núcleo familiar clássico, o morador estudante possui necessidades e hábitos diferenciados. Um dos principais pontos a ser levado em consideração é o aspecto de uma moradia temporária. Além disso, esse usuário tem grande flexibilidade, e suas necessidades são diferenciadas.

Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, pesquisei referências de outras moradias estudantis ao redor do mundo, desenvolvi um programa de necessidades, requisitos e premissas de projeto, que embasaram o desenho final do edifício e seus espaços.

Minha maior motivação para projetar uma residência estudantil foi minha experiência pessoal na área. Por durante um ano fiz intercâmbio pela FAU no Politecnico di Milano, em Milão, Itália. Lá, tive a oportunidade de habitar na moradia estudantil da faculdade e durante esse período a vivência naquele edifício me trouxe ideias, críticas e inspiração para o projeto que aqui proponho.

A minha própria experiência em uma residência estudantil me fez criar um olhar crítico, vendo os pontos positivos e principalmente as deficiências da residência em que morei, chamada Casa dello Studente Leonardo da Vinci. Foram, na realidade, principalmente as carências daquele edifício que motivam esse projeto.

O edifício é composto por subsolo, térreo com área comercial e mais sete pavimentos com unidades habitacionais e áreas de uso comum.

Existem duas tipologias de unidades habitacionais: individuais e duplas. Um sanitário é dividido a cada duas unidades habitacionais individuais. As unidades habitacionais duplas possuem sanitário próprio.

As unidades habitacionais são agrupadas em módulos, cada um com 4 unidades individuais e 2 unidades duplas, totalizando 8 moradores por módulo.

Todas as cozinhas são coletivas e dimensionadas de acordo com a quantidade de unidades habitacionais as quais servem. A lavanderia é coletiva e única para todos os moradores do edifício.

A mais importante das premissas do projeto é uma moradia estudantil que dê grande ênfase a espaços de uso comum entre seus moradores, espaços de incentivem o convívio e socialização. Por isso, prezar mais pelo espaço coletivo do que pelo espaço individual é um dos fundamentos desse projeto. A interação social entre os estudantes moradores é essencial também para que estes cresçam e acumulem experiências pessoais formadoras.

Portanto, um dos principais pilares de meu raciocínio foi estruturar o edifício entorno aos grandes protagonistas do projeto: os espaços de uso comum, de forma a criar um sistema entre esses espaços, que se interligam e se difundem por todo o edifício.

Dessa forma, as unidades habitacionais não se localizam em pavimentos separados dos espaços comuns: todos os sete pavimentos do edificação são diferentes entre si e misturam unidades habitacionais com espaços de uso comum, sugerindo uma dinâmica especial para o edifício.

Outra premissa para o projeto foi a configuração do pavimento térreo livre. Buscando trazer a vida urbana para o interior da quadra, as cotas de nível do pavimento térreo acompanham a inclinação da rua, prolongando a calçada para o interior do terreno, configurado em grandes degraus em diferentes cotas destinados ao livre uso e recreação dos transeuntes e usuários do prédio.

Outra estratégia importante é a destinação de espaços comerciais no térreo. Visando os próprios usuários da moradia e também o público externo, a sugestão é que nesses espaços sejam instalados bares, restaurantes e pequenos comércios de varejo, que trazem movimento à região.

Para tornar o comercio mais atrativo ao pedestre, fiz um alargamento coberto da calçada em direção ao interior da quadra nessa área. Além disso, outras premissas de projeto relacionadas à criação de um ambiente urbano mais acolhedor foi a arborização e regularização das calçadas que circundam o edifício, e o enterro da fiação elétrica.

Um dos eixos estruturadores do projeto são os espaços de uso comum entre os usuários do edifício, espaços que permitem e incentivam a socialização e convivência entre os moradores.

Devido à grande importância desses ambientes no projeto, estes espaços foram projetados de modo a criar um sistema estruturado e integrado em todos os pavimentos: não só é importante que eles existam, mas também que permeiem todas as partes do edifício e que se forme um sistema interligado entre eles.

As unidades habitacionais são agrupadas em “módulos” de 12,6 por 12,6 metros, formados por 4 unidades individuais e 2 unidades duplas, e esse conjunto de células habitacionais se unifica de modo a incorporar um nicho interno: um espaço de convívio de pequena escala destinado à integração daqueles moradores. Ao passo que esses “módulos” são colocados lado à lado, forma-se no pavimento um sistema composto por esses pequenos espaços de convívio, interligados pelo corredor de circulação. Em uma maior escala, estão os espaços de convívio mais amplos, como terraços e áreas livres. Fazem parte do sistema de espaços comuns todas áreas do projeto - incluindo áreas de circulação e cozinhas coletivas - exceto aquelas reservadas ao uso privado: as unidades habitacionais.

FICHA TÉCNICA:

Área total do terreno: 2024 m2
Área total construída: 6234,8 m2
Área útil construída: 5530,8 m2
Coeficiente de aproveitamento: 3,08
População total do edifício: 167 moradores

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