logofau
logocatfg
secao 4!

Tecnologias Construtivas de baixo impacto ambiental, alto valor social e cultural.

Casa das artes

Rainer Grassmann

Analia Amorim

O questão colocada por mim ao longo desse trabalho,é o estudo de tecnologias sustentáveis, empregadas em construções de baixo impacto ambiental, alto valor social e cultural. O estudo gira em torno da busca por soluções arquitetônicas estruturais que utilizem matéria prima local na construção, diminuindo os custos e impactos negativos. A busca por mão de obra de moradores locais e de futuros usuários da arquitetura é outro importante fator de uma construção socialmente consciente.

Essa tendência pela busca de novas técnicas construtivas que visa soluções projectuais ecologicamente corretas, por se apresentar em diversas partes do mundo possui distintas posturas. Polarizando essas posturas podemos entender um lado da corrente que se utiliza de tecnologia de ponta, baseada na máquina, supostamente capaz de solucionar os possíveis problemas ambientais. E no extremo oposto uma vertente que busca soluções mais simples e naturais, muitas vezes baseada em práticas arcaicas, se apoiando em soluções vernaculares.

Para abordar a questão também de um ponto de vista prático, foram imprescindíveis os estudos de casos compreendidos nessa pesquisa: o curso de taipa japonesa, e o canteiro escola da casa Suindara no assentamento nova São Carlos. Ambos promovidos pelo Grupo de pesquisa em Habitação e Sustentabilidade (HABIS) do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos, me deram uma base para melhor compreender os processos construtivos em suas diversas etapas práticas.

Para demonstrar o que seria uma construção atenta as questões mencionadas acima, tomei como objeto de pesquisa deste estudo, o projeto do centro de produção gráfica da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), que localiza-se no município de Guararema.

A demanda para sua construção parte de um interesse da escola em ter um lugar para produzir serigrafia e para abrigar equipamentos e objetos usados nas místicas, que são apresentações matinais.

O objetivo geral do estudo, é buscar soluções construtivas de baixo impacto ambiental, tomadas em conjunto com os trabalhadores, para que com suas própria mãos produzam tecnologias inteligentes, adaptadas ao local e às pessoas, gerando uma boa arquitetura, no que tange a qualidade formal, estrutural, plástica dos espaço construídos.

Nesse sentido desenvolvi um estudo que vai no intuito de explorar as capacidades de uma construção ambientalmente, socialmente e culturalmente sustentável, dentro da realidade econômica da escola. Embasado na pesquisa do TFG 1, concluí que para executar uma construção de baixo impacto ambiental, é interessante que estrutura seja feita com materiais locais, se possível de dentro da própria escola, ou dos arredores. Matéria prima bruta, mas que tratada e elaborada, se torna excelente material para construção.

Para tanto redigi algumas diretrizes que indicam materiais para cada parte da construção. Para as fundações imaginei que podem ser usadas pedras e areia do rio que corre as margens do terreno. Já para os pilares e paredes pode-se seguir a lógica construtiva dos outros edifícios, usando o solo do local, algum cimento, e a maquina de prensar os tijolos de solo cimento que ainda se encontra na escola. O teto, pode ser coberto com sapé ou telhas de barro, isso dependerá do que for mais viável. Sua estrutura no entanto deve ser leve e resistente. Para tanto pensei que em construir as tesouras do telhado com um material abundante no local, o bambu. O estudo analisa em sequencia os métodos correto de se colher e tratar colmos de bambu, dado que a cultura construtiva do bambu com uso estrutural ainda não existe no Brasil.

Após meses de tentavas de dialogo com os dirigentes da ENFF, sucessivos desencontros acabaram inviabilizando o desenvolvimento de um desenho fruto de um processo coletivo. Dado essa dificuldade, após desenvolver as diretrizes desenvolvi um desenhos de forma individual. Apesar dos diálogos constantes com companheiros e professores, o desenho desenvolvido não foi feito de uma maneira coletiva, como era minha intensão inicial. Ao apresentar meu projeto para a militância da escola, foi colocado que eles desejavam algo um pouco mais simples, que se mantivesse próximo à construção já existente, e que a utiliza-se como parte do projeto. Além disso, já existe um projeto de auditório para a ENFF feito por Oscar Niemeyer no espaço onde implantei o meu projeto.

A partir daí, a nova proposta passou a ser: utilizar a construção existente como espaço destinado a produção de serigrafia e construir em volta do existente novos espaços destinados a suprir as outras demandas. Com as definições claras, passamos a desenvolver de forma verdadeiramente coletiva esse novo projeto, voltado à construção que deve estar pronta no início de Setembro. Embora a forma final tenha mudado um tanto, diversas premissas se mantem. O uso do bambu para as tesouras do teto, paredes usando terra local e cobertura de sapê.

Trabalhando ao longo do semestre, pude perceber a dificuldade de se desenhar um projeto que tem desde seu início, uma natureza coletiva. Definida não pela cabeça do arquiteto, mas pela discussão e sobreposição de ideias a respeito da necessidade material da escola. Ideias diversas, de diferentes personalidades, mas que compõem um complexo conjunto de razões. Um projeto onde o constante redesenho nos guia em direção à um ideal mútuo.

Se por um lado esse redesenho aumenta o tempo de projeto, por outro ele acaba por desenvolver um projeto com um olhar muito mais abrangente. O projeto deixa de ter aquela visão distante e exclusiva, e até excludente, do arquiteto, e passa a ter o toque do camarada que vai executar a fundação, do parceiro que ajudará nas tesouras, o irmão do sapê...

Trabalho disponível em: http://issuu.com/rainergrassmann/docs/tfg_-_a_casa_das_artes

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo