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secao 4!

Imaginários Emergentes:

Práticas Urbanas Alternativas em São Paulo

RAíSA DRUMOND DE ABREU NEGRãO

JORGE BASSANI

Frente ao surgimento de uma rede de ações alternativas colaborativas com foco na produção de novas experiências sobre o espaço público que convidam os habitantes a se apropriarem de outros projetos de cidade, este trabalho analisa, sob essa perspectiva, a metrópole de São Paulo. Ativadas por coletivos de ação urbana, são iniciativas de baixo para cima que surgem a partir de determinadas situações locais, onde a disputa pelo espaço público se evidencia, se confronta e se sobrepõe às realidades existentes.

O caminho para o trabalho foi traçado a partir das partes qeu seguem.

Em SUBSTRATO / A dimensão da cidade, me aproximo da cidade contemporânea apontando sua dimensão social, as políticas locais de produção de espaços públicos, tratando de suas generalidades e problemáticas comuns a partir da leitura de autores importantes que balizam essa discussão atualmente.

Em CONTEXTO / Imaginários construídos, busco primeiramente uma reflexão histórica acerca de intervenções sobre o território urbano e a relação entre arte e cidade. Em seguida, me aproximo ao pensamento socioespacial chegando à discussão das territorialidades urbanas transformadas pelas pessoas que nelas atuam, numa tentativa de compreender a potências das ações sobre corpos e espaço.

No capítulo TEMPO / A euforia da cidade, justifico a escolha do tema de análise, os imaginários emergentes da cidade, frente a contemporaneidade de eventos no espaço urbano ativadas por grupos e coletivos. Apresento um panorama extraterritorial de intervenções urbanas, pessoas nas ruas, imagens, símbolos, ações.

Para LUGAR / São Paulo, apresento o território a partir de um olhar atual sobre os acontedimentos na metrópole paulistana, compreendendo ações e ventos relevantes, políticas de gestão urbana atuais, plataformas e pessoas.

Em PRÁTICAS/ Coletivos foco na prática de 3 coletivos atuantes na cidade – Basurama, Contrafilé e Muda_coletivo –, levanto suas experiências identificando seus alcances e recortes de atuação, para compreensão da importância de sua ação.

Concluo com respostas às questões iniciais, validando a importância dessa discussão em ANÁLISE / Evidências coletivas .

Sem pretensões de indentificar correlações exatas e quase como que em um flaneur por entre elas, olho para São Paulo, Barcelona, Belo Horizonte, Ciudad de México, Madrid, Nova York, Recife e deixo que esse olhar me conduzisse para a reflexão que aqui proponho como essencial: a revisão do apoderamento dos espaços públicos das cidades. Os eventos autônomos, as intervenções urbanas, a multidão que neles aparece são retratos dessa reflexão, e desse tempo-momento, que na maioria das vezes se consolidam em práticas que constroem e reconstroem os espaços da cidade.

O trabalho se desenvolve depois disso no sentido de compreender essa rede de intervenções urbanas colaborativas da cidade contemporânea, avaliar o porque de sua importância para a discussão dos espaços na cidade e perceber de que forma elas podem transformar as realidades sociais existentes onde elas acontecem. Toma-se como referência, em primeiro lugar, a lógica de surgimento dessas ações, os formatos como elas aparecem sobre o espaço e os coletivos e microatores envolvidos na sua proposição. Em seguida, foco na prática de três coletivos atuantes na cidade de São Paulo – Basurama, Contrafilé e Muda –, levantando suas experiências e identificando seus alcances e recortes para compreensão da importância de sua ação. Os fatos apresentados por eles nas conversas foram de essencial importância para compreender sua maneira de agir sobre o território e modos de questionar aspectos da vida urbana.

Nas ações propostas por cada um deles, fica evidente que a maneira como trabalham converge para um processo único entre si. Esse processo se configura em etapas de ação comuns que são essencialmente: refletir sobre determinada situação/tensão da cidade; evidenciar a tensão por meio de uma ação tática construída publicamente; e consolidar a ação com a ocupação do espaço urbano a fim gerar de novas experiências sensíveis e despertar consciência àquela tensão.

Em São Paulo, é provável que muitas intervenções artísticas na cidade se percam rapidamente em seus fluxos. Mas acredito que esse fato não impede de maneira alguma que os coletivos de ação urbana chamem a atenção para suas questões ao agir taticamente em situações de conflito. O que pude perceber é que a circulação se faz pesente, mesmo que de forma inicial, a partir da constatação de que uma rede de coletivos existe e se conhece entre si, como exposto neste trabalho. Essa existência garante a abertura de uma plataforma de dicussão em diversos níveis e contribui para a ideia de que os coletivos entendam que estão inseridos em um contexto mais amplo de ação sobre esse lugar comum com o qual podem partilhar e se apoiar entre si.

Em resumo, as práticas dos coletivos analisados, assim como as outras intervenções sobre o espaço público das cidades pontuadas no trabalho são acontecimentos urbanos que, enquanto fatos empíricos experimentais, partem da informalidade ou do efêmero para transformar as realidades e relações existentes.

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